(fragmento da peça " A Terrivel Peleja de Zé de Matos...", de JFlávio Vieira, encenada pela Cia. Oca de Teatro, com mais de 30 apresentações nos palcos do Ceará, sucesso de público e crítica e que ainda não recebeu qualquer convite para apresentação do Teatro Municipal do Crato. Por que?)
Entra em cena, assombrado, o velho vaqueiro Mané Senhor, contando uma história complicada que tinha visto um bicho enorme na serra do Araripe e que por pouco não o comeu.
Mané Senhor:
Me acuda seu Zé de Mato,
Eu tava na serra do Crato,
Caçando lá uns tatu,
Quesado que Deus me deu !
Pois um bicho apareceu
E quase me come cru.
Um Bêbado :
Temos aqui dois artistas,
São uns dois especialistas,
E vão fazer um favor,
Quesado e Zé de Mato,
Que bicho foi que de fato
Quaje come o véi Senhor ?
Luiz Quesado :
O Véi Mane Sinhô [1]
Tava no mei do deserto,
Dormindo de cu aberto,
Chegou um bicho e entrou.
Saiu e depois voltou,
Ficando nele encerrado,
Esse bicho era pelado,
Chato, ocado e rombudo,
E tinha o pé cabeludo.
Zé de Matos :
O bicho não é de osso, 2
De carne também não é,
Não tem perna mais tem pé,
Não tem braço e tem pescoço,
Ora está fino ora grosso,
Tem capa mas anda nu,
Não tem rabo ele é suru,
Carrega os ovos num saco,
Em falta de outro buraco,
Ele se esconde no cu.
Luiz Dantas Quesado :
O bicho é feito de mola, [2]
E traja chapéu de couro,
Não come e vomita soro,
E tem a cabeça de sola.
Se alguém seu nome ignora,
Diz o Braz italiano,
Que passando em Pacatuba,
Viu alguém por lá chamando,
Este bicho de Manjuba.
Zé de Matos :
Vomita o que não engole, 2
Fica triste quando come,
Eu não sei dizer-lhe o nome,
Mas disse a veia Chica,
Se a capa for de pelica,
Formado por natureza,
Pode afirmar com certeza:
Que o nome do bicho é pica.
O Velho Mane Sinhô sai revoltado, sob os apupos gerais e finda a segunda estripulia.
[1] Oitava de autoria de Luiz Dantas Quesado, citada por Jurandyr Temóteo O Cômico, o satírico e o erótico na literatura do Cariri, de 1986.
[2] - Oitava do poeta Pio Carvalho, citada por Jurandyr Temóteo O Cômico, o satírico e o erótico na literatura do Cariri, de Jurandyr Temóteo- 1986.
Me acuda seu Zé de Mato,
Eu tava na serra do Crato,
Caçando lá uns tatu,
Quesado que Deus me deu !
Pois um bicho apareceu
E quase me come cru.
Um Bêbado :
Temos aqui dois artistas,
São uns dois especialistas,
E vão fazer um favor,
Quesado e Zé de Mato,
Que bicho foi que de fato
Quaje come o véi Senhor ?
Luiz Quesado :
O Véi Mane Sinhô [1]
Tava no mei do deserto,
Dormindo de cu aberto,
Chegou um bicho e entrou.
Saiu e depois voltou,
Ficando nele encerrado,
Esse bicho era pelado,
Chato, ocado e rombudo,
E tinha o pé cabeludo.
Zé de Matos :
O bicho não é de osso, 2
De carne também não é,
Não tem perna mais tem pé,
Não tem braço e tem pescoço,
Ora está fino ora grosso,
Tem capa mas anda nu,
Não tem rabo ele é suru,
Carrega os ovos num saco,
Em falta de outro buraco,
Ele se esconde no cu.
Luiz Dantas Quesado :
O bicho é feito de mola, [2]
E traja chapéu de couro,
Não come e vomita soro,
E tem a cabeça de sola.
Se alguém seu nome ignora,
Diz o Braz italiano,
Que passando em Pacatuba,
Viu alguém por lá chamando,
Este bicho de Manjuba.
Zé de Matos :
Vomita o que não engole, 2
Fica triste quando come,
Eu não sei dizer-lhe o nome,
Mas disse a veia Chica,
Se a capa for de pelica,
Formado por natureza,
Pode afirmar com certeza:
Que o nome do bicho é pica.
O Velho Mane Sinhô sai revoltado, sob os apupos gerais e finda a segunda estripulia.
[1] Oitava de autoria de Luiz Dantas Quesado, citada por Jurandyr Temóteo O Cômico, o satírico e o erótico na literatura do Cariri, de 1986.
[2] - Oitava do poeta Pio Carvalho, citada por Jurandyr Temóteo O Cômico, o satírico e o erótico na literatura do Cariri, de Jurandyr Temóteo- 1986.
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