O
“BRINDE INDESEJADO” – José Nilton Mariano Saraiva
Quando
chegou a Fortaleza, já lá se vão anos, a primeira loja da rede americana McDonald’s
se constituía em autêntico objeto de desejo de meio mundo de gente.
Na
cultura popular, adentrá-la e lá permanecer, mesmo que por alguns instantes,
era como que transpor a sonhada porta do céu (existe isso ???), já que não era
pra qualquer um; consumir seus produtos, então, era motivo de regozijo para os
que tinham tal privilégio e, certamente, objeto de conversas e mais conversas
ao longo dos dias seguintes.
Mas,
aí, em face de receptividade de uma solitária loja, que rendia um
transatlântico de grana, a rede cresceu os olhos e resolveu estender seus
tentáculos pra todas as direções; assim, hoje qualquer bairro de Fortaleza tem
uma McDonald’s estalando de nova, tal a agressividade mercadológica (até em
cidades do interior já se encontram).
Pois
foi exatamente na loja “pioneira”, instalada na borbulhante Av. Beira Mar, com
seus turistas e nativos em profusão, que anos atrás se deu um fato inusitado:
uma senhora, acompanhada do filho menor, que aniversariava, resolveu presenteá-lo
levando-o para “deglutir um sanduba” conhecido por “quarteirão”, na McDonald’s;
imenso, cheiroso e visualmente atraente, dizem que não há quem resista a um
“quarteirão”.
Pois bem, tudo ia nos “trinques”, com mãe
e filho se refestelando no consumo do “bichão” quando de repente, ela, mais
experiente, sentiu um gosto um tanto quanto esquisito na boca, já depois de ter
“botado pra dentro” metade do “quarteirão”; curiosa, aproximou a outra metade
do danado do sanduba do seu campo de visão e aí seu deu conta de que haviam
colocado um “brinde” dentro de um dos sandubas, talvez – quem sabe ? - para
homenagear o filho aniversariante: assim, uma imensa “voadora” (barata), já
pela metade, jazia inerte entre pão, queijo, hambúrguer, maionese, ovo, catchup
e por aí vai.
Ante aquela visão dantesca, o estômago de
pronto revirou de uma maneira tal que, na frente do filho apavorado, ela quase
bota os bofes pra fora, tal a intensidade do vômito (dizem que vomitava a
metros de distância). Dali mesmo foi levada de imediato pra um hospital
próximo, onde uma lavagem estomacal acabou por expelir a metade da barata “deglutida”.
Depois, já em casa, entendeu que o
constrangimento dela e do filho só podiam ser reparados com uma atitude mais
séria, via exercício da cidadania: entrou com uma ação na Justiça, que lhe deu
ganho de causa, de forma que a rede McDonald’s, a indenizou com R$ 15.000,00
(quinze mil reais).
Como lá no Crato já houve problema com o
“sushi” estragado do Mercadinho São Luiz, que levou um exército de consumidores
aos hospitais, a impressão que fica é que os franqueadores das respectivas
marcas não estão tendo o necessário cuidado em orientar quem prepara os
quarteirões e suchis da vida, daí a progressiva perda de qualidade e conceito da
mercadoria ofertada.
Apelar pra quem, pro argentino que se
tornou o Papa Chico ???
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