sábado, 29 de julho de 2017

"EMENDAS PARLAMENTARES" - José Nílton Mariano Saraiva


Anos atrás, aqui em Fortaleza, no decorrer de uma comemoração natalícia, tivemos a oportunidade de conhecer o (então) prefeito de uma paupérrima cidade do interior do Ceará, mais especificamente de uma urbe encravada na Região do Cariri. Na verdade, o dito-cujo já houvera chamado a atenção no momento em que estacionou e desembarcou de uma vistosa e potente Hilux, “tinindo de nova”.

Lá pras tantas, conversa vai conversa vem, as generosas doses de “scott” sorvidas conseguiram “destravar” a língua de Sua Excelência. E ele começou, exatamente, pelo “avião” (como ressaltou) em que desembarcara (a Hilux). Segundo narrou, acabara de receber de “presente” de um determinado Secretário de Estado em troca de um “favor” que lhe houvera prestado (vivenciávamos então o primeiro governo Tasso Jereissati). Adiante, numa outra fala, sem assombro discorreu que para ter acesso às tais “emendas parlamentares”, destinadas aos municípios pelos “nobres” (???) deputados federais, a condição sine qua non era que “pelo menos” 20% (vinte por cento) do valor ficasse retido com o próprio (evidentemente que não “detalhou” como se conseguia fechar a prestação de contas, a posteriori; no entanto, bem sabemos que nada que um banal sobrepreço não resolva).

A reflexão é só pra mostrar que de lá pra cá a coisa não mudou nada. Agora, por exemplo, em busca de manter-se no poder a qualquer custo, o golpista sem povo e sem voto (Michel Temer) avança tal qual um rolo compressor sobre os mafiosos deputados componentes da base do governo, e literalmente “compra” os seus votos a fim que consigam livrar-lhe da cassação do mandato, através da liberação generosa das tais “emendas parlamentares”. Que, repita-se, ao chegaram aos prefeitos interioranos (se chegarem), naturalmente terão passado por um processo de “poda” durante o percurso (de pelo menos 20%, lembremos). Isso tem um nome, Corrupção. “Ativa”, por parte do golpista sem povo e sem voto (Temer) e “Passiva”, por parte dos escroques parlamentares. Por onde anda o único juiz do Brasil que trata da corrupção, Sérgio Moro, que não intervém ???

A propósito, em mais de uma postagem, neste mesmo espaço, já há um certo tempo, afirmamos peremptoriamente que o exercício da atividade política no Brasil se houvera transformado num “rentável meio de vida” (e nada mais que isso), já que pelo menos 95% dos candidatos a atividade parlamentar, independentemente da agremiação a que estejam vinculados, adentram ao jogo político com o objetivo único e exclusivo de “se fazer”, “se arrumar na vida”, sem qualquer preocupação com a coletividade (assim, além do marombado salário, verbas de todo tipo lhes são destinadas, além da oportunidade de traficar influência em benefício próprio e por aí vai, desaguando no enriquecimento ilícito ora visto).

O absurdo é que o próprio Presidente da República, para se manter e à quadrilha que o assessora, no poder, se dê ao desplante de ficar ligando pessoalmente para parlamentares oferecendo-lhes uma grana alta que poderia ser destinada a fins mais nobres.

No mais, somente uma “reforma política” profunda e visceral, que contemplasse o extermínio das tais “emendas parlamentares”, bem como o fim do tal “fundo partidário” (dentre outras medidas), teria o condão de mudar o rumo do Brasil. Mas, para tanto, os próprios ladrões com assento no Congresso Nacional é que teriam de tomar tal iniciativa.

Alguém acredita nisso ???



Um comentário:


  1. Só pra ilustrar: Entre 2011 e 2013, mesmo com apenas dois deputados federais, o PRTB, fundado pelo espertalhão José Levy Fidelix da Cruz. recebeu, a título de Fundo Partidário, R$ 4.962.343,83.

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