Duas coisas que cultura não é: a) a manifestação isolada de artistas e intelectuais e b) os meios que divulgam a cultura. No primeiro caso se trata, no mundo capitalista, de aspectos ligados ao trabalho, ao trabalhador ou seja, a quem vende seu trabalho no mercado. No segundo caso, igualmente no mundo atual, de um produto que se compra e vende no mercado. Ambos existem como categoria histórica e embora não se possa ter cultura sem tais coisas, um tempo houve que não foi assim e um haverá de existir que assim não será. Então se queremos falar de aspectos teleológicos da cultura, em outro pensamento se encontra.
Duas coisas que cultura é: a) a apreensão da realidade pela humanidade e b) a linguagem humana com a qual se manifesta com sua contemporaneidade em relação às suas percepções intergeracionais. Por isso qualquer apreensão, embora uma qualidade de tempo e espaço de cada povo, não se resume ao modo de adjetivá-las, tentar criar selos de qualidade que afinal são o modo "preconceituoso" com o qual um povo classifica o outro. Os europeus viam a cultura africana e ameríndia como algo primitivo, puramente atrasado e sem valor estético. Aí vieram os cubistas com toda modernidade da arte, inclusive Carl Jung com O Homem e seus Símbolos e tudo se pôs no lugar do não colonialismo. O mesmo argumento se aplica à cultura como linguagem humana, sem a universalidade do pensamento, sem a apreensão da complexidade do mundo e da sua cristalina simplicidade (vejam bem intelectualidade nos tempos atuais é um mero padrão de qualidade, um selo de escolaridade) não se pode compreender o outro. E outro é a base da comunicação. Portanto, neste sentido, cultura é ao mesmo tempo estética (relativa a tempo, espaço e povo) e ética (relativa ao outro).
Agora ao que vem isso tudo. No seguinte sentido: não se formam artistas sem povo e não se constrói comunicação deste povo sem a conquista do espaço de comunicação. Ao falar de conquista é claro que falo em luta, mas é preciso entender a luta necessária em cada tempo. E a luta do tempo no MEU CARIRI é a luta pela expressão do imenso patrimônio que existe (não é só dos outros ou do folclore é de cada humano da região inclusive artistas e políticos) e criação de um público que interaja com a elaboração cultural. No meu entender alguns pontos são necessários:
a) os atuais candidatos a Prefeito (especialmente o Samuel que deseja a reeleição) deveriam elaborar um projeto cultural que financie as manifestações artísticas locais (especialmente os artistas) considerando a liberdade de criação e manifestação; a troca com outras culturas (oficinas, amostras, shows etc.) e pricipalmente a formação de público, especialmente nas escolas. No meu entender a prefeitura tem que criar uma grade de eventos regulares de manifestações culturais variadas (fotografia, música, pintura, escultura, poesia, literatura, teatro etc.) que tanto pode ser intinerante nos espaços da própria escola como podem ser eventos que congreguem várias escolas e os seus familiares.
b) os artistas do Crato (Cariri) têm que politizar os espaços de manifestações e expressão cultural. Para isso duas contradições devem ser superadas de cara: a disputa por hegemonia de grupos e a arapuca da "farinha pouca meu pirão primeiro". Em seguida mapear os espaços, as fontes de financiamento, as oportunidades não exploradas e criar um roteiro político de ocupação da cultura local. Volto ao tema da EXPOCRATO: aquele é um patrimônio público e da região e não cabe a um só organizador organizar o que é de todos. Os artistas locais devem ter força, conquistada por eles mesmos, na agenda do referido evento.
c) a cultura cearense não existe sem a cultura caririense. O Ceará não terá a mesma força de expressão de Pernambuco e Bahia se não juntar o litoral com o interior. E quando falo em juntar quero dizer de expressão, não de concessão, mas da verdadeira força da voz do Cariri e ela só aparecerá neste pântano de silêncio com a unidade política entre povo, artista e os políticos regionais.
Duas coisas que cultura é: a) a apreensão da realidade pela humanidade e b) a linguagem humana com a qual se manifesta com sua contemporaneidade em relação às suas percepções intergeracionais. Por isso qualquer apreensão, embora uma qualidade de tempo e espaço de cada povo, não se resume ao modo de adjetivá-las, tentar criar selos de qualidade que afinal são o modo "preconceituoso" com o qual um povo classifica o outro. Os europeus viam a cultura africana e ameríndia como algo primitivo, puramente atrasado e sem valor estético. Aí vieram os cubistas com toda modernidade da arte, inclusive Carl Jung com O Homem e seus Símbolos e tudo se pôs no lugar do não colonialismo. O mesmo argumento se aplica à cultura como linguagem humana, sem a universalidade do pensamento, sem a apreensão da complexidade do mundo e da sua cristalina simplicidade (vejam bem intelectualidade nos tempos atuais é um mero padrão de qualidade, um selo de escolaridade) não se pode compreender o outro. E outro é a base da comunicação. Portanto, neste sentido, cultura é ao mesmo tempo estética (relativa a tempo, espaço e povo) e ética (relativa ao outro).
Agora ao que vem isso tudo. No seguinte sentido: não se formam artistas sem povo e não se constrói comunicação deste povo sem a conquista do espaço de comunicação. Ao falar de conquista é claro que falo em luta, mas é preciso entender a luta necessária em cada tempo. E a luta do tempo no MEU CARIRI é a luta pela expressão do imenso patrimônio que existe (não é só dos outros ou do folclore é de cada humano da região inclusive artistas e políticos) e criação de um público que interaja com a elaboração cultural. No meu entender alguns pontos são necessários:
a) os atuais candidatos a Prefeito (especialmente o Samuel que deseja a reeleição) deveriam elaborar um projeto cultural que financie as manifestações artísticas locais (especialmente os artistas) considerando a liberdade de criação e manifestação; a troca com outras culturas (oficinas, amostras, shows etc.) e pricipalmente a formação de público, especialmente nas escolas. No meu entender a prefeitura tem que criar uma grade de eventos regulares de manifestações culturais variadas (fotografia, música, pintura, escultura, poesia, literatura, teatro etc.) que tanto pode ser intinerante nos espaços da própria escola como podem ser eventos que congreguem várias escolas e os seus familiares.
b) os artistas do Crato (Cariri) têm que politizar os espaços de manifestações e expressão cultural. Para isso duas contradições devem ser superadas de cara: a disputa por hegemonia de grupos e a arapuca da "farinha pouca meu pirão primeiro". Em seguida mapear os espaços, as fontes de financiamento, as oportunidades não exploradas e criar um roteiro político de ocupação da cultura local. Volto ao tema da EXPOCRATO: aquele é um patrimônio público e da região e não cabe a um só organizador organizar o que é de todos. Os artistas locais devem ter força, conquistada por eles mesmos, na agenda do referido evento.
c) a cultura cearense não existe sem a cultura caririense. O Ceará não terá a mesma força de expressão de Pernambuco e Bahia se não juntar o litoral com o interior. E quando falo em juntar quero dizer de expressão, não de concessão, mas da verdadeira força da voz do Cariri e ela só aparecerá neste pântano de silêncio com a unidade política entre povo, artista e os políticos regionais.
Precisas palestrar com os interessados , face a face...
ResponderExcluirQuando vens visitar teu torrão natal ?
Inclusive teu livro ... por que não autogrfá-lo , entre conterrâneos ?
Tua presença é constante ... Mas , pode ser , em qualquer dia , mais próxima !
Grande Zé do Vale,
ResponderExcluirÉ tendência natural das secretarias de cultura dos municípios em "folclorizar" a cultura. Inexiste a percepção da dinâmica e impermanência, do movimento, ou seja, quanto mais fossilizada mais reconhecida. É urgente que se idendifique no moderno e pós-moderno os novos signos de e com eles se estabeleça um diálogo permanente e enriquecedor dos valores culturais neles embrincados. Corre-se um risco enorme entregar pra uma secretaria de cultura a gestão do que representa CULTURA mas, por outro lado, é bom que de forma organizada os artistas cobrem uma co-responsabilidade no sentido de criar novos cenários para a representação dessa cultura não-excludente.
Nos anos 80, eu e o Carlos Rafael, incluímos na Lei Orgânica do Município a criação da Fundação J.de Figueiredo Filho, hoje regulamentada mas com vínculos inquebrantáveis e nocivos com a prefeitura e a Secretaria de Cultura. A Fundação está engessada!
Um dos meus projetos, alem de propor a política de editais para financiar projetos culturais, é libertar a Fundação J. de Figueiredo Filho para que ela cumpra um papel maior de irradiação da cultura cratense e dialogue em pé de igualdade com outras similares espalhadas pelo mundo afora.
Nos anos 70 e 80, só com o nosso entusiasmo, produzimos jornais, salões de artes, festivais de música, poesia, teatro, etc. E hoje, porque nos encolhemos?
Conto com as suas idéias, vibração e responsabilidade para com os nossos movimentos culturais.
Com estima,
José, como faço para ter o seu livro?
ResponderExcluirA bola foi levantada e esse é um debate que promete muitas coisas, devido à atenção chamada de todos os interessados. Duas visões bem precisas, a sua e a de Salatiel. Concordo plenamente com a pergunta e a perplexidade de Salatiel: Por que nós nos encolhemos? Principalmente agora, que somos mais conscientes, mais maduros, mais certos do que queremos.
vlw
Hj é São João. Aposto nesta fogueira de inteções !
ResponderExcluirMarcos façamos contato para endereçamento do Paracuru. Como referência jvalefeitosa@globo.com.
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