terça-feira, 16 de junho de 2020

CADÊ OS "TATUZÕES" DO CID GOMES ??? - José Nilton Mariano Saraiva


Quando o “agente público” se dispõe a contratar (a peso de ouro), uma grande construtora para a realização de obras estruturais de porte (hidroelétricas, rodovias, usinas, ferrovias, metrôs e por aí vai), implícita e explicitamente se pactua a responsabilidade da contratada em prover não só os recursos humanos necessários (peões e especialistas), mas, principalmente, todo o equipamento pesado e indispensável para a consecução do planejado. É assim (ou deveria ser) em todo lugar do mundo (aqui ou na China, na Rússia ou no Afeganistão): construtoras de nome e porte são proprietárias e/ou tratam de alugar toda a parafernália a ser usada em tais projetos.

Só que, no Estado do Ceará, quando da gestão de um dos megalomaníacos irmãos Ferreira Gomes, a coisa não funcionou bem assim. E a prova da irresponsabilidade nos foi dada ao tomarmos conhecimento da “herança maldita” deixada pelo ex-governador Cid Ferreira Gomes para o seu afilhado político e sucessor Camilo Santana: o “rico” Estado do Ceará  (é vero, senhores, acreditem, não estamos a delirar) “torrou” (ou doou, ou jogou fora) incríveis e exorbitantes R$ 135.000.000,00 (cento e trinta e cinco milhões de reais) com a compra de dois “tatuzões”, maquinário a ser utilizado (única e exclusivamente) na construção da linha leste do metrô de Fortaleza (já pensou, uma “comissãozinha” de inofensivos 3%, sobre o valor da obra ???).

Há que se levar em conta, a fim que tenhamos condição de imaginar a dimensão da verdadeira “insanidade” (só isso ???) perpetrada pelo então governador do Estado (engenheiro civil, embora nunca tenha projetado ou sequer erguido uma banal choupana de taipa) que, à época, além do “preço galático” de tão sofisticado equipamento, estranhamente “pequenos-grandes” detalhes foram “esquecidos” ou desconsiderados, a saber:

01) para manobrar/operacionalizar tais equipamentos, obrigatoriamente seriam contratados “técnicos especializados” e, consequentemente, hiper bem remunerados, onerando sobremaneira o já combalido orçamento estadual (comenta-se, inclusive, que no mercado interno não existe disponível tal profissional, tornando-se necessário buscá-los lá fora);  

02)  até a “vovozinha de Taubaté" sabe que o Estado do Ceará não tem a mínima condição de suprir a energia elétrica (e até a própria “voltagem”) a ser usada para acionar referidas máquinas, o que, em termos práticos, significa que o tal maquinário simplesmente não poderia sequer ser “plugado/ligado na tomada”; e, finalmente,

03) se algum dia, num futuro distante, tal equipamento tiver condição de ser utilizado, mesmo que por breve período, é perfeitamente factível questionar qual a destinação que lhe será dada “a posteriori”, na perspectiva de que Fortaleza não terá tão cedo condição (econômico-financeira) de comportar-construir linhas de metrô a torto e a direito.   
Assim, há de se questionar se tão esdrúxula decisão (comprar os “tatuzões”, ao invés de pagar a construtora pela sua utilização, como é praxe em qualquer lugar do mundo) não poderia ser enquadrado como um grave ato de “improbidade administrativa”, porquanto o uso leviano e perdulário do dinheiro público estaria caracterizado, sem se levar em conta vivermos num Estado onde recorrentemente grassa a fome e a sede.

Fato é que, face à inoportunidade, à desnecessidade e, principalmente, à deficitária (ou inexistente) relação “custo-benefício” implícita em sua aquisição, os onerosos e inoperantes “tatuzões” do Cid Gomes tenderão a se tornar, ao longo do tempo, símbolos frios, imóveis, silentes, desgastados e emblemáticos do descaso e desrespeito para com a sociedade e à seriedade.

Verdadeiros monumentos à insensatez e ao descaso, cadê os “tatuzões” do Cid Gomes ???



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