quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Espelhos

Digo que poeta não tem ego
mas seu umbigo
abismo profundo
purificado pela solidão.
Digo que poeta não tem medo
mas seu revólver
opaco,
pólvora molhada,
festim ao vento.
Digo que poeta eterno
mas o andar trôpego
tábua solta,
cadafalso,
guilhotina.
Digo que o poeta ainda respira
roubando oxigênio das árvores asmáticas.

I

Para onde tantas almas.
Espírito não ocupa espaço.
Mas para onde tantas almas.
Como explicar aos ossos
a tenra volúpia da carne.

Um comentário:

  1. Domingos,
    isso é o que faz o sorriso tornar-se fácil: "...roubar o oxigênio das árvores asmáticas".
    Que perspectiva.
    Abraço poeta

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