quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Das Tensões

Ainda estão lá
Aquelas três moedas surradas
Em cima do balcão velho

Eram para comprar o universo
Mas o espaço é curvo
Cheio de esquinas iluminadas
Por lâmpadas fubazentas

Ainda tristes
Os cotovelos arredaram
Sobraram as cotovias embriagadas
Descendo a rua de pedra lavada

A saudade é essa imensidão
Encurtada pelas palavras
Que também não pode
Ser comprada

4 comentários:

  1. As tensões não estão no irrealizado. È na compra do universo que nossas tensões existem. Este feixe através dos dedos. Tem massa e não é táctil. Tem energia e apaga nossas esperanças. Mas compramos o universo. Nem sei bem o motivo pelo qual fizemos. Talvez porque tenhamos nascidos após a revolução inglesa. Num ímpeto de compra e venda.

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  2. Mais uma das geniais poesias levadas por um fio de tensão que tanto admiro. A sintese sempre me parece um golpe fatal, arrebatador e nisso mais uma vez foi feliz. Valeu Marcos. Parabéns por mais outra sacada que para variar...é genial.

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  3. José, a gente não sabe bem muita coisa e vai comprando e vai comprando. O pior é quando a gente se vende! Mas, como afirma Gaston Bachelard, sempre que a gente compra uma coisa, vende outra. Grande comentário.

    Estou lendo Paracuru e estou abismado com a sua força criativa.

    abraços

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  4. Sávio, muita generosidade sua, cara. Agradeço suas palavras. A admiração é recíproca.
    abraços

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