segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Abaixo de Zero


abaixo de zero,
teus olhares me deixaram,
congelado,
concentrado,
nenhum pingo de suor,
umidade de expiração,
apenas um bloco gelado.

e peguei o destino dos icebergs
pelas correntezas dos mares,
um cubo translúcido,
deslizando aos olhos teus,
congelado,
concentrado,
um rasgo de coração ateu.

e assim naveguei,
abaixo de zero,
ao efeito de teus olhares
desgarrado da Antártida,
orientando-me pela estrela polar,
passando através do buraco de ozônio,
em busca de teus braços tropicais.

e aqui estou,
expondo todo o bloco,
congelado,
concentrado,
só para me derreter
nos laços dos braços teus,
diluir toda pedra,
abaixo de zero,
que um dia teu olhar fez.

3 comentários:

  1. Tenho vários olhares...
    Um deles está congelado
    num doce momento mágico
    quando cruzou com o teu...

    Tenho muitos olhares
    de brilho, e de opala...
    de espantos, de madrugada
    de profunda sonolência,
    e cansaço...

    Tenho teus olhares guardados
    uns, extremamente irônicos
    outros , visivelmente amorosos
    Mas sempre mirados,
    no tempo que ainda vejo

    Tenho olhares perdidos,
    nos abraços dados...
    coração ferido
    Por setas incertas
    feridas lambidas
    e jamais curadas

    Tenho o olhar invisível
    que sinto pousado em mim...
    Santo ,Divino...
    Esse olhar, cuida de mim!

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  2. Poema gélido que faísca!
    Um abraço.

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