Paris é uma festa (Scott Fitzgerald dixit). E bela, muito bela.
Contudo, o que mais me impressionou,
maravilhando-me, foi à
"meia-noite em Paris" poder andar sem medo pelas ruas ao lado de
velhos, jovens e crianças; comprar um vinho em uma quitanda com suas prateleiras
inclinadas expostas nas calçadas, repletas de frutas e verduras reluzentes;
conhecer um simpático migrante muçulmano em um típico restaurante turco. Tudo
em plena madrugada.
Paris nem precisaria de Champs-Élysées, da Torre Eiffel, do Arco do
Triunfo, do Louvre, de Notre-Dame. Bastaria suas ruas tranquilas com suas
quitandas e seus cafés, o Sena e Montmartre. Bastaria que sob a Cidade da Luz
jamais caísse treva alguma, e não corresse sangue pelas suas charmosas calçadas
e suas ruas calçadas de pedra.
Fiquei triste e abalado com mais esse atentado em Paris. No momento,
lembrei, imediatamente, uma canção que compus recentemente. A letra é um poema
de Geraldo Urano, que consta do seu livro Vaga-Lumes. No original, Geraldo não
fala em Paris, apesar de Paris ser recorrente em sua poética. Ele cita Detroit.
Mas intuitivamente troquei Detroit por Paris. A canção agora é, para mim,
emblemática. Por isso acrescentei um subtítulo - Balada para uma abalada Paris.
Um trocadilho bobo. Um clichê. Um pastiche. Mas é, para o momento, por demais
sintomático, e, pelo menos agora, necessário.
Precisamos, pois, cantar a paz. O mundo não precisa mais de Vietnãs,
dos mil Vietnãs pretendidos por Che, mas de mil Ilhas de Wight, mil Nashvilles,
mil Monterreys Pop, mil Woodstocks.
A LETRA
Me procure em seu coração
Este é o endereço mais próximo
Onde você pode me encontrar
Na sua cidade eu apenas nasci
E o mundo tem muitas cidades
Como o céu tem muitas estrelas
E como o vento estou sempre em movimento
Posso estar agora no planalto central
E logo mais em Paris
Por isso me procure em seu coração
Onde você pode me encontrar
A CANÇÃO
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