O crime na internet
Por Antunes Ferreira
Não há duas sem três, dizia-se. Agora, sem margem para dúvidas, não há dias sem muitos. Leia-se: actos criminosos. Aqui há umas semanas rabisquei aqui uma «coisa» em que dizia, mais ou menos, «vou ali assaltar o banco e volto num instante». Agora, no mínimo, terei de utilizar muitos plurais. Demasiados, infelizmente.
Por estes conturbados tempos, aqui em Portugal, há de tudo: para além dos já calinos assaltos a bancos e outros alvos, rouba-se, a dinamite em plena auto-estrada, mata-se quem quer que seja, sobretudo porque o infeliz tentou negar-se a entregar a carteira, o cartão de crédito, e muito mais. Como o nosso Povo comenta, mata-se, esfola-se, viola-se, vigariza-se e rouba-se.
Estamos feitos. Estaremos? Tudo aponta para isso. Os «brandos costumes» característicos dos Portugueses estão, como estavam os dinossauros, em vias de extinção. E as imensas quantidades de armas que «andam por aí» ajudam e participam. E entram, ao contrário dos testículos.
A violência, como tudo o resto, não é um exclusivo made in Portugal. Estende-se pelo Mundo inteiro, tem tentáculos aos milhões, pobre do polvo nas suas limitações. Mas, como dizia o Jacintinho de Tormes, tudo chega atrasado a Portugal, Zé Fernandes. Ou algo assim. Em «A Cidade e as Serras», o Eça botou lá tudo. Lixado, o Queiroz. Não me refiro ao seleccionador nacional, claro.
Realmente do seu Paris natal até ao seu País de origem, as coisas demoravam o seu tempo a chegar. Ainda que viessem de comboio – vinham au ralenti. Logo na Estação de Tormes, quando se voltou para trás, já a caminho da quinta, e viu o zeloso chefe inclinado no cesto do lixo, a apanhar avidamente as revistas de mulheres nuas que trouxera da Cidade-Luz, ele acentuara a ideia mater.
Até as modas. As de senhora e as do procedimento. Diabo. Entrámos, portanto, no crime violento – atrasados. Sorte malvada. E não se diga que tal acontece por sermos… um País periférico. A União (???) Europeia, ainda e só considera a (des)qualificação para a Madeira e para os Açores. Nada disso. Progredimos à nossa velocidade de cruzeiro, mas progredimos. Devagarinho? Não nos podemos cansar muito. O clima-que-temos é quem paga as culpas.
Quando escrevo estas linhas, acabei de ler, no CM, que «são jovens, moram nos subúrbios das grandes cidades e apelam ao crime de forma directa. Ostentam armas, objectos roubados e desafiam a polícia. Estão espalhados na internet, não escondem o rosto e definem-se como bandidos». Ou seja, as novíssimas tecnologias aplicadas ao crime. Estamos bem. Estamos na onda. Somos bué da fixes, actualizados. Progredimos.
O combate a e, sobretudo a prevenção destes procedimentos, vai ser duro, complexo e dificílimo. Vencê-lo-emos? Seria bom que, no mínimo, o limitássemos e o fossemos atenuando. Singular convergência: Presidente da República, Governo, Oposição e Procurador Geral da República estão em consonância. Ainda bem. Neste particular, não há lugar para os luso-famigerados «brandos costumes».
Também, e como habitualmente, publicado no www.travessadoferreira.blogspot.com e no www.sorumbatico.blogspot.com
Caro Antunes Ferreira
ResponderExcluirSe não afinarem urgentemente os travões desta "coisa" em velocidade de cruzeiro com tendência a acelerar, crime violento e não só, o estampanço será inevitável. No estado em que se encontra a "coisa" e o sinaleiro da mesma precisa de inspecção para descobrir as causas e intervenção adequada, o Sinaleiro precisa de reciclagem formativa, não pode ser tudo pra frentex... Talvez estejamos mesmo tramados as regras deixaram de o ser pelo que se vê.
Para levar recados as ciber estradas já não se medem em quilómetros mas em bites com se deslocam à velocidade da luz nas tecnológicas ciberestradas, estamos atrasados mas lá chegaremos, basta acelerar um pouco mais para alcançarmos o "pelotão da frente" desta coisa sem "travões" há que poupar nos calços e na "mão de obra" caríssima na área da "mecânica" especializada.
Um abraço
Carlos Rebola
� muito bom conviver agora com a nossa l�ngua � maneira dos portugueses. Um abra�o.
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