quinta-feira, 11 de novembro de 2021

“COMER GENTE” - UMA NOVA (E CARA) MODALIDADE DE ATIVIDADE PARLAMENTAR ??? - José Nilton Mariano Saraiva


Quando, na fase crepuscular da década de 80, ancorado na então maior votação da história, Lula da Silva (o “Cara”) “esteve” Deputado Federal Constituinte, recusou-se, terminantemente, a concorrer à reeleição (mais que garantida e beneficiadora de outras candidaturas do partido) por entender que, salvo as exceções de praxe, aquela era uma casa usada e habitada por autênticos “picaretas” (chegou a quantificá-los modestamente em cerca de 300).

Semanas depois da manifestação de Lula da Silva, o então senador Cristóvão Buarque, um dos decanos da casa, num átimo de honestidade e desprendimento, ousou sugerir o fechamento do Congresso Nacional (Senado e Câmara) em razão da enxurrada de escândalos cabeludos recorrentemente patrocinados por seus (in)dignos pares; foi então que o estreante (hoje falecido) Deputado Clodovil Hernandez, chegou a aventar a possibilidade de reduzir pelo menos pela metade o número de parlamentares (na Câmara e no Senado), na perspectiva esdrúxula de, em assim agindo, diminuir os tais escândalos.

A verdade é que, legislando em causa própria, já que autores de “leis” que alfim só os beneficiam (e aprovadas a toque-de-caixa objetivando institucionalizar a imoralidade lá reinante), na podridão daquele ambiente a farra com o dinheiro público vigora de há muito.
Como esquecer, por exemplo, que a coisa tomou ares de escândalo quando se descobriu que um certo Deputado Federal (FF) do PMN/RN, nos fins de semana simplesmente patrocinava suas orgias sexuais em Brasília mandando vir de São Paulo uma determinada artista global e acompanhantes ???

Ou mais recentemente, quando o atual ocupante da Presidência da República, pressionado sobre qual a destinação que dava a uma determinada verba (irregular) que recebia quando ainda Deputado Federal, sarcasticamente anunciou em alto e bom som a existência de uma nova atividade parlamentar: “comer gente” (palavras do próprio).

Eis que agora, entre tantas e tantas mazelas já denunciadas, a “bola da vez” são as tais “emendas parlamentares”, sumidouro inesgotável e eterno do dinheiro público, em prol dos picaretas que por lá vicejam. E a coisa é tão imoral, que além das emendas parlamentares “individuais”, existem as emendas “de bancadas”, as emendas “de comissões” e, agora, as emendas do “relator” (presidente da Câmara, a fim que distribua com os colegas, ao seu bel prazer).

São bilhões de reais que certamente dariam para manter um “Bolsa Família” por um bom tempo, sem que fosse preciso sacrificar o povo, retirando-lhe direitos assegurados inclusive judicialmente (como os tais “precatórios”). Será que algum nobre congressista se habilita, num gesto de desprendimento pessoal, a desfraldar essa bandeira ???

Por essa e outras é que a cada dia somos induzidos a concordar em gênero, número e grau com o inigualável Charles Chaplin quando, ao referir-se aos políticos, foi contundente: “EU CONTINUO A SER UMA COISA SÓ: UM PALHAÇO. O QUE ME COLOCA EM NÍVEL MAIS ALTO QUE O DE QUALQUER POLÍTICO”.

Xeque-mate.

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