sábado, 11 de agosto de 2007

Viagem à Mauridérnia (A Ida)

Fevereiro de 1986.
Eu, Geraldo Urano e Jackeline, atendendo a um convite (endereçado a Geraldo Urano, diga-se de passagem) da Associação dos Universitários de Mauriti, esperávamos o ônibus na rodoviária de Juazeiro do Norte com destino àquela cidade, onde iríamos lançar o livro Vaga-Lumes, de Geraldo Urano, na Semana Universitária de Mauriti, naquele mesmo dia, à noite.
Enquanto esperávamos o tal ônibus, tomamos umas cervejas e começamos a escrever um poema coletivo, a seis mãos.
Geraldo deu o mote: Viagem à Mauridérnia. Esse seria o título do poema, relembrando o nome com o qual ele denominou Mauriti dois anos antes, quando realizamos naquela aprazível cidade a Confederação dos Cariris - Encontro dos Grupos Alternativos de Arte do Cariri Cearense.
Estávamos, pois, na rodoviária de Juazeiro, aliás na antiga rodoviária, que ficava perto do Estádio Romeirão. A rodoviária tinha sido pintada de cor rosa, o que inspirou Geraldo nos primeiros versos do poema: “uma rodoviária cor de rosa, no caminho de Mauridérnia”.
Perto do meio-dia o ônibus partiu, conosco, já um pouco bêbados e embalados pela viagem que começava. Passamos por Barbalha e chegando em Missão Velha gritei: “cinco vivas a Missão Velha”. Verso prontamente anotado por Jackeline. E dando continuidade ao desafio poético Geraldo emendou: “Milagres esperam por ti”.
E assim a viagem prosseguia e o poema também.
Antes de chegarmos em Mauriti, ou melhor, Mauridérnia, o poema já estava feito e nós (eu, Geraldo e Jackeline) em ponto-de-bala para lançarmos o livro de Geraldo, com um recital que seria feito por mim e Jackeline.
Eis o poema-de-bordo, que registrou, e muito bem, a primeira etapa daquela que seria uma inesquecível viagem:

Uma rodoviária cor de rosa
No caminho de Mauridérnia
Cinco vivas a Missão Velha
Milagres esperam por ti
Esse papo tá qualquer coisa
E já tamos pra lá de Abaiara

PS.: Esse poema foi musicado por Pachelly Jamacaru.

3 comentários:

  1. Rafa, meu irmão!
    Não sei o que dizer, fiquei entalado e acho que estou virando um "sentimentaloide". Se não me engano você musicou este poema! Tenho alguma lembrança a respeito de você cantarolando os versos.
    Em todo caso, valeu!
    Um abraço fratenex (como rezava a cartilha dos Pombos Urbanos).
    Luiz

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  2. (para retificar o comentário anterior)

    Rafa, meu irmão!
    Não sei o que dizer, fiquei entalado e acho que estou virando um "sentimentaloide". Se não me engano você musicou este poema! Tenho alguma lembrança a respeito de você cantarolando os versos.
    Em todo caso, valeu!
    Um abraço FRATERNEX (como rezava a cartilha dos Pombos Urbanos).
    Luiz

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  3. "Já conheço os passos dessa estrada..." Pois era lá que eu morava...justo nesta época! Os dois( Rafael e Geraldo) , fôram bater lá em casa, numa hora que nem lembro...Pareciam descomprometidos com qualquer missão...Estavam ébrios de vida: música e poesia.Acho que fecharam a conta no Hotel São Damião, e se aninharam , no meu alpendre, onde rêdes e ventos, acolhiam sonhos e gente!
    Os dois se intimidaram na minha presença...Disseram pouco...Não ouvi nenhuma loa, que expressasse o momento...Mas, a vontade que senti foi de adotá-los...Pena, que já eram filhos das mães...Uma delas, uma prima queridíssima por mim: Erice! Eita que saudades de Erice! Era doce de poesia!Um café com creme- a bruxinha mais querida do mundo!Imagina, se eu ia perder a oportunidade de adoçar a boca de Geraldo? E o Rafael ganhou a sobra de toda minha querência.Porisso talvez, esse menino(Rafael)...ainda seja o menino, que nunca achei que cresceu! Crescer é deixar de ser criança...Crescer é perder...a ingênua beleza da infância!
    E é por tudo isso que a relação estre nós...sempre foi assim, meia tribal! Índios da tribo Cariri...com direito a Pajé, a Tupã, a Cacique, com todos os aparatos,cores,apitos,flechas, arcos e curare!Corações marcados e tatuados com o veneno benígno da boa camaradagem!

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