Como
ninguém é de ferro, em determinadas ocasiões o então Presidente
da República Lula da Silva reunia nos fins de semana alguns membros
do governo, na Granja do Torto (uma das residências oficiais do
Presidente da República), a fim de confraternizar e jogar conversa
fora.
Evidentemente,
predominava a informalidade (nada de agenda, assuntos sérios,
paletó, gravata e por aí vai), até porque o objetivo era esquecer
por algumas horas os grandes problemas da nação, a pressão
diuturna e... se reoxigenar para a batalha da semana seguinte.
Alguns
dos frequentadores, entretanto, intimamente miravam mais à frente,
porquanto já se falava abertamente, àquela altura, sobre a sucessão
presidencial, vez que Lula da Silva se achava impossibilitado de
concorrer mais uma vez (já houvera sido reeleito). E isso, claro,
mexia com o ego e a vaidade de uns, que sonhavam ostentar o
“passaporte” homologatório da candidatura sucessória das mãos
do todo-poderoso chefe.
Para
tentar viabilizar-se como tal (candidato indicado pelo presidente,
sim senhor), alguns fugiam do lugar-comum e adotavam a heterodoxia
plena, naturalmente partindo do pressuposto de que “não importam
os meios empregados, conquanto o objeto de desejo seja alcançado”
(nem que tivessem que se expor ao ridículo e à chacota de muitos,
no decurso da engenharia política afeta).
Um
dos frequentadores assíduos de tais noitadas, Ciro Gomes (um
megalomaníaco que se julgava uma espécie de “messias”) bolou um
jeito todo peculiar de se chegar ao chefe ainda mais e agradá-lo
mais que todos, na perspectiva de ser o escolhido: assim é que,
sabedor da preferência musical do chefe, deu um jeito de colocar no
“cardápio-noturno”, da Ganja do Torto, o “momento musical”;
e aí, em plena madrugada, do cerrado do planalto central ecoava a
sofrível voz do “seresteiro do planalto”, tanto melosa quanto
interesseira.
O
resto todo mundo já sabe: Lula da Silva não se deixou levar pela
“puxação-de-saco”, preferindo privilegiar a ministra Dilma
Rousseff para concorrer (com sucesso), à sua sucessão.
Cartas
postas à mesa, Ciro Gomes, preterido e sentindo-se injustiçado,
procurou as televisões para, em horário nobre, afirmar em alto e
bom som que entre a candidata escolhida por Lula da Silva e a de José
Serra (já então seu arqui-inimigo), este seria muito mais
preparado, porquanto, como ele, Ciro Gomes, já houvera sido
governador, ministro e tal, enquanto Dilma Roussef não tinha nenhum
atrativo em seu currículo.
Foi
então que, orientada pelo mentor (Lula da Silva), a candidata a
presidente ofereceu-lhe uma simples “coordenação de campanha”,
no Nordeste. Foi o suficiente e bastante para emudecê-lo de vez.
Tanto é que trocou de novo de posição: voltou com malas e bagagens
para a candidatura Dilma Rousseff.
A
pergunta, então, é: um cara desses, sem qualquer consistência
programático-ideológica, é confiável ???
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