quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Eu tenho cá minhas razões

I
peguei tua mão na jornada,
ficou-me claro que sou o teu estorvo,
que muito mais se abria em possibilidades.





II
rejeitado, as pernas congelaram-me o andar,
já não havia um sentido para se ir,
o matagal havia ocupado toda a trilha.

III
e foste com os dedos entre tantos outros,
em frente, sem criptografias,
livre, com toda a tua caixa de entrada

IV
e fiquei com os itens excluídos,
a caixa da lixeira de vontades deletadas,
um provedor que já não reconhece a senha.



V
tu navegastes na Web Semântica
arquivos XML com informação sobre a informação,
te ligas aos conteúdos transversais de tantos browsers.

VI
cá me encontro na velha Internet,
postando em HTML, manga de camisa e fruta,
em buscas torrenciais que afogam-me de achados.







VII
hoje olhei tua face a face,
eras tantas que já não mais te encontrei,
o passaporte tua identidade, os aviões a morada.








VIII
tu desviavas para o vermelho como as galáxias em fuga,
olhou-me como um ponto de multidão,
apenas vês a floresta que pensas proteger.








IX
hoje sou para ti um tema da extinção,
algo raro que a militância ecológica necessita,
antes do próximo embarque já fiquei nas estatísticas.

4 comentários:

  1. Até cantarolei uma música do passado:"Que presepada/que você/foi arranjar..."

    E, na sintonia da "extinção", fiz o poema do confinamento.


    Tempo que passa, que leva...
    Fantasia do passado,
    no presente é nostalgia!

    Pra conseguir te esquecer
    quero viver muitas luas
    Em todas eu me sufoco
    Em todas és meu escuro!

    E nesta falta de sol
    acendo todas as luzes...
    Mas não te encontras em mim

    Fantasma desmascarado
    um risco que dessublinha
    o grande amor que senti

    agora é o esquecimento
    que se faz de mais urgente
    Mas é lento, lento, lento
    como a chegada do trem!

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  2. Excelente junção de imagem e texto
    Temática interessante
    Valeu
    Um abraço

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