A “CONSPIRAÇÃO” PALACIANA (ou O “GOLPE FRUSTRADO”) – José Nílton Mariano Saraiva
Independentemente da localização geográfica ou origem,
em qualquer país do mundo sempre existirá aquela parcela da população que,
inculta e manobrável, se presta a servir como massa de manobra ou bucha de
canhão para mafiosos de escol, não importando qual serviço sujo tenha que
executar.
Foi o que aconteceu em Brasília depois da eleição
presidencial vencida por Lula da Silva, quando, insuflados e estimulados pelo
candidato derrotado (Bolsonaro) e contando com o apoio de conspiradores e
improdutivos generais de pijama, de par com empresários apátridas e mafiosos,
centenas de pessoas se postaram à frente do quartel do Exército clamando por
uma intervenção militar, visando subverter a vontade popular expressa nas urnas
(segundo o comando da Polícia Militar, de Brasília, o Exército impediu que tal
ajuntamento fosse desfeito).
No entanto, como Lula da Silva já houvera sido
diplomado e tomado posse sem que tivesse havido alguma intercorrência ou problemas
de qualquer ordem, pensou-se que, com o passar do tempo, tal clamor refluiria e
a vida voltaria ao normal (era só deixar o tempo passar).
E só então nos demos conta que tal ajuntamento de
pessoas na verdade era uma espécie de “cortina de fumaça” para a eclosão de
algo criminoso e impensável, gestado naquele “ninho de cobras”: é que, financiados
e mantidos, desde o princípio do movimento, por partidários do candidato
derrotado, centenas de ônibus lotados por gente de diversas regiões do país
chegam a Brasília, se juntam aos que já lá estavam a esperar e avançam sobre os
palácios representativos do Executivo (Presidência da República), Legislativo
(Congresso Nacional) e Judiciário (Supremo Tribunal Federal) e, ensandecidos e
apopléticos, promovem o maior quebra-quebra que se tem notícia na história do
Brasil, não deixando pedra sobre pedra (houve ordem expressa pra isso).
Ai, então, o mundo todo tomou conhecimento, ao vivo e a
cores, que a democracia brasileira estava sendo vítima de um complô de
proporções inimagináveis, visando desestabilizá-la, através da “tomada do
poder”, na marra, por parte dos militares (parecido com o que ocorrera meses
atrás nos Estados Unidos).
Coincidentemente, no dia anterior ao quebra-quebra, o
candidato que houvera sido derrotado e covardemente fugira do país (para os
Estados Unidos) para evitar ser preso (Bolsonaro), declarara a alguém da sua
intimidade que... “o melhor está por vir” (ou seja, o script elaborado pela
quadrilha estava sendo seguido e monitorado pari-passu, como planejado).
É crível se supor, pois, que como a massa ignara não
tinha competência ou conhecimento para isso (com todos os detalhes atinentes), toda
a logística tenha sido arquitetada e posta em prática pelos desocupados generais
conspiradores que davam sustentação ao governo anterior (tanto que, durante o
imbróglio, parte dos integrantes do Exército havia se confraternizado com os
“operativos-executores” do quase-golpe, inclusive mostrando-lhes o caminho a
seguir na perspectiva de uma saída emergencial).
A extensão e gravidade da situação se configurou ainda mais
realista e traumática quando, dia seguinte, durante uma ação de busca e
apreensão na casa do ex-ministro da Justiça do governo anterior, Anderson
Torres (também fugitivo e também nos Estados Unidos, junto ao ex-chefe), a
polícia encontrou uma minuta de um Decreto visando instaurar um tal “Estado de
Defesa” na sede do Tribunal Superior Eleitoral, com o objetivo de mudar o
resultado das eleições de 2022, com a consequente ascensão de Bolsonaro ao
poder (em tal documento, já impresso, faltava apenas a assinatura do mentor
intelectual – o próprio Bolsonaro).
Decretada sua prisão pelo ministro Alexandre de Moraes,
e na perspectiva de ser extraditado, Anderson Torres voltou ao Brasil e já se
acha encarcerado; a expectativa é que “abra o bico”, esclarecendo, por exemplo,
quem são os integrantes da ORCRIM (organização criminosa) que atentaram contra
o país.
Alfim, convém não esquecer que Bolsonaro já se acha
incurso em 05 (cinco) processos que tramitam no STF, aos cuidados do Ministro Alexandre
de Moraes.
Sua prisão e extradição serão solicitadas ??? A
conferir.
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POST SCRIPTUM:
Durante a ocorrência de tudo isso e numa prova
inconteste da falta de compromisso para com a nação, marginais pertencentes ao
citado grupo derrubaram quatro (04) torres de transmissão de energia elétrica
(no Paraná, São Paulo e em Rondônia); também tentaram parar algumas refinarias,
assim como interditar algumas das principais rodovias do país; além da tentativa
de explodir um caminhão de combustível no aeroporto internacional de Brasília.
Não custa lembrar, também, que a combativa vereadora
carioca Marielle Franco foi sumariamente executada (no trânsito), junto com o
seu motorista e o principal suspeito, o marginal Ronnie Lessa, era morador do
mesmo condomínio e vizinho do então Presidente da República (Bolsonaro); hoje
está preso e as investigações paradas. Por qual razão não reabri-las ???