quarta-feira, 23 de julho de 2008

Meu filho de seis anos brincando

Chegada a hora do sono profundo.
Esquecer os elos e os selos antigos.
Dormir cauteloso no lado mais sombrio.
Buscar algo ou alguém ou assombro.
Não mexer a artéria fina saindo do pulso.
A agulha singela megera nega fogo.
Meu filho ensina aos amiguinhos imaginários
como matar o pai de desgosto.
Odeia as sílabas.
Cilada a outra calçada.
Sempre há uma casca.
Banana ou manga.
Tombo tenebroso ausente o anjo da guarda.
Viu como é fácil facilitar as coisas?
Suma com os fonemas e não volte mais pra casa.

2 comentários:

  1. Grande poeta das coisas e dos minutos, vá embora com os fonemas e não volte mais é poesia de verdade, longe de ser uma prenda, um passatempo ou um dom só depois do almoço. Fico feliz quando me deparo com algo assim no blog, assim eu sei que a poesia está viva entre os mortais. Domingos, você conhece Kavafis?
    Um abraço

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  2. Que versos magníficos de Kavafis!
    Não havia lido esse poeta.
    Meu camarada,
    muito obrigado pela dica.
    Minh'alma levou um tombo.
    Abraço.

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