Comi a maça , perdi o paraíso,
e teimo em não gozar o prêmio de liberdade ....
Por falta de presente, e medo do futuro ,
deixo as sandálias , no batente do passado .
Ando devagar, a pressa é desnecessária ...
A memória tem visão ora turva , ora clarificada ...
Nem que chova , nem que turve ,
as imagens são vivas , e ensolaradas!
Embora seja histórico , parece conto de fadas ...
Mudei a cara da vida ,mudaram a cara do Crato ...
As pessoas se esconderam no destino ...
debaixo de terra , dentro de casa ,
dormindo em serenatas , desapaixonadas !
Uns poucos, sobrevivem ...Relatam passagens ,
ilustram com figuras que merecem estátuas .
Se eu fosse escultora , faria o busto de " Pedro Cabeção " ...
seu riso de troça ,seu ofício , lustrando um cromo alemão.
Se eu fosse pintora , reproduziria em cartolina :"O Gordo e o Magro ", "A Vingança do Zorro " , " As Aventuras de Tarzan" ...
Compraria papel de seda , de todas as cores , na bodega de Seu Abidoral ; passa-raivas , lá em Seu Sá , uns briquedos de menina , na lojinha do Zé vilar ...Compraria guloseimas em Bantim , Joaquim Patrício , João Gualberto ,Cícero Beija-Flor ... , e umas fitas de seda , em Moacir , pra enfeitar os cabelos ... Uns metros de fustão , nas casas Abraão , um par de sapatos em Anísio , um bibelô na "Babilônia" , uma meada de lã na Cearense ....
E o CONTO DE REIS , acabou !
Saudades do carro de Pedro Maia , De Moreirinha( o mágico do nanquim) ; dos Educandários que fecharam , e dos sermões de Pe. Frederico ...
Falei em poucos , quando são tantos !
E ainda pergunto : Que fim levou Gilberto Milfont ?
Socorro: a fórmula da eternidade se compõe de uma pitada do contemporâneo, outra das escolhas do passado, junte um punhado de sonhos, misture tudo e mexa até o caldo engrossar. Separe numa tijela à parte e deixe esfriar. Vá na esquina e encontre um grupo de pessoas em animada especulação da vida. Apanhe um molho de versões distintas, pique-as sobre o caldo deixado a esfriar. Agora bata em neve os desejos do presente, ajunte as noites solitárias e mexendo tudo, vá, lentamente, deitando as almas da juventude. Peque esta clara e misture ao caldo deixado a esfriar. Leve aos teclados do computador e asse-os nos bytes da memória repassando-os para as distâncias do rede mundial.
ResponderExcluirSocorro, pra completar a saudade integral, só faltou mesmo um passeio no parque, no domingo, pra ver os bichos exóticos, naquelas jaulas serpenteadas, em frente à maternidade do São Francisco.
ResponderExcluirPoema massa, para além!
A diferença entre o Crato, e dezenas de outras cidades ditas importantes, está na alma jubilida que está viva, no coração do nosso povo.
ResponderExcluirA emoção bate forte, toda vez que caminho entre os textos escritos, pelos iluminados que habitam a nossa Nação Cariri.
Cultivar essa arte de encantamento,é a cada dia um exercício e uma obrigação de todos, que tão bem representam a cultura, e o pensamento tradicional humanístico do povo do Crato.
Parabéns grande Socorro.