sábado, 22 de março de 2008

Matéria da revista VEJA que começa a circular neste domingo

Brian Soko/The New York Time


Soldados chineses defendem-se de pedras jogadas por tibetanos, em Lhasa, e monge ferido no Os tibetanos não se rendem facilmente.

Internacional


A prova dos monges
Para o Tibete, a Olimpíada de Pequim já começou e seu esporte é a pedrada


Há duas décadas, a China alicia o Tibete com todo tipo de agrado econômico. Construiu ferrovias, aeroportos, estradas, escolas e prédios públicos em uma província que, na primeira metade do século passado, ainda tinha padrão de vida medieval. Pouco adiantou. Nos últimos dez dias, os tibetanos foram às ruas para dizer que sua identidade não está à venda.

No aniversário de 49 anos do maior levante contra a invasão chinesa, ocorrida em 1950, cerca de 300 monges budistas fizeram uma passeata pacífica pedindo o retorno do Dalai-Lama, o líder espiritual máximo do budismo tibetano, exilado na Índia. A manifestação foi reprimida com violência pela polícia e dezenas de monges foram presos. Nos dias que se seguiram, tibetanos de outras províncias e de países vizinhos se rebelaram. Lojas de chineses, carros e agências do Banco da China foram destruídos. Nos conflitos, quase 100 pessoas morreram. Em Lhasa, a capital do Tibete, mais de 900 foram presas.

Para o mundo não testemunhar a brutalidade, isolou-se completamente a região. Barricadas foram montadas nas estradas e jornalistas estrangeiros, expulsos. Para o regime chinês, é uma questão de segurança nacional. A China considera que o Tibete sempre lhe pertenceu e teme que a independência da região leve ao esfacelamento de seu território. A verdade é que, antes de ser invadido, em 1950, o Tibete era um país independente com status reconhecido por outras nações. Do exílio, o Dalai-Lama disse que não almeja a independência, apenas mais autonomia.

Os tibetanos querem ensinar a própria língua nas escolas e adorar os seus líderes religiosos. Desde setembro do ano passado, uma lei chinesa estabelece que um religioso precisa do aval do Partido Comunista Chinês para ser considerado reencarnação de Buda. Em um mundo em que até os albaneses da Sérvia se viram, no mês passado, no direito de ter um estado independente, o Kosovo, fica difícil negar o mesmo ao Tibete
E a proximidade da Olimpíada de Pequim torna mais visível a luta dos tibetanos.

2 comentários:

  1. Jornal "O Povo", 23-03-2208
    Coluna Concidadania
    Valdemar Menezes escreveu:
    Os acontecimentos do Tibete mobilizam a opinião pública mundial. É difícil ficar indiferente ante o espetáculo de humilhação e opressão de um povo que só pede o direito de exercer livremente sua própria cultura e suas tradições. A alma do povo tibetano é a sua religião. Trata-se de uma corrente budista muito peculiar, que está para o Budismo, assim como o Catolicismo está para o Cristianismo. Tem uma hierarquia bem estruturada, e uma espécie de papa, o Dalai Lama. O que dá identidade ao tibetano é exatamente a sua religião. A China tem empregado, nestes 50 anos de ocupação do país, uma violência sistemática para destruir o budismo tibetano. Desde 1950 e, sobretudo, após a sublevação de 1959 (e a Revolução Cultural Chinesa), 1,1 milhão de pessoas morreram (inclusive dezenas de milhares de monges) em conseqüência de assassinatos, fome ou das más condições de trabalho. Dos 6.268 mosteiros tibetanos, apenas 13 continuam de pé. Aproveitando a proximidade dos Jogos Olímpicos (a se realizarem na China, entre os dias 8 e 24 de agosto próximo), os tibetanos procuram chamar a atenção do mundo para a situação de opressão a que estão submetidos. O Dalai Lama já frisou que não defende a independência política do país, mas apenas uma autonomia cultural (respeito aos costumes e idioma próprio) e religiosa. Está mais do que evidente que o Tibete não é ameaça para ninguém.

    PETIÇÃO
    Está sendo divulgada pela Internet a seguinte petição ao presidente Hu Jintao, da China: "Nós cidadãos do mundo pedimos ao governo chinês que tenha cautela e respeito pelos direitos humanos em sua resposta aos protestos no Tibete. Esperamos que os assuntos que dizem respeito aos tibetanos sejam tratados por meio do diálogo com o Dalai Lama e não pelo uso da força. Somente o diálogo e uma reforma irão trazer uma estabilidade duradoura. O futuro promissor da China e sua relação positiva com o mundo dependem de um desenvolvimento harmonioso feito de diálogo e respeito".

    Quer assinar esta petição de solidariedade ao Tibete? Acesse o site: http://www.avaaz.org/po/tibet_end_
    the_violence/14.php

    ResponderExcluir
  2. Interessante mesmo é alguém que é considerado uma "divindade" e abarrotar as livrarias do mundo com suas "pérolas da sabedoria", quando governava com sua trupe et caterva, impunha a servidão sobre seu próprio povo.

    ResponderExcluir