sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

A visão pendular da história

O megaespeculador George Soros

No subentendido do histórico jornalístico, inclusive do detalhismo dos debates diários, encontramos a idéia que ocorre um efeito de pêndulo nas diretrizes da vida prática das sociedades. No passado remoto pelos mares da velha Albion o liberalismo econômico expandiu-se, foi sucedido pelo dirigismo estatal, retornando ao mercado livre, aplicado o Keynesianismo estatal para mover a economia estagnada e depois o neoliberalismo. Agora mais simbólico, porém extremamente contundente para a vida social. Simbólico posto que o neoliberalismo é monetário (financeiro) e nada é mais mitológico que o dinheiro, assim como não se encontram escritas gráficas na natureza, a moeda é imagem humana, eles, e se estiverem em acordo, acreditam nela. Mas a história avança, pela própria recriação das essências determinadas pela existência, assim como pelo "metabolismo" da natureza em busca de novo equilíbrio por ação humana ou não.

Se a história avança, não temos como pensar em efeito pendular, pois tal movimento subentende a materialidade imutável do próprio pêndulo. Isso, numa abordagem de primeira linha, pode significar apenas a forma como os mecanismos institucionais criados pelo capitalismo funcionam. Do ponto de vista institucional o capitalismo nasceu dual: estado e sociedade. O estado, embora uma organização para sustentar o capitalismo, tem grande impacto que se forma com burocracia, formação e aplicação de regras e depois com acúmulo de riquezas pelos impostos. Na outra ponta, a que de fato faz mover o mecanismo pendular, se encontra a sociedade. Que é ponto pacífico, não é homogênea, se organiza em classes sócio-cultural-econômicas. A energia que leva o pêndulo para um lado ou outro, mais ação do Estado ou não, se encontra no entrechoque das classes.

No capitalismo, até os dias de hoje, existiram rupturas profundas em decorrência do entrechoque, mas tudo indica que um salto realmente revolucionário, superando o pêndulo do capitalismo, ainda não tenha ocorrido. Ocorrerá um dia? Certamente que sim. A questão, por ora, não é saber-se quando, mas compreender a qualidade efetiva da mudança revolucionária. Que compreensões (vejam que não reduzo a parâmetros ou medidas, ou indicadores) se têm da sociedade capitalista e quais mudanças podem ocorrer em que ela deixa de ser o que é. Muitos pensadores do século XIX e XX pensaram no assunto e enunciaram tal compreensão, mas sempre é necessário observar o movimento pendular do capitalismo para ampliar seu entendimento.

O neoliberalismo, além de ser um movimento do pêndulo, não foi, no entanto, um mero movimento mecânico, como os outros também não foram. A cada movimento deste as instituições são modificadas, a sociedade se reorganiza em novas demandas, novas formas de trabalho e distribuição dos produtos do trabalho. Por isso o capitalismo se modifica, não é meramente uma adaptação, é o próprio curso da história quando o retorno do movimento não será mais nas mesmas regras. O próprio neoliberalismo é uma formulação para universalizar o capitalismo, atingir a antiga URSS, a China e a Índia. Uma reformulação das instituições da guerra fria e dos acordos econômicos do pós-segunda guerra mundial. Os EUA, Europa e Japão passaram por enormes modificações nestes últimos anos e agora com a efetiva globalização a conta do capitalismo é de toda a humanidade.

Por isso, em plena crise de crescimento, o governo americano, para desespero das almas ultraliberais, acaba de decretar seu bolsa família (distribuição de cheques para famílias consumirem mais). E um banco francês quer nos levar a crer que um único operador dele, com um salário de menos de 100 mil euros realizou operações no mercado financeiro internacional que levaram a instituição a ter prejuízos na casa de 4 bilhões. Por essa e outras mais o Megaespeculador George Soros pede um XERIFE para o sistema financeiro internacional. No dia seguinte o arquimilionário Bill Gates pede um novo capitalismo que resolva as desigualdades entre os paises e as pessoas. Ou seja, o mais desigual dos homens, da torre de Babel em que se encontra, no horizonte algo que sentimos o calor mas ainda não enxergamos a fornalha.

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