Como Deputado Constituinte que fui, acompanhei a mobilização da juventude, para que a nova Constituição incluísse dispositivo que permitisse o direito de voto a partir de dezesseis anos.
Lembro do entusiasmo com que o Deputado Hermes Zanetti, do Rio Grande do Sul, lutava em defesa desta proposta.A idéia foi acolhida em caráter facultativo. Os números mostram o desinteresse dos jovens pela idéia.
Muitos têm renunciado ao exercício do direito que conquistaram.
No Rio de Janeiro, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) contabiliza, apenas, 27,4 mil jovens na faixa etária entre 16 e 17 anos com título de eleitor, contra 42,9 mil em 2004.No País, eles eram 3,6 milhões em 2004. Agora somam apenas 2,9 milhões, uma redução de 19%. Enquanto isso, no mesmo período, o eleitorado geral aumentou de 121 milhões para 130,6 milhões.
A política parece ter saído da agenda da juventude.O movimento estudantil perdeu importância, desabastecido de motivações ideológicas, que sucumbiram junto com o naufrágio do socialismo real e o desabamento do muro de Berlim.
Junto, afundaram os compromissos éticos apregoados às massas. As limitações do mundo real frearam os sonhos dos slogans, quando partidos de esquerda chegaram ao poder.Tudo e todos, aos olhos dos jovens, terão ficado muito iguais e indistintos.Já não há porque lutar, a não ser pela sobrevivência, num mundo ameaçado pela competição exacerbada e o egoísmo transformado em apetrecho moral indispensável à vitória.
Há uma sensação, nefasta, de desnecessidade da política.
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