Língua de papagaio é seca. É a metáfora da seca. Como o Rio Batateira é a metáfora do Cariri. Sem ele, Cariri não há mais, assim como nem os cariris sobreviveram. Teu ser exangue retornará ao pó sem metáfora do vieste do pó, pois o pó a que retornarás não é o mesmo do qual vieste. O pó do qual vieste é o pó que cria, gera, organiza, torna-se vida. Neste pó há o Verbo, o devir da transformação sendo o mesmo mas nunca igual. Este pó em que o Batateira deixa de ser a metáfora do Cariri, é um pó inerte, sem desejo, nele nada para ouvir-se, algo para estimular o olhar, nada, nele não há nada. É esquecimento em estado bruto.
A água é do povo como ar é do Condor. A água é pública, coletiva, andarilha ao encontro de todos, a água de jusante a montante, a água é quase tudo de cada um, somos nós, os humanos, a umidade da terra. E de onde vêm as águas? De todos os lugares, dos céus e da terra, a água circula, troca lugar no vai e vem dos líquidos, sólidos e vapores. A água troca de lugar em todos sentidos de seus estados e deixa de assim ser quando o distribuidor natural muda de natureza.
Desmataram o alto o Urubu, o Alto do Cochos e o riacho dos cochos, afluente do Batateira secou. Desmataram as encostas de mata atlântica do Araripe e a fonte reduziu-se. A indústria vil, este galpão da renúncia fiscal projetou-se sobre as matas que naturalizavam as nascentes de pequenas levadas. O Sítio do Fundão foi lancetado e o poço do Jatobá, uma lembrança de areia saudosa da umidade, acumula os rejeitos de alguma bebedeira com latas de cerveja. Desmataram nossas vida e nem demos conta que não era o progresso mas a trilha torta para nossas almas desérticas.
A lenda do Padre Cícero foi revesitada. Ou melhor, foi confirmada. Afinal a Pedra da Batateira caiu sobre o Crato e o esmagou.
Estamos vivendo a época do desencantamento e das lendas invertidas. Eu que sempre temi que a Pedra da Batateira um dia pudesse ser removida e que o Crato fosse inudadado.
ResponderExcluirAconteceu o contrário.
A Pedra da Fonte da Batateira foi implodida há muito.
E essa lembrança mítica é muito perigosa.
E agora, José...
Se a metade da língua do mundo fosse de papagaio, e a outra metade revertesse a maldade,de algum jeito...?!
ResponderExcluirContato pudéssemos voar livre e leve, sobre os rios que nos ilham!
Não,pois além de linguas não fazerem nós voar a lingua foi feita para:degustar,falar,ajudar o bolo alimentar ´descer`
ResponderExcluirOBSERVAÇÃO:Tente falar sem mechei a lingua,ou comer sem mecher a lingua e tira suas proprias conclusoes...espero que tenho ajudado!