Pessoa interessante – e quase desconhecida – esse Joaquim Pinto Madeira! Em 1946, o médico e historiador cratense Irineu Pinheiro escreveu um trabalho sobre Pinto madeira, o malogrado caudilho caririense, nascido em Barbalha – no lugar denominado Silvério – ao sopé da Chapada do Araripe.
Pinto Madeira participou, ativamente, no Cariri, dos acontecimentos da Revolução Pernambucana de 1817 e da Confederação do Equador, esta em 1824. Era monarquista convicto, mas, diferente do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, Pinto Madeira era rancoroso e vingativo. Esses defeitos lhe acarretaram muitos inimigos.
Derrotados os revolucionários republicanos cratenses de 1817, coube a Pinto Madeira conduzir à prisão, em Fortaleza, os 20 presos políticos, a maioria da família Alencar ou seus agregados. No percurso, consta que esses presos teriam sofrido humilhações da parte do caudilho.
Irineu Pinheiro escreveu: “Nunca perdoaram os Alencares e os liberais cratenses a ação de Joaquim Pinto Madeira naquelas duas agitadas fases da nossa história”. Pinto Madeira era acérrimo inimigo dos republicanos e liberais. Quando da abdicação do Imperador Dom Pedro I ao trono brasileiro – fato ocorrido em 7 de abril de 1831 – Pinto Madeira aliou-se ao atrabiliário Vigário de Jardim, Padre Antônio Manoel de Sousa, julgando que os liberais brasileiros teriam forçado o Imperador a abdicar. Ledo engano, desmentido posteriormente pela história.
Os dois organizaram uma milícia, com cerca de dois mil homens, a maioria armada com rudimentares espingardas e invadiram a cidade de Crato para dar cabo das pessoas simpatizantes dos liberais. Na versão dos inimigos de Pinto Madeira, à falta de espingardas, o Padre Antônio Manoel benzia cacetes e os distribuía aos membros da milícia. Daí lhe vem o apelido de “benze - cacete”.
Pinto Madeira entrou triunfalmente em Crato. Mas, não pôde (ou não quis) conter os violentos revoltosos que saquearam o comércio e residências, cometeram assassinatos e queimaram arquivos públicos. A essa invasão seguiram-se as batalhas nas localidades Buriti, Coité, Barbalha, Missão Velha e Icó. Em 05 de junho de 1831 a Câmara de Crato decretou a prisão de Pinto Madeira. Pressionado pelo Governo Imperial o caudilho negociou sua rendição com o famoso General Labatut, em troca da garantia de vida.
O General cumpriu o trato e remeteu Pinto Madeira para Recife. Retornando ao Rio de Janeiro, Labatut não mais acompanhou Pinto Madeira que foi mandado ao Maranhão, onde sofreu muitas torturas. Retornou preso ao Ceará em 1834. Foi escoltado de Fortaleza a Crato, onde – num júri parcial – composto por inimigos seus, Pinto Madeira foi condenado à forca em 26 de novembro daquele ano. Não por crime da sua sedição, mas porque teria, anos antes, ordenado a morte de um parente de um dos jurados. Pinto Madeira tentou usar o direito de apelação, o que lhe era garantido pelas leis vigentes, o que lhe foi negado pelo juiz de forma ilegal.
Vendo que era o seu fim, alegou sua condição de Coronel pedindo para ser fuzilado ao invés de enforcado. Irineu Pinheiro arremata com maestria:
“Morreu virilmente Pinto Madeira. Conta a tradição, ouvida por mim desde criança, que momentos antes do fuzilamento, ofereceu-lhe um lenço para que vedasse os olhos um dos seus mais implacáveis inimigos, José Francisco Pereira Maia. Recusou o condenado a oferta, replicando ter no bolso lenço próprio. Durante anos a fio, fez-lhe promessas o rude povo dos sertões, considerando-o um mártir, isto é um santo”.Pinto Madeira participou, ativamente, no Cariri, dos acontecimentos da Revolução Pernambucana de 1817 e da Confederação do Equador, esta em 1824. Era monarquista convicto, mas, diferente do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, Pinto Madeira era rancoroso e vingativo. Esses defeitos lhe acarretaram muitos inimigos.
Derrotados os revolucionários republicanos cratenses de 1817, coube a Pinto Madeira conduzir à prisão, em Fortaleza, os 20 presos políticos, a maioria da família Alencar ou seus agregados. No percurso, consta que esses presos teriam sofrido humilhações da parte do caudilho.
Irineu Pinheiro escreveu: “Nunca perdoaram os Alencares e os liberais cratenses a ação de Joaquim Pinto Madeira naquelas duas agitadas fases da nossa história”. Pinto Madeira era acérrimo inimigo dos republicanos e liberais. Quando da abdicação do Imperador Dom Pedro I ao trono brasileiro – fato ocorrido em 7 de abril de 1831 – Pinto Madeira aliou-se ao atrabiliário Vigário de Jardim, Padre Antônio Manoel de Sousa, julgando que os liberais brasileiros teriam forçado o Imperador a abdicar. Ledo engano, desmentido posteriormente pela história.
Os dois organizaram uma milícia, com cerca de dois mil homens, a maioria armada com rudimentares espingardas e invadiram a cidade de Crato para dar cabo das pessoas simpatizantes dos liberais. Na versão dos inimigos de Pinto Madeira, à falta de espingardas, o Padre Antônio Manoel benzia cacetes e os distribuía aos membros da milícia. Daí lhe vem o apelido de “benze - cacete”.
Pinto Madeira entrou triunfalmente em Crato. Mas, não pôde (ou não quis) conter os violentos revoltosos que saquearam o comércio e residências, cometeram assassinatos e queimaram arquivos públicos. A essa invasão seguiram-se as batalhas nas localidades Buriti, Coité, Barbalha, Missão Velha e Icó. Em 05 de junho de 1831 a Câmara de Crato decretou a prisão de Pinto Madeira. Pressionado pelo Governo Imperial o caudilho negociou sua rendição com o famoso General Labatut, em troca da garantia de vida.
O General cumpriu o trato e remeteu Pinto Madeira para Recife. Retornando ao Rio de Janeiro, Labatut não mais acompanhou Pinto Madeira que foi mandado ao Maranhão, onde sofreu muitas torturas. Retornou preso ao Ceará em 1834. Foi escoltado de Fortaleza a Crato, onde – num júri parcial – composto por inimigos seus, Pinto Madeira foi condenado à forca em 26 de novembro daquele ano. Não por crime da sua sedição, mas porque teria, anos antes, ordenado a morte de um parente de um dos jurados. Pinto Madeira tentou usar o direito de apelação, o que lhe era garantido pelas leis vigentes, o que lhe foi negado pelo juiz de forma ilegal.
Vendo que era o seu fim, alegou sua condição de Coronel pedindo para ser fuzilado ao invés de enforcado. Irineu Pinheiro arremata com maestria:
(*) Armando Lopes Rafael é historiador. Artigo publicado no “Jornal do Cariri” em 30 de outubro de 2001.
Existem coisas estranhas no que tange à história da Confederação. O nome do contra-revolucionário Pinto M adeira é muito mais incensado do que o dos verdadeiros heróis do movimento.Imagino que a forma cruel e traiçoeira com que foi executado tenha um pouco a ver com isso. Pinto Madeira tem todo um bairro da cidade com o seu nome. Tristão Gonçalves, nosso herói mais épico e sua mãe a primeira heroina brasileira- D. Bárbara, têm apenas uma rua. A casa de D. Bárbara foi destruída sem pena. A casa do julgamento de Pinto Madeira ainda permanece de pé ( o antigo Senado). O Senador Alencar não tem qualquer referência maior da cidade a seu nome, bem como Pereira Filgueiras. Um ramo da própria família Alencar vive a macular o nome de D. Bárbara com insinuações a sua reputação que mesmo que se fossem verídicas não chegam sequer a macular a superfície da sua fortaleza e da sua determinação. O que fez historicamente com que eles tenham sido tão esquecidos ? Por que a Inconfidência Mineira o movimento pela independência que não saiu de simples reuniões e teve como chacinado apenas Tiradentes tem muito mais repercussão que a Conferedação do Equador que derrubou governos, fez eleições provinciais e,na hora do pega-pra-capar, teve um número enorme de pessoas trucidadas, dentre eles o nosso querido Tristão ?
ResponderExcluirHá algum tempo escrevi - a pedido -
ResponderExcluirpara o "site" da Prefeitura de Crato, no link "História da Cidade", um longo artigo sob o título: "Um pouco da história de Crato".
Infelizmente, por conta dessa esdrúxula lei eleitoral - o "site" encontra-se temporariamente desativado.
Meu artigo começa com os primórdios da ocupação do Vale e chega até os anos 80, do século passado. Quando abordei a Confederação do Equador escrevi o seguinte:
"Um herói chamado Tristão"
"Em 1824, eclode nova revolução republicana em Pernambuco denominada “Confederação do Equador”. Este movimento uniu algumas lideranças das províncias de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, descontentes com a Constituição outorgada pelo primeiro imperador brasileiro, Dom Pedro I. O movimento repercute intensamente no Crato.Tristão Gonçalves de Alencar Araripe aderiu, com todo entusiasmo e idealismo, à Confederação do Equador. Em 26 de agosto daquele ano, foi ele aclamado pelos rebeldes republicanos como Presidente do Ceará. Entretanto a reação do Governo Imperial foi implacável. As instruções para debelar o movimento eram assim sintetizadas: “(...) não admitir concessão ou capitulação, pois a rebeldes não se deve dar quartel”. Debelado o movimento restou a Tristão Araripe duas alternativas: exilar-se no exterior ou morrer lutando. Escolheu a última opção.
Nas suas pelejas, Tristão colecionou vários inimigos. Dentre eles um rancoroso proprietário rural, José Leão da Cunha Pereira. Este utilizou um seu capanga, Venceslau Alves de Almeida, para pôr fim à vida do herói da Confederação do Equador no Ceará. Tristão Araripe faleceu, em 31 de outubro de 1825, combatendo o grupo armado de José Leão, na localidade de Santa Rosa, hoje inundada pelas águas do Açude Castanhão.
Morreu como queria: pelejando, graças a Deus!
Zé e Armando: neste exato momento estou aguardando um carro para viajar até Araraquara em São Paulo. São 08:56 e não deveria levantar ponheira com um garrancho, já que a questão requer muito mais esforço. De qualquer modo o comentário de vocês mostram dois personagens de um mesmo tipo de "guerra" no Brasil. Lutas localizadas, regionais, levantes circunscritos a partes do território nacional que é assim desde a expansão portuguesa por sobre os limites do tratado de tordesilhas. Não tivemos uma luta entre uma fase da história (aquela baseada nos produtos da terra, de proprietários rurais) e uma outra mais avançada (industrial e burguesa). Esta luta essencial da história é a que explica a grande guerra norte e sul nos EUA e que resulta na emergência de uma sociedade moderna, capitalista e industrial. Por isso mesmo é que nunca encontraremos denominadores para a diversidade de lutas regionais.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirGostaria de estabelecer contatos com os demais pesquisadores que abordam sobre a Revolta de Pinto Madeira, em função de uma escassa produção bibliográfica e ausência de interesse em pesquisas mais aprofundadas sobre essa temática.
Abraço a todos!
Olá, vc por favor pode me dizer a referência bibliográfica? Sou da Universidade federal de São Paulo, curso história e desenvolvo pesquisa sobre a Revolução de Pinto Madeira, e estou levantando a bibliografia existente sobre o epsódio. Grata.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Danielle Telles, me manda um email informando que abordagem vc pretende usar em sua pesquisa e trocaremos informações!!
ResponderExcluirAguardo contato.
jean_cahis@hotmail.com