quarta-feira, 30 de abril de 2008

"Só no Crato " - Foto de Pachelly Jamacaru


Passado e presente se misturam ..
Como aroma e sabor ...
Um gosto de vida e ternura
na boca de quem provou !

Pe Ágio , exemplo de vida ...
O baiano Dr. Zé Newton ,
O mestre que me formou.

Como esquecer a biblioteca de Dona Liô ,
a canjica de Eunice
o doce de Isabel
a tapioca de Erice
o "amor em pedaços " da minha mãe,
a peixada de Paulo Frota ,
o sorvete de Bantim,
o pirão do Pau do Guarda ,
os desenhos do meu pai ,
a paciência de Dr Eldon ,
os sermões de Pe. Frederico ,
as aulas de Alderico ,
e a loja de seu Pierre ?

Sessão de cinema nas tardes
Sapotis no beco de Pe. Lauro,
as injeções de Dona Soledade ,
Tertúlias na Pedro II,
Matinais no Tênis Clube...
Festa da Padroeira
Natal com missa do galo ,
SÃo João com bandeirolas ,
quintal enfeitado,
camisas de riscado ,
vestido de chita ,
tranças no cabelo ...

Acho que dormi o tempo inteiro ...
Acordei com vontade de comer pipocas ,
beijar na boca ,
escrever uma carta de amor ,
acabar o namoro ,
devolver a aliança ,
rasgar o vestido de noiva ...

Pari três vezes ...
Pelas minhas crias não retoco o passado
Nem nos sonhos, ouso alterá-lo !

Quero apenas ,um caderno e um lápis ,
para anotar o que deixei ficar ...

Meu brinco de pérolas ,
meu reino encantado ,
um cavalo sem príncipe ,
um amor infinito ,
que entrou pela perna do pato ,
e saiu pela perna do pinto ...

Não consigo contar vinte e cinco ...
A vida é breve , e um dia finda !

Véspera

As formigas que se batem
exalam-se um perfume misterioso.
Tem sede, camarada?
Segue a trilha.
Vê os filhotes carregados,
as mães formigas apressadas.
Sim, já percebi:
lá atrás os poetinhas
com seus odres de vinho.
Esses poetinhas formigas
nem bebem tanto.
Mas pensam um absurdo.
Ei, não tropeces.

A TORTUOSA ESTRADA DO SONHO...

Ali estava bem na sua frente e era um deslumbramento. Parara ofegante e atônito, como um menino que balbucia as primeiras palavras de amor para a namorada. Saíra com a inglória missão de comprar um presente para o aniversário do filho, esta difícil e impalpável arte de calçar a matéria no sonho alheio. De repente, diante dos seus olhos, como se pronunciasse o abracadabra ou o abre-te-sésamo aparece o objeto de todos os desejos da sua já distante infância.
Fôra pirralho pobre e desde cedo precisara aprender a inventar os seus próprios brinquedos. A duras penas , aprendera a fazer o pião com um tronco de goiabeira e um prego; o “triângulo”, mais simples , o precedera, quando entortou a extremidade de um arame e afiou a outra ponta numa pedra de amolar facas. Depois viera o caminhão, doce enlevo da sua meninice, que fabricara desfazendo uma velha caixa de madeira e dela construiria todos os módulos: a boléia, a carroceria, as rodas ( a mais difícil tarefa) e até os amortecedores -- feitos das aspas metálicas que recobriam a caixa e que davam ao carrinho um discreto molejo, tão importante para as manobras mais radicais. As bolas de gude ( de aço ,as preferidas) eram conseguidas dos mecânicos da redondeza, que as tiravam de rolamentos “gripados”. Depois vieram os carrinhos de rolimã , os patinetes construídos com tábuas e rolamentos, que eram o terror do sono de todos os vizinhos Fez-se clone de Ícaro ,também , montando “pipas” com papel celofane, pedaços de madeira e “grude de goma”. Os “papagaios”, ao serem empinados, como que alçavam aos céus o dourado enleio da sua infância ( enleio que um dia se perdeu no espaço, ao ser cortado pelo brusco cerol da adolescência). .
Uma vez , pisando na sombra do pai, tinha tido um encantamento igual ao de hoje : diante de si um ônibus feito artesanalmente, de quase meio metro, com inúmeras cadeiras no seu interior , as laterais fabricadas de lata e pintadas, onde se lia, em letras transversais: “Viação Cometa”. Lembra, como se fora ontem, atanazara tanto o pai para comprar aquela maravilha, que terminou por ganhar o mais comum presente do seu tempo: uma surra monumental.
Hoje, no entanto, se sentia o mais feliz homem do mundo: podia dar ao filho o mais almejado presente da sua vida de guri. Comprou-o, trêmulo, como se tivesse voltado trinta anos . Cerrou os olhos um pouco, enquanto o vendedor lhe trazia o troco, e se viu apenas de calção listrado, com barbante na mão, à guisa de volante, e dirigindo cuidadosamente aquele ônibus que por tantos e tantos anos foi o cometa de todos os seus desejos. O tilintar do troco no balcão o fez viajar , num átimo, três décadas de volta. Tomou do embrulho valioso e partiu célere para casa, na expectativa de ver ,nos olhos do filho, a felicidade que poderia ter brilhado nas suas próprias retinas tantos anos atrás...
Mal abre a porta, berra, ofegante :
---Filho, olha o presente de aniversário que eu trouxe prá você!
O menino corre e rasga o invólucro, vorazmente, sem nenhum critério artístico. De repente emerge do papel picotado , o ônibus reluzente. O filho , porém, não reluz como o ônibus, o olha sem entusiasmo e pergunta, sem graça:
---- Pai, o que é que ele faz, hein? Tem controle remoto, anda sozinho?
O pai, triste,surpreso, ainda pensou em explicar que aquele carrinho fazia tudo: andava sozinho, corria, subia ladeiras e rampas, até voava e tinha controle remoto sim: A imaginação. Mas já não adiantava, o guri, hipnotizado, agora fixava seu pensamento apenas no video-game e o sonho de infância do pai estava ali jogado no chão em total desamparo --- um ônibus que capotara , perdera em algum lugar a sua força lúdica, e era agora um veículo enferrujado, obsoleto , sem rumo claro e sem destino previsível...

J. Flávio Vieira

Blog Poem - Ferreira Gullar



Aprendizado







Do mesmo modo que te abriste à alegria
abre-te agora ao sofrimento
que é fruto dela
e seu avesso ardente.

Do mesmo modo
que da alegria foste
ao fundo
e te perdeste nela
e te achaste
nessa perda
deixa que a dor se exerça agora
sem mentiras
nem desculpas
e em tua carne vaporize
toda ilusão

que a vida só consome
o que a alimenta.



De Barulhos (1980-1987)

Interblogs


João do Crato, grande intérprete da musicalidade caririense, ainda não tem disco gravado
Texto: Carlos Rafael (com dados do blog da Mostra Sesc Cariri de Cultura)
(foto: Dihelson Mendonça)
Quase todos os artistas da área musical do Cariri, - cantores, músicos, arranjadores e compositores, que são referência da bem específica musicalidade da região, - já registraram seu trabalho em disco. Dentre estes, fazem parte Tiago Araripe (o pioneiro com o ainda long playing Cabelos de Sansão), Cleivan Paiva, Bá Freire e Rosemberg Cariry, Abdoral Jamacaru, Zé Nilton Figueiredo, Luiz Fidélis, Pachelly Jamacaru, Luiz Carlos Salatiel, Lifanco, Lívia França. Zambumbeiros Cariri, Jonteilor, Nacacunda, Leninha, Manel D’Jardim, Stênio Diniz e muitos outros.

No entanto, duas figuras carimbadas do meio artístico local, o tecladista Dihelson Mendonça e o cantor João do Crato, ainda não o fizeram.

Sabemos que Dihelson está em fase de finalização do seu primeiro disco Em Busca da Perfeição, que está sendo aguardado com grande ansiedade. Mas, João do Crato, apesar de participar de vários discos produzidos na região, ainda não sinalizou se pretende fazer o mesmo.

É uma pena, pois João do Crato é um intérprete que alia inconfundível performance de palco com sensibilidade musical, tanto na escolha do repertório quanto na sua interpretação.

João do Crato, estreou profissionalmente nos palcos musicais como vocalista da banda “Chá de Flor”, por ocasião do Festival Credimus, ocorrido no Teatro São José, em Fortaleza, no ano de 1980. Posteriormente, a banda Chá de Flor (na qual Blandino Lobo inspirou-se para batizar a sua famosa cachaça temperada) excursionou pelo Cariri, onde se apresentou no palco central da Exposição do Crato.Ao lado de Lúcio Ricardo, Batista Sena, Môna Gadelha, Zé Wertz, Siegbert Franklin, dentre outros, João do Crato era um dos nomes que movimentava a cena roqueira do Ceará.

De volta ao Cariri, João do Crato excursionou com a Banda Cariri pelo interior dos estados do Ceará, Piauí, Paraíba e Pernambuco, fazendo shows e bailes, regados, exclusivamente, ao melhor da música popular brasileira. Nessa época, a Banda Cariri tinha um elenco de virtuosos músicos, como o guitarrista Cleivan Paiva e o baixista Manel D’Jardim.

E foi em parceria com Manel D’Jardim, arranjador e violonista, que João do Crato iniciou sua carreira solo, interpretando os grandes compositores contemporâneos caririenses, a exemplo de Abdoral Jamacaru, Cleivan Paiva, Pachelly Jamacaru, Geraldo Urano, Luiz Carlos Salatiel, Luiz Fidelis e outros.

Há muito que os admiradores de João do Crato, como eu, aguardam seu disco de estréia. Um marco que coroará sua brilhante, longa e profícua carreira.
publicado no blog CaririAgora! (http://www.caririag.blogspot.com/)

Visite o ZoomCariri - O Site da Fotografia no Cariri


www.zoomcariri.com
Visite, divulgue, participe!

Foto: Dihelson Mendonça
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terça-feira, 29 de abril de 2008

O jugo da informação

Emerson Monteiro

Dentre os estresses atuais, a sobrecarga da informação que se consome a cada dia estabelece um peso substancial. A insistência dos assuntos cotidianos impõe submissão aos consumidores das notícias a ponto de gerar dependência, o que, quando ausente, ocasiona espécie nova de síndrome de abstinência, em forma de vazio agressivo, notado em todo o corpo social, de proporções incalculáveis.
Há que existir gente sendo presa fácil de autoridades sendo acusadas disso ou daquilo, acidentes de todo gênero, balas perdidas, seqüestros, escândalos a todo gosto, atentados, várias qualidades de desastres ambientais, atos terroristas, protestos, o que alimenta bem mais do que a ordem natural das coisas.
Esse tal homem nutrido nos cochos da mídia torna-se, pois, impotente, fraco, esquálido em face dos dramas apresentados a pratos cheios pelas usinas de comunicação, que quase reclama algum silêncio para refletir e digerir a carga que lhe jogam aos ombros. E ele mesmo, suspirante nos intervalos dos finais de semana, dependente, corre às locadoras e se reabastece de filmes de espécie semelhante à matéria da semana, em produções de terror, violência, sexualidade exacerbada, marcas dolorosas de violência e tragédia persistente, para suprir a suspensão parcial do jornalismo sensacionalista na calma domingueira.
Bicho acirrado na ritmo dos acontecimentos estonteantes de mundo em velocidade catastrófica, sobretudo através da televisão, esse modelo especulativo da civilização de massa, traz consigo as apreensões do medo instintivo do rebanho que compõe, ancas ferradas nas tatuagens modernas das tantas tribos espalhadas nos grotões do globo.
Dons quixotes da produção industrial, esses sanchos panças dos engarrafamentos citadinos andam lentos, ferrenhos compradores dos crediários e das promoções de ponta de estoque. Vibriões da impossibilidade material, transportam nas extremidades dos nervos das contas bancárias o que lhes toca do PIB nacional e repetem com eficiência os “slogans” das lojas de departamento e as vinhetas dos planos de saúde, o que contém normas para chegar a campeões de bilheteria, finalistas de campeonatos e ganhadores de prêmios lotéricos.
Ricos os seres humanos desta hora. Desconhecem aonde vão e nem disso quererem saber, pois depositaram nas mãos dos chefes políticos e economistas de plantão a entrega dos seus sonhos. Dormem em paz, por isso, ainda que devam mergulhar de cabeça no mistério da existência.
“Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”, dizem judiciosas as Escrituras Sagradas.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Incríveis fotos do Cariri à Noite: O Esplendor nos Céus do Cariri - Dihelson Mendonça


Clique na foto para Ampliar !


Clique nas imagens e se delicie com a beleza do Cariri à noite:

Na foto acima: parte do crato, mostrando a igreja de São Francisco e ao fundo, as montanhas onde se localiza o Horto em Juazeiro.

Na foto acima: Centro da cidade do Crato ao anoitecer.


Na foto acima. Ao centro, o horto, onde se localiza a estátua do Pe. Cícero, em juazeiro, visto de Crato. Note a cidade de Crato do lado esquerdo e a cidade de Juazeiro do Norte do lado direito, mais longe.


Agradecimento:
Gostaria de agradecer à toda a equipe do restaurante "O Mirante" em Crato que tão gentilmente me cedeu o espaço para que eu pudesse tirar tais fotos que espero sejam da sua apreciação.

Fotos: Dihelson Mendonça
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domingo, 27 de abril de 2008

PONHA-SE BÁRBARA DE ALENCAR PARA FALAR

O Ceará teve grandes cidades, do ponto de vista político, social e econômico. Hoje o Ceará não tem mais grandes cidades: tem pólos, dos quais três de fato pesam. O pólo metropolitano, o pólo do Acarau em torno de Sobral e o pólo do Cariri com base num aglomerado urbano que poderia ser chamado Crajubar. Do ponto de vista político o pólo Metropolitano e o de Sobral se aliaram num projeto político que domina o Estado desde o final do período militar e quando das primeiras eleições diretas para governador. Parte de um projeto político mais tardio e conservador, o pólo do Cariri ficou relativamente à margem e a reboque desse processo. É disso, principalmente, que as eleições municipais deveriam tratar: quebrar a hegemonia e abrir espaços para o Cariri volte a influir com o peso que efetivamente tem, mas que se encontra escondido por uma espécie de fog que não permite enxergar todo o horizonte.

Antes de partir para outras considerações, o Cariri também sofreu a concorrência do rápido desenvolvimento do pólo de irrigação do São Francisco, tendo como centro Petrolina e Juazeiro da Bahia. No Piauí nada ocorreu de maior significado, assim como nas franjas do Cariri que dão na Paraíba e no Rio Grande do Norte. Passagem de importantes artérias viárias para Brasília e para o Sudeste do país, o Cariri, chuvoso e com uma forte estrutura educacional e de capitais acumulados, tem condições de retornar com o peso que lhe cabe (volto a insistir ele é menor relativamente) no Ceará e mas exatamente no interior nordestino e do semi-árido.

O historiador inglês Eric Hobsbawm observou que as sociedades evoluídas tiveram momentos importantes de sua vida quando seu povo, através de suas instituições de então, partiram para um projeto estratégico que resultou em algo muito maior e mais complexo até mesmo do que as idéias iniciais. Este é o momento do Cariri. Não será em 2010 e nem por apenas assistir passivamente a evolução da política nacional. As candidaturas para as prefeituras devem refletir o lugar no mundo para a região: aproveitar das vantagens do pólo de Petrolina e ser complementar a ele em termos do que pode ser extraído de valor agregado na agroindústria (trazer a EMBRAPA e associá-la à escola Agrotécnica e ao curso de Agronomia); desenvolver arranjos produtivos locais para ampliar a base da renda popular, ampliando assim o mercado consumidor regional (neste caso não ficar apenas ligado aos órgãos como SEBRAE, mas envolver os cursos universitários); estimular empresas de porte médio para a industrialização, logística comercial e serviços de apoio para o consumo do grande sertão; envolver o pólo gesseiro de Araripina para regionalizar novos produtos com valor agregado. Isso considerando o uso sustentável da flora e fauna tanto da bacia do Araripe quanto do semi-árido sertanejo.

Se o pólo Crajubar fizer algo estratégico neste sentido, o eixo do sertão muda e o do próprio Cariri. O Cariri, neste sentido deve olhar para o litoral com senso de oportunidade, mas não para ir morar e sim levar o que de melhor tem de sua vida regional. Não existe oportunidade maior do que as eleições deste ano. Vamos deixar as disputas partidárias nacionais e estaduais de lado e levantar a vozes que expressem quem somos e onde nos encontramos. Tentemos sair de cara da idéia que o futuro se encontra apenas em sua cidade, pois não é verdade. Vamos trazer para a cena pública os candidatos pelo menos das três cidades mais importantes e promovamos debates para observar o que pensam de idéias conjuntas, da região como um todo, que lugar pretendem para o Cariri no futuro.

Que tal numa tarde desta qualquer se juntarem para construir uma pauta de debate um conjunto de pessoas que hoje influenciam mais do que pensam com seus instrumentos modernos na Internet, impresso, no rádio e na televisão? Com risco de falhar na memória entre eles os editores do Blog do Crato, do Cariricult, do Cariri Agora, do Tarso Araújo, Vicelmo, entre outros de igual importância? Basta formular os grandes temas para um plano estratégico de recolocação da região em seu peso devido e debater com os candidatos. O valor deste debate depende muito desta agenda e do conteúdo das perguntas. Se o debate cair naquela de proteger a ou b, de atacar um ou outro, perde-se tempo e se recai no velho passado quando as cidades tinham peso. Tudo se torna apenas retórica e uma saudade imensa dos velhos tempos.

PORTAS SEM FECHADURAS

ANTES DE LER ESTA POSTAGEM, SUGIRO A LEITURA DO POST A SEGUIR ESCRITO POR GIANNI MASTROIANI E QUE MOTIVOU O QUE SEGUE:

meu ser, não abandones as tempestades,
que
desfolharam as roseiras de tua juventude,
e transportaram para
o chão as pétalas sedosas,
as cores
impressionistas de tua alma aprendiz.

tantos galhos quebrados, pedaços lançados,
no turbilhão
que dobra, tanto dobra até partir,
na janela
e feche-a para as ventanias inaceitáveis,
negues demônios
intoleráveis que te oferte morta paz.

meu ser, nunca te adaptes as coisas como estão,
alguém
ou algo lhes deu o estado que não te convém,
aceita a tua natureza
de não aceitar jamais o que é,
no mundo
em movimento, o que é, o é em transformação.

meu ser, diga sempre sim, expirando a palavra não,
o infinito
de Deus, é uma plêiade de astros finitos,
a eternidade
é a pausa da respiração entre o não e o sim,
é como
a harmonia dissonante de tantas vozes se exprimindo.

se queres viver a própria morte, antes negue a renascença,
e tua alma se apascentará nos meandros medievos de Francisco,

chagas te atravessarão as palmas e calma, calma em teu inferno,
de cuja profundidade jamais sairás, este é o conceito primei
ro.


mas abraça o chão que te sustenta, sempre desejando voar,
ama a multiplicidade, sonha com a unicidade e fragmenta-te;
os espaços que entre eles surgirão, de dor ou alívio, são lembranças,
da unidade que se adiciona, se divide e se multiplica em tantos.

viaja, transita nos espaços distantes, com as pás dos ciclones,
junta-te aos objetos que por são jogados, tonteia-te no giro,
retorna ao mesmo que antes estiveste, sabendo da outra volta,
mas, meu ser, não te deixes ficar no olho vazado dos furacões.

banha-te neste rio de batismo, purifica-te de tantas limpezas,
deixa que as águas adicionem a esta superfície que nada tem,
os minerais que nodoam, as manchas que distinguem,
pois o imaculado é a ditadura de uma única nota na canção exilada.

meu ser, quando a ponta do chicote lanhar tua carne, viva de sofrimento,
não dialogues com o acoite e tampouco com a ferida, ambas irracionais;
olha bem fundo nos olhos do rosto cuja mão acionou o corte em ti,
e revele que aquilo não é natural, é apenas a vontade de alguém.



meu
ser, ao sair nas ruas, não te esqueças d
e ti mesmo, no silêncio interior;
o vai e vem da vida, é um tanto que vai e outro que não virá, chegando e saindo;
na marcha a paisagem que revela é crítica, pois é construção de cada um,
contempla-a com senso de transformação e com alguns tragos de preservação.
MUDAPRESERVAÇÃO
PRESERVODIFICAÇÃO

sábado, 26 de abril de 2008

: " A aceitação é a chave que abre a porta à vida".

Com parecido desejo, Pedro Dória publica no seu blog uma entrevista de José Saramago em que este diz não ter raiva da morte, mas que a aceita. E ao aceitá-la faz a diferença entre resignação (é uma aceitação com desistência) enquanto a aceitação pura é porque não tem mais saída. A frase do título foi apresentada pelo Médico Gianni Antonio Lira Mastroianni, morador em Fortaleza que fez o seguinte apanhado:

Aceitação do inaceitável, do intolerável. Dizer sim ao que é, não para se resignar ou comprazer com esse estado de coisas, mas porque estamos diante do inevitável. Adaptar-nos às coisas, harmonizando-as, eis a virtude. Aceitá-las, desposando-as, eis o Tao. Dizer sim ao que é. O monge é aquele que vive no verdadeiro, sob a ação do Espírito que É, sendo sua vida um puro amém, um eco consciente que responde sim à realidade infinita de Deus. Assim é, assim é. Além do julgamento e do desejo. A saúde não é o equivalente à felicidade, saciedade ou sucesso. É estarmos em harmonia com as circunstâncias que nos circundam. Aceitar é viver até a própria morte (São Francisco chamava-a de irmã morte). Um padre eremita ortodoxo que viveu em Paris pintou um ícone com Cristo abraçando Adão no inferno . Falou que o homem ao se reconciliar consigo mesmo em seu inferno, ou seja, com o diabo que há nele, com sua maldade, sua sujeira, sua sombra, em vez de rechaçar, abraçar tudo isso com amor, ainda assim o divino poderá brilhar. Eis o que é Ressurreição. É se libertar da vontade de ter razão e de tentar apresentar a aparência que se pensa ser a mais adequada. São Paulo disse que tudo contribui para o bem dos que amam a Deus. Até mesmo o pecado, disse Sto. Agostinho. Existem espaços em nós que adquirem existência depois de penetrados pela dor ou pelo amor. No ciclone, enquanto tudo vira turbilhão, o centro permanece imóvel. Fluamos na sinergia do esforço e da graça para o centro do ciclone: o coração nobre e purificado do homem. Jesus Cristo vivenciou o âmago do inaceitável ao receber livremente a morte e o absurdo. Não se defendeu diante de Pilatos e Herodes. Ficou no total isolamento, abandonado e atraiçoado pelos amigos mais próximos. Portanto, não veio para nos livrar do sofrimento do mundo, mas nos ensinar a aceitá-lo. A cruz não será tirada senão daquele que a transportou. Temos 2 eus. Somos 2 homens: um interior e outro exterior. O homem exterior pode ter uma atividade, enquanto o homem interior permanece totalmente livre, em imutável desapego. A partir de agora, siga para as misérias do cotidiano essencialmente centrado no seu divinal homem interior contemplativo e deixe o homem exterior ligado no piloto automático da vida ativa trabalhar seu sustento, lutando por um salário de menor sofreguidão. Eis o modesto testemunho do vosso gato para a sintonia com a luz eterna que brilha nesse mundo que, em breve, ainda que dure certo tempo, irá desaparecer. Big ... Bang... Amém...

P.S.: Tudo o que se diz de Deus não é sua natureza. É o que está em volta de sua natureza. Ele nada é do que é, mas está acima de tudo que é e acima do próprio Ser ...


Gianni Mastroianni.


Peço que agora volte ao poema "PORTAS SEM FECHARADURAS" que foi escrito para responder-lhe o espírito de aceitação.


Interblogs

Recentemente, este blog trouxe vários comentários a respeito de um dos maiores fenômenos musicais da história: o alagoano de Lagoa da Canoa, Hermeto Pascoal.
O genial músico abriu O Festival de Música Antiga em Araripe, CE, no último dia 16 de abril.
O blog Cabelos de Sansão, do cratense, cantor e compositor Tiago Araripe, trouxe uma descontraída matéria que fala deste alquimista do som e suas bruxarias do bem.

Vale a pena ler.
It's All True!

(Carlos Rafael)

Presenciei cenas impagáveis nos bastidores do Festival Abertura. Aqui, algumas delas.
Ficou a cargo de Tim Maia um dos shows do evento global. Na época, Tim era adepto da Cultura Racional. Só se apresentava de branco, mostrando na mão exemplar do livro Universo em Desencanto. Acontece que usar branco ainda era tabu para os padrões técnicos da televisão de então. Estourava a fotografia, coisa assim (a TV em cores ainda era relativamente recente no Brasil).Criou-se um impasse, já que Tim Maia não arredava pé de cantar vestido de branco. No fim, a vontade do artista venceu a limitação da tecnologia.
Outro craque que desafiava os padrões da Rede Globo era o Hermeto Pascoal. Ele concorria com a música Porco na Festa. Com um detalhe: sua apresentação incluía a participação de porcos de verdade, o que causou um rebuliço na produção do festival. Afinal, havia uma alto grau de imprevisibilidade na presença dos suínos em um festival meticulosamente planejado para nada dar errado. Presenciei Hermeto dizendo em voz alta que se os porcos ficassem de fora, ele também ficaria. Mais uma vez venceu o artista. E os porcos. Ainda bem.
Em outra ocasião, a produção marcou uma reunião com os artistas. Chegamos ao local combinado e a porta estava fechada. Ficamos esperando sentados na escadaria. Já passava do horário estabelecido quando chega Hermeto. Ao ver aquele grupo de músicos, intérpretes e compositores naquela condição precária, se dirigiu à entrada e gritou que ou abriam ou ele derrubaria a porta a cabeçadas. Abriram.

Tiago Araripe

http://www.cabelosdesansao.blogspot.com/

Quanto custa um pôr de sol?

Um grande empresário americano, estando em Roma, quis mostrar ao filho a beleza de um pôr de sol nas colinas de Castelgandolfo. Antes de se postarem num bom ângulo, o filho perguntou ao pai:”pai, onde se paga”? Esta pergunta revela a estrutura da sociedade dominante, assentada sobre a economia e o mercado. Nela para tudo se paga - também um pôr de sol - tudo se vende e tudo se compra. Ela operou, segundo notou ainda em 1944 o economista norte-americano Polanyi, a grande transformação ao conferir valor econômico a tudo. As relações humanas se transformaram em transações comerciais e tudo, tudo mesmo, do sexo à Santísssima Trindade, vira mercadoria e chance de lucro.Se quisermos qualifica-la, diríamos que esta é uma sociedade produtivista, consumista e materialista. É produtivista porque explora todos os recursos e serviços naturais visando o lucro e não a preservação da natureza. É consumista porque se não houver consumo cada vez maior não há também produção nem lucro. É materialista pois sua centralidade é produzir e consumir coisas materiais e não espirituais como a cooperação e o cuidado. Está mais interessada no crescimento quantitativo – como ganhar mais – do que no desenvolvimento qualitativo – como viver melhor com menos – em harmonia com a natureza, com equidade social e sustentabilidade sócio-ecológica.Cabe insistir no óbvio: não há dinheiro que pague um pór do sol. Não se compra na bolsa a lua cheia “que sabe de mi largo caminar”. A felicidade, a amizade, a lealdade e o amor não estão à venda nos shoppings. Quem pode viver sem esses intangíveis? Aqui não funciona a lógica do interesse, mas da gratuidade, não a utilidade prática mas o valor intrínseco da natureza, da ridente paisagem, do carinho entre dois enamorados. Nisso reside a felicidade humana.O insuspeito Daniel Soros, o grande especulador das bolsas mundiais, confessa em seu livro A crise do capitalismo (1999):”uma sociedade baseada em transações solapa os valores sociais; estes expressam um interesse pelos outros; pressupõem que o indivíduo pertence a uma comunidade, seja uma família, uma tribo, uma nação ou a humanidade, cujos interesses têm preferência em relação aos interesses individuais. Mas uma economia de mercado é tudo menos uma comunidade. Todos devem cuidar dos seus próprios interesses...e maximizar seus lucros, com exclusão de qualquer outra consideração”(p. 120 e 87). Uma sociedade que decide organizar-se sem uma ética mínima, altruísta e respeitosa da natureza, está traçando o caminho de sua própria auto-destruição.Então, não causa admiração o fato de termos chegado aonde chegamos, ao aquecimento global e à aterradora devastação da natureza, com ameaças de extinção de vastas porções da biosfera e, no termo, até da espécie humana.Suspeito que ao não quebrarmos o paradigma produtivista/consumista/materialista em direção do cultivo do capital espiritual e da sustentação de toda a vida, com um sentido de mútua pertença entre terra e humanidade, podemos encontrar pela frente a escuridão.Devemos tentar ser, pelo menos um pouco, como a rosa, cantada pelo místico poeta Angelus Silesius (+1677) : “a rosa é sem porquê: floresce por florescer, não cuida de si mesma nem pede para ser olhada”(aforismo 289). Essa gratuidade é uma das pilastras do novo pardigma salvador.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Entardecendo o coração

Cuscuz com manteiga
e aquele gostinho n'alma
do último café.

Quando meu vazio virar minhoca
serei eu uma terra abençoada
sem grilos e sem sapos.

Meu músculo enfadonho
bate pasmo com tanto espaço
entre artérias e vácuos.

Que cuscuz iluminado,
que cafezinho gente fina...

Quando Nasci, Havia a América ! - Por: Dihelson Mendonça

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I Still Have a Dream !


Quando eu nasci, havia a América!


Morava sem saber, nos Estados Unidos do Brazil, um local onde de tanto assistir TV e filmes americanos, eu raciocinava que os Estados Unidos faziam parte do Brasil, ou vice-versa, e sentia o peito erguido de patriotismo quando via aqueles bravos soldados americanos lutando contra as forças do mal.

Na verdade, aprendemos a amar a America, Roy Roggers, John Wayne, Capitão América, Superhomem, Sinatra, Simon & Garfunkel, Jimmy Hendrix... os Waltons são parte da minha família ( Boa noite, James, boa noite Elisabeth, boa noite John ). O velho oeste era aqui no Brasil, junto com lampião na caatinga nordestina. Lampião ouvia Jazz e tocava Banjo. Na Broadway tocava Carmem Miranda e as canções de Cole Porter e Gershwin. Cresci acreditando no sonho americano: I HAVE A DREAM !

Woodstock era nosso sonho de liberdade em calças bocas-de-sino. Graças américa! Ponte do Brooklyn, ponte de San Francisco, Golden Gate, queria jogar mesmo no Desert inn de Las Vegas. Queria percorrer meu país pela ROUTE 66, até chegar no Rio de Janeiro. Queria ver Lennon e McCartney, meus ídolos da juventude descerem do avião, I have a Dream !

Com a mão erguida e a outra no coração, entoar:
"What america means to me..." e sentir que "nossa" ida ao Vietnã não foi em vão, como pregam nossos detratores. Lutar contra esse homem barbudo de uma pequena ilha do caribe, lançar nossos mísseis contra a União Soviética. Que a nossa bandeira listrada de listrinhas e losango verde-amarelado não tenha se esfarrapado em vão no topo de Iwo Jima, e que nossos destróiers destruídos em Pearl Harbour possam clamar por vingança de todos os nossos bravos homens como o Patton, Eisenhower e Douglas McCarthur que defenderam a "nossa" honra juntamente com Vargas e Collor de Mello. I have a dream !

Que tomemos de assalto a nossa capital Washington e dancemos dentro das águas do obelisco à washinton, de frente ao capitólio em Brasília, ouvindo a guitarra de Hendrix tocar o hino americano. Colocar fitas em torno da cabeça e fumar maconha no gramado da praça dos três poderes, e transar na frente da Casa Branca para dizer que somos nacionalistas ao som da "era de Aquarius". Sair de Oklahoma city em meu Ford conversível, fumando Camel para Nashville para assistir Kenny Roggers fazer parceria com Raul Seixas. Que eu possa hastear todos os dias em nosso gramado, a nossa bandeira que um dia simbolizará um mundo perfeito. I have a dream !

Que a nossa NASA, ao lançar outro Saturno V da barreira do inferno em Natal, possa levar nosso sonho americano às estrelas, pisando na lua e cravando nossa bandeira para que todos vejam nosso brilho nos confins do universo através da Enterprise de Jornada nas Estrelas. "A small step for man, a giant leap for mankind"... Que o docinho Marylin Monroe cante ao Mr. President bêbada a sua elegia pela bala que atravessará seu crânio no texas, lugar quente e desolado, bem ali, pertinho dos Inhamuns.

Que a pátria amada, idolatrada Salve Salve possa significar sempre a luta de nossos negros, Luther King, Malcolm X e Denzel Washington contra os branquelos de peito rosado, estilo schwarzenegger e que a Ku Klux Klan não atrapalhe a luta do General Rondon, grande desbravador do Arizona, que chegou com os primeiros colonizadores, vindo do leste para a Califórnia no Ciclo do Couro e do ouro de McKenna...I have a dream!



Esse é meu Brazil, cuja estátua da liberdade, presenteada por nossos irmãos franceses, resplandece altiva na baía de guanabara, às margens do Rio Hudson, bem ali ao lado do Cristo Redentor. Terra da riqueza e da esperança de dias melhores, onde nossos irmãos europeus foram desmoralizados na ilha de Ellis, antes de desenbarcar em Manhattan, onde meu velho Tio Sam, irmão de Avô Ray, que veio de Nova Olinda, pertinho de Nova York, me ensinou o lema: "BraZil, ame-o ou deixe-o", "America, love it, or leave it". Esse é meu Brasil americano, onde nossos soldados patrulham as nossas fronteiras da amazônia contra o eixo do mal. Esse é o Brazil Brasileiro, cheio de sonho e de pandeiro, onde há coqueiros que dão coco, e não banana, pois as bananas... ah! Yes, nós temos bananas! e onde o Tio Sam quer conhecer a nossa batucada e comer chiclete com banana.

Quero me exaltar e chorar de emoção ao ver a face de nosso ex-presidente Lincoln esculpida nas montanhas rochosas de Utah, ali petinho do dedo de deus, e quero sentir o patriotismo dos confederados, dos sulistas da guerra de secessão, e ver que Lincoln tinha razão. "Essa é uma grande nação...", moldada no princípio de grandes homens como Kennedy, Bob, John, ... que traçaram nosso futuro. Homens que aliados a kubitschek construíram o sonho dos americanos. Homens que financiaram a construção da Rede Globo e seu império vinda do grupo TimeLife. I have a dream !

Quero me exaltar ouvindo Sinatra cantar para nossos soldados em combate junto com Emilinha Borba e participar do Sinatra-Farney Fã Clube. Quero ouvir Dick Farney cantar em português e Nat King Cole cantar "Eu tinha uma andorinha que me fugiu da gaiola" sem sotaque. Quero ver novamente o Tom Jobim fazer parceria com Sinatra no Carnegie Hall e ouvir o belo sax de Stan Getz em Girl from Ipanema, o mais braSileiro dos braZileiros, numa música brasileira que ressalta o "American way of life". I have a dream !

Quero dançar o blues de Luiz Gonzaga, negro reluzente, que morava ali em Exu, às margens do Mississipi em Chamas, junto com a rabeca do Cego Aderaldo e Cego Oliveira tocando em dueto no Radio Music City Hall, tocando "South american way" para sair no acetato da CBS, NBC, RCA Victor ou não, com o pandeiro do Jackson, e o banjo da encruzilhada. Aquela sanfona branca como a paz que tanto ansiamos, depois de derrotarmos os vietcongues, os Islamitas, os Soviéticos, os Iranianos, os Iraqueanos, os Cubanos, e tantos outros povos...

Quero me deliciar vendo que a lei seca foi revogada e que não mais haverá depressão nesse país, e que Al Capone foi prêso e Edgar Hoover - Esse grande benfeitor - juntamente com o senador Joseph McCarthy conseguiu prender Lee Oswald por ter atirado em John Lennon em plena 5a. avenida no mês de maio, próximo à Macy´s ... ao som do coro angelical do profeta Joseph Smith e o retrato de Dorian Gray, que veio revelar os santos dos últimos dias em Salt lake City... I have a dream!

Quero enfim, que o nosso país reine "soberanamente", elevando-se ao mundo, e que embora deitado eternamente em berço esplêndido, ao som do mar e a luz do céu profundo, com estrelas e listras, possamos um dia acordar, olhar para nosso jardim, olhar para trás e ver que o sonho de Luther King para um Brazil melhor, sem discriminação, e o sonho de Kennedy não valeu o suicídio de Getúlio. Ver que desde o Grand Teton em Montana aos confins do sertão de Sobral, passando pelo verde vale do cariri, onde a verdadeira Águia americana de peito branco sobrevoa impávida as pradarias, onde todos formamos um único povo, uma só nação, movidas por um só ideal, um só governo, um só "way of life", uma só mídia, um só partido, uma só moeda, uma só música, uma só cultura, um só ideal:

"America, the Beautiful"

Viva os Estados Unidos do BraZil

Porra, nunca fomos colonizados ???

( Dedicado a Martin Luther King - que não teve nada a ver com essa merda toda )

Por: Dihelson Mendonça
Fotos: Fonte: Yahoo Imagens
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