terça-feira, 13 de novembro de 2018

RESSACA ELEITORAL - José Nilton Mariano Saraiva


O velho axioma nos ensina que a arrogância e a soberba não levam a lugar algum. Essa a principal lição que se poderia extrair ao final das eleições presidenciais recém-findas, com o chororô interminável e recorrente do senhor Ciro Gomes, pela terceira vez rejeitado pela maioria da população brasileira (obteve raquíticos 12,47% dos votos válidos, no primeiro turno, cerca de duas vezes e meia menos que o segundo colocado - 29,28%).

A propósito, não se deve olvidar que, lá atrás, muito lá atrás (conforme ele mesmo confirmou agora), fora convidado para figurar como vice na chapa que seria encabeçada pelo então líder das pesquisas, Lula da Silva, preso em Curitiba, mas recorrendo da sentença.

Mas, como já àquela altura era quase certo que a candidatura Lula da Silva seria inviabilizada pelo conluio imoral e desonesto do juiz Sérgio Moro, Supremo Tribunal Federal e alto comando das Forças Armadas (o próprio comandante do Exército confirmou agora que exerceu pressão sobre o Supremo Tribunal Federal para que não concedesse o habeas corpus a Lula da Silva), a tendência natural seria que Ciro Gomes assumisse a “cabeça-de-chapa”, contando com o apoio irrestrito de um “cabo eleitoral” do peso e porte de Lula da Silva (mamão com açúcar, faca na manteiga, mole mole).

Mas, aí falou mais alto a já conhecida arrogância e soberba de Ciro Gomes, ao imaginar que, como candidato de um partido de aluguel, PDT (como tantos outros pelos quais transitou) conseguiria fazer com que o PT abdicasse de seu passado  de luta e, por consequência, de  uma candidatura própria, para apoiá-lo, em nome de uma suposta “aliança das esquerdas”.

E aí, muito embora experiente e passado na casca-do-alho, Ciro Gomes literalmente pisou feio na bola. Afinal, o racional e lógico, naquela oportunidade, seria que subisse no “cavalo selado” que praticamente parou à sua porta pedindo pra ser montado e daí cavalgasse para o abraço (certamente teria feito cabelo, barba e bigode).

Como não o fez, o PT decidiu-se por Fernando Haddad, que com apenas ínfimos 20 dias de campanha (mas com o apoio de Lula da Silva) conseguiu passar tranquilamente para o segundo turno.

Assim, depois da mancada homérica, só restou a Ciro Gomes acenar para os políticos de quinta categoria do tal “centrão” e outros partidos pigmeus, que o renegaram, preferindo abraçar o insosso Alckmin (que também não ganhou nada com isso).

Fato é que, inexoravelmente derrotado (por erro de estratégia), Ciro Gomes praticamente ajudou, sim, a eleger Bolsonaro, ao se omitir no segundo turno e se mandar para férias na Europa, em plena efervescência do embate final.

Hoje, na ressaca da refrega eleitoral, matreiro e oportunista, e aproveitando o momento difícil da esquerda (como um todo), a “diversão-fúnebre” de Ciro Gomes é desancar do PT e de Lula da Silva, ao sugerir uma grande frente de esquerda já visando as eleições de 2022, evidentemente que com ele comandando e figurando como “cabeça-de-chapa”.

Proscrita desde já, uma possível candidatura do PT, por conta da repentina aversão do messiânico adepto do “bloco do eu sozinho” (Ciro Gomes). 

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