Forró é o Cariri Cearense
O nordeste sertanejo chegou com duzentos anos de acúmulo cultural ao centro da brasilidade desde que se fundou a produção cultural capitalista no país. E quando ela se fundou não é uma data precisa, é um processo de acumulação, de meios tecnológicos adquiridos e especialistas em fazer público, divulgar a produção e retornar com moeda sonante para os artistas. Assim na pintura, na literatura, na poesia, na historiografia, no teatro, no cinema e na música. João Pernambuco, Catulo da Paixão Cearense, Manezinho Araújo, Zé do Norte e Luiz Gonzaga são o processo que todos chamam forró.
Sem cair na arapuca da origem do nome; forró é uma juntada de ritmos, temas e cantos que os sertões criaram, quando eram, os sertões, importante centro da política e até mesmo da economia. Por isso acharás quem defenda com unhas e dentes o atual Forró Eletrônico. E têm razão, o dito forró gera emprego para os músicos, gera lixo como toda produção em escala, mas o forró não é a maldição da cultura nordestina, cearense ou caririense.
Não se pode acusar o forró da falta de políticas culturais nos entes governamentais; da pouca relevância dos centros de estímulo à produção cultural e da própria falta de uma estrutura capitalista que trabalhe com um campo mais ampliado desta produção.
Também não se pode acusar o forró pela falta de posturas públicas, os carros de sons que poderiam estourar o sossego do ambiente podem estourar com qualquer coisa, até mesmo não musicais. O forró está indissociável da alma caririense e esse é o princípio da discussão. Da discussão até mesmo da hegemonia do lixo produzido.
A Padronização reduz?
A variação tem sido a forma evolutiva da natureza. A evolução material do mundo se fez com desdobramentos criativos para responder ao próprio movimento de todas as coisas no universo. O que se chamam gêneros, espécies, raças, mutações são adaptações da matéria ao movimento. A variação é a escrita de como o mundo se movimenta.
Agora estamos vivendo a civilização padronizada. O corpo físico dos seres humanos tende a ser culturalmente padronizado, isso implicando a própria estética postural, alimentar, vestimentas, comportamental e de aspecto físico.
Assim existem os ortodontistas para nos deixar como a mesma arcada dentária. Os plásticos para idênticas faces. Os medicamentos para nos tirar da tristeza, para nos reduzir a alegria, para sumir com a dor de cabeça, para limar a angústia existencial.
O padrão transforma a variação em patologia. As pessoas serão punidas, viverão menos e pior. Serão rejeitadas. O padrão existe para transformar a pessoa ativa em "hiperativa" ou em "maníaca"; o reflexivo e triste em "deprimido"; aquele que tem muitos pensamentos em "fuga de idéias" tudo isso em nome da eficiência dos meios de produção.
Então a padronização não reduz, amplia e acumula capitais. Por isso é tão duro discuti-la.
Democracia é convergir na divergência
Neste assunto cabe tudo. A iconoclastia, o profano, os quebra-quilos, os irados, a palavra solta. Cabe o mito, a adoração, a simbologia, o amor pela permanência do passado, o horror à destruição de valores. Cabe o poeta, o prosador, o músico, o sonhador e o gozador. Cabe de tudo na democracia.
Na democracia só não cabe o golpe no direito de divergir, no sentido de convergir. A democracia não precisa de "MEDIADOR", mas precisa da identificação do conteúdo limítrofe, aquele que nunca se sabe se é o jogo da democracia ou jogo de tudo que a nega: autocracia, autoritarismo, aristocracia e assim por diante quando sai-se do regime plural para o mero singular.
Esse menino fala pela boca de um anjo!
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