segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Alguns objetivos do Cinema Americano


Antes de tudo. Como toda expressão de arte, o cinema americano produziu filmes que se destacam nos séculos XX e XXI. Analisando as entranhas da nação, adaptando grandes contos e romances, o cinema americano, pela força financeira e a estrutura internacional de distribuição, foi o mais destacado entre os países. Qualquer lista dos melhores das referidas épocas tem muito mais que a metade originária de Hollywood. Aliás, este centro se tornou referência de modelo de produção.
Agora aos objetivos. Um objetivo central do cinema americano é a propaganda do sistema capitalista, especialmente o papel relevante que a nação teve e tem no seu estágio mais avançado, o imperialismo. Embutido na propaganda do "American Way Of Life" ou na crítica contundente aos seus adversários no mundo como as ditaduras fascistas da Europa e a Guerra Fria contra a União Soviética. Diga-se de passagem, que o horror ao comunismo foi uma tônica permanente de seu cinema, enquanto a virulência contra o fascismo foi seletiva, especialmente quando estiveram em guerra contra o chamado eixo. Não foram poucas as produções simpáticas ao fascismo e contundentes contra os republicanos no caso Espanhol, a título de exemplo do que foi seletivo.
A propaganda na frente interna se destaca no cinema americano. Durante a primeira e a segunda guerra mundial, especialmente nesta última, o cinema virou peça clara, dirigida, recortada em linguagem de marketing político, em defesa do esforço de guerra. A massificação da propaganda passou por todos os estilos de cinema, do musical explicitamente ao cinema de época, como o cowboy e capa e espada, implicitamente. Outro fato dirigido à frente interna, mas com enorme repercussão na frente externa, foi o cinema que mitificou a fundação da nação. Uma verdadeira Odisséia, em vários capítulos foi sendo construída no cinema americano entre os séculos XX e o início deste XXI. O pioneiro livre, heróico, fundador de uma unidade de produção e da geração de renda. Lutando contra todos, ingleses, franceses, espanhóis, índios e, principalmente os mexicanos, este cinema glorifica a ocupação territorial da grande nação de Leste até o Oeste. Como sempre trazendo a modernidade através da máquina de ferro e do projétil de chumbo sobre os nativos. È o cinema, também, da glorificação da arma de fogo. Da arma que mata a distância e evita o contato corporal.
Poucos instrumentos de arte foram tão pedagógicos como o cinema americano. Foi um cinema para ensinar a fumar e a parar de fumar. Foi um cinema para enquadrar as mulheres trabalhadoras do esforço de guerra nos anos quarenta a voltarem para os lares nos anos cinqüenta. Foi o cinema que tentou, até quanto pode, defender o mundo interiorano, a família, a religião e a educação. Neste cinema se vêm discussões sobre hábitos e estilos de vida, sobre ameaças externas ao indivíduo. Como um cinema do American Way of Life, o indivíduo contra o mal, contra os poderosos que o ameaçam, contra organizações criminosas, o indivíduo como glória heróica de uma realidade sempre melhor.
No presente alguns símbolos temáticos se destacam. A necessidade de controlar o tempo, por exemplo. O cinema americano viaja no tempo, para frente e para trás, busca no passado e no futuro a cura para os males de hoje. Conte quantas histórias neste sentido você já assistiu nos últimos anos. Outro tema é o do trabalho. Fruto, talvez, do avanço do emprego nos anos 90 e início dos anos 10 do século XXI, o cinema americano destaca o trabalho. Quantas vezes não ouvimos a palavra JOB, dita no mais genuíno sotaque dos guetos, das gangues, a destacar o Job como uma necessidade transcendental mesmo que para assassinar e corromper alguma regra social. Outro tema, camuflado em estilos diferentes, é a carnificina, a mortandade ampla, geral e irrestrita. Com o desenvolvimento dos efeitos especiais a estética do sangue e da mutilação de corpos se multiplica em sensações, nojos e horrores. Irmã gêmea destes horrores, é uma espécie de cinema de pesadelo, com perseguições irracionais, um anônimo perseguidor e um certo perseguido, em carros, motocicletas, barcos, aviões, a pé, com tantos veículos quanto possíveis de perseguição. Mesmo quando os perseguidores e perseguidos são conhecidos a estética é a mesma. Enfim, o cinema americano, dos últimos anos, grosso modo, se despolitizou. Não consegue mais uma obra que analise nem as entranhas da nação e nem o seu papel exterior. Mesmo como no caso de um recente filme sobre a cidade de Juarez, sede das chamadas empresas maquiadoras que se instalaram na fronteira entre o México e o Estados Unidos, para aproveitar o NAFTA, o cinema americano se politiza. E esse é um tema essencialmente político. Com a finalidade de narrar a morte, por estupro, de jovens operárias das tais empresas maquiadoras, ele apenas passa pela periferia da precariedade das relações de trabalho, valoriza perseguição de automóveis em galpões desertos, os filtros de luz e cor da paisagem mexicana, as cenas longas e detalhadas do estupro. Enfim, não consegue abordar o mundo real e realizar a crítica do presente.

Um comentário:

  1. Seria de muito boa referência, aquele documentário do Discovery Channel, que mostra como os JUDEUS construíram o cinema Americano. Não me lembro mais o título dele, mas, revelações impressionantes!

    Abraços.

    ResponderExcluir