quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Cinema Paradiso



Imaginei-me num campo de florescência eterna
Os odores ondulando por todos os poros da existência
As cores tantas e diferentes como vontades do amanhecer

Pois pensei-me cheio de lembranças irremovíveis,
De saudades insuperáveis, verdades incrustadas,
Uma biblioteca dos tempos vividos por mim e pelos outros.

Agarrei-me aos tatos dúlcidos, a sabores emplumados,
Com as músicas absorvidas aos meus fluidos sudorais,
Tudo explicado como as cenas em 16 mm de um cinema de periferia.

No meu embornal cada pedaço dos momentos registrados,
Os canaviais incendiados dos finais inevitáveis da rota eternidade,
Lá na distância a lua cheia corroída pelos anúncios eclipsantes.

Mas foi tudo um sonho, imagem que se diluiu no solavanco da estrada,
Algo após suplantou os rastros deixados nos momentos esquecidos,
Uma nova carícia, sabor distinto, um pensamento emergente.

E as canções que julguei inigualáveis foram decantadas,
Um som lento rastejou o solo fértil dos dias atuais,
E me fez a guerra sobre a paz das saudades sepultadas.

A cada dia se juntam novos sons, ritmos diferentes, canções insuperáveis
Quando saudade é também tempo em andamento,
É adição de momentos sublimes a todo momento.

José do Vale Feitosa
Médico-Escritor
Autor de "PARACURU"

Um comentário:

  1. José do Vale Feitosa.Não furtou, herdou( o talento literário do pai: professor de Geografia e Português)! Ele fala de saudades...Delas também eu me queixo!Somos da mesma geração de alunos e professores.Claro que ele não lembra da menina com síndrome de "patinho feio".Mas eu lembro do mancebo, desfilando nas paradas de 7 de setembro, com farda de gala, e porte de rei!

    Te encontrar, deixa cheiro de saudade, no ar!

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