sábado, 15 de setembro de 2018

LULA E SEU MAIOR DESAFIO - José Nilton Mariano Saraiva


Após mais de quatro anos de frenética atividade, quando se valeu inclusive de uma parafernália tecnológica digna de filmes hollywoodianos (grampeamento de telefones em larga escala, inclusive da Presidência da República) objetivando encontrar um suposto malfeito, o juiz de primeira instância Sérgio Moro   findou por condenar o ex-presidente Lula da Silva por um “ato de ofício indeterminado”.

Em português claro e cristalino: como não encontrou uma mísera e única prova capaz de sustentar um parecer minimamente verossímil e consistente sobre pelo menos algum resquício de crime que houvesse sido cometido pelo ex-presidente, o jeito foi admitir a “indeterminação”. E fazer uso de tal excrescência.
 
Não se estranhe, entretanto, que tudo isso haja sido chancelado in totum pelos parceiros de longa data do juiz Sérgio Moro, com assento no Tribunal Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, porquanto tornou-se “comum” que aquela corte aprove tudo que vem de Curitiba, mesmo antes de seus integrantes tomarem conhecimento do que lhes será apresentado (vide o depoimento do seu presidente, Desembargador Trompson Flores, quando asseverou ser “irrepreensível” a denúncia de Sérgio Moro contra Lula da Silva, sem sequer dela ter tomado conhecimento prévio, conforme comprovado a posteriori). E hoje todos sabemos, porque publicizada, que nas 81 páginas de referida denúncia não consta uma única prova contra o ex-presidente. Apenas convicções, meras convicções.

A bem da verdade, referido imbróglio poderia ser facilmente elucidado pelo  tal Supremo Tribunal Federal, se ao menos cumprisse seu papel de “guardião” da Constituição Federal; e, no entanto, o que vimos foi aquela Corte Maior se “apequenar” vergonhosamente e atuar como um dos partícipes ativo e desassombrado do “golpe” parlamentar-jurídico-midiático, a partir do instante em que se recusou a julgar o “mérito” do impeachment da honesta presidenta Dilma Rousseff (de onde se derivou tudo o que vemos  hoje).  

Fato é que, a partir daí a palavra de ordem foi inviabilizar, de qualquer maneira, a pretensão do ex-presidente Lula da Silva de concorrer nas eleições para Presidente da República. Nem que para tanto a Constituição Federal fosse rasgada diuturnamente, prazos fossem agilizados em desfavor do ex-presidente, processos não fossem conclusos, decisões fossem tomadas ao arrepio da lei e sentenças fossem firmadas com base em meras convicções e achismos de um juiz provinciano deslumbrado.

E assim, estupefatos, tomamos conhecimento da detenção do ex-presidente Lula da Silva, com poucos meses de antecedência da eleição presidencial, quando todos os institutos de pesquisa apontavam uma sua vitória esmagadora, provavelmente ainda no primeiro turno.

Como de nada adiantaram os recursos apresentados às diversas instâncias (e por essas repassadas ao Supremo Tribunal Federal para uma decisão final), e a “MÁ VONTADE” tornou-se explícita no sentido de que aquela Corte não iria permitir em hipótese alguma que concorresse, Lula da Silva compulsoriamente viu-se diante do seu maior desafio: mesmo preso numa “solitária” e proibido de se comunicar com seu povo, apontar um sucessor e recomendá-lo à militância, às diversas alas do PT e àqueles que  de uma ou outra forma sonham com a volta dos velhos e bons tempos, de quando ele governou o país.

Daí a responsabilidade do ungido, Fernando Haddad, intelectual paulista vinculado ao PT e que durante os governos Lula/Dilma prestou relevantes serviços à nação.

Hoje, céticos, tremendo de medo e/ou mesmo mal-intencionados, alguns segmentos da mídia tupiniquim se põem a questionar se Lula da Silva terá o carisma e poder suficiente para transferir ao seu escolhido o “oceano de votos” que as pesquisas lhes atribuíam no momento em que foi arrancado à fórceps (pelo Judiciário) da corrida presidencial, capaz até de leva-lo à vitória em primeiro turno (mais de 40%).

Sem dúvida uma tarefa hercúlea, dada a exiguidade de tempo (faltam apenas três semanas para a realização do pleito) daí não se ter dúvidas que para Lula da Silva a hora é essa: provar que, para a maioria do povo, HADDAD é LULA, LULA é HADDAD.

Para desespero do Ministério Público, Polícia Federal, Tribunais Superiores de uma maneira geral e, principalmente, Sérgio Moro e sua equipe de procuradores, adeptos de convicções, achismos e indeterminações.



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