Afinal o que ocorre? Para alguns é o movimento pendular do capitalismo entre o Estado e o Mercado. Por ocasiões o pêndulo tende para o mercado livre, auto-regulado, um ente racional que aposta nas melhores soluções e todos vivem felizes. Por outra é o Estado, regulador, indutor de estratégias, com proteções sociais e a igualdade traz a paz. Mas é isso mesmo o que ocorreu entre os anos 80 e estes 10 primeiros anos do século XXI, compreendido como o da era Teatcher-Reagen?
Aí dizemos dos Estados enfraquecidos, insuficientes para coisas complexas. Estados enxugados e reduzidos a uma linha de base que não interviesse nas leis de ouro do capitalismo. Aliás, cada vez mais as leis do capitalismo se reduzem a uma única: demanda e oferta. Uma vez deixada ao sabor dos seus movimentos, os agentes racionais, que se disseminam no mercado, conhecem exatamente a estrutura da economia e deste modo são capazes de se antecipar à evolução dos fatos. Aí o mundo segue. Mas o mundo é como um animal mesmo, mais que o outro animal do mercado, agita-se e a racionalidade perde a tramontana. Só não se imaginava que um ultra liberal como Martin Wolf viesse dizer que a regra de ouro, ela mesma, levasse à crise.
Mas tem um dado que nos deixa mais confusos. E confusão como sintoma mesmo de um contraditório que atravessa nossa visão, mas não o entendemos, pois nosso modelo de mundo racional se antepõe a esta visão. Ambos não combinam. Qual seja, se o neoliberalismo enxugou os Estados, levou tudo ao Estado Mínimo, que tanta grana é essa que sai das burras dos Estados nacionais para encher as malfadadas ações do mercado? Então o Estado era mínimo, mas o caixa era máximo? O Estado nada podia, era insuficiente e agora pode tudo, até nos salvar de uma quebradeira ao estilo anos 30? O Estado pode fazer guerra ao terrorismo, punir nações não pagadoras, punir populações rebeldes? Tem algo efetivamente contraditório nisso tudo.
Uma maneira de dirimir a contradição é contemplar se efetivamente ela existe. E ao que tudo leva a crer ela não existe. Jamais o capitalismo pôde abdicar dos Estados Nacionais. Apenas precisava limar limites nacionais para que os capitais, especialmente o financeiro, pudessem fazer o jogo livre de "novos produtos" para ganhar dinheiro, inventar a securitização, os derivados e jogar solto na face oculta da Globalização. Mas aí vem a revelação clara da era neoliberal: não se tratava de reformas para o livre mercado, mas de controle sobre os ganhos do trabalho e a proteção social que os movimentos trabalhistas haviam implantado nas sociedades do pós-segunda guerra.
A prova cabal foi a ampliação a quase início do século XX das desigualdades sociais em todo o ocidente. E agora que os Estados têm que salvar as empresas, como fica a questão do trabalho e das sociedades? Será muito pouco improvável que uma crise social não surja deste cenário. Uma crise social que tenderá a rever todo o rebaixamento da vida dos trabalhadores. Não é possível que após a farra das empresas um novo arranjo não se faça. Uma das coisas que mais chocou nos fatos da agonia do Leahman Brothers não foi apenas a sua quebra, mas essencialmente reconhecer-se que o banco operava com produtos fora da regulamentação, "inovadores" e o pior de todos os pecados, não contabilizados.
Uma contabilidade mentirosa, que não revele a verdadeira situação das empresas, é um dano irreparável ao capitalismo. Especialmente ao que resta de vida nele que são os chamados "agentes racionais" pois como este poderão tomar atitudes racionais se as informações não se ajustam à realidade? E vejamos que isso é um grande problema nos EUA, todas as famosas agências de risco erraram feio em sua previsão. Todas estão no furacão da crise, prestes a quebrar ou serem vendidas. A racionalidade esteve a serviço do irracional.
Aí dizemos dos Estados enfraquecidos, insuficientes para coisas complexas. Estados enxugados e reduzidos a uma linha de base que não interviesse nas leis de ouro do capitalismo. Aliás, cada vez mais as leis do capitalismo se reduzem a uma única: demanda e oferta. Uma vez deixada ao sabor dos seus movimentos, os agentes racionais, que se disseminam no mercado, conhecem exatamente a estrutura da economia e deste modo são capazes de se antecipar à evolução dos fatos. Aí o mundo segue. Mas o mundo é como um animal mesmo, mais que o outro animal do mercado, agita-se e a racionalidade perde a tramontana. Só não se imaginava que um ultra liberal como Martin Wolf viesse dizer que a regra de ouro, ela mesma, levasse à crise.
Mas tem um dado que nos deixa mais confusos. E confusão como sintoma mesmo de um contraditório que atravessa nossa visão, mas não o entendemos, pois nosso modelo de mundo racional se antepõe a esta visão. Ambos não combinam. Qual seja, se o neoliberalismo enxugou os Estados, levou tudo ao Estado Mínimo, que tanta grana é essa que sai das burras dos Estados nacionais para encher as malfadadas ações do mercado? Então o Estado era mínimo, mas o caixa era máximo? O Estado nada podia, era insuficiente e agora pode tudo, até nos salvar de uma quebradeira ao estilo anos 30? O Estado pode fazer guerra ao terrorismo, punir nações não pagadoras, punir populações rebeldes? Tem algo efetivamente contraditório nisso tudo.
Uma maneira de dirimir a contradição é contemplar se efetivamente ela existe. E ao que tudo leva a crer ela não existe. Jamais o capitalismo pôde abdicar dos Estados Nacionais. Apenas precisava limar limites nacionais para que os capitais, especialmente o financeiro, pudessem fazer o jogo livre de "novos produtos" para ganhar dinheiro, inventar a securitização, os derivados e jogar solto na face oculta da Globalização. Mas aí vem a revelação clara da era neoliberal: não se tratava de reformas para o livre mercado, mas de controle sobre os ganhos do trabalho e a proteção social que os movimentos trabalhistas haviam implantado nas sociedades do pós-segunda guerra.
A prova cabal foi a ampliação a quase início do século XX das desigualdades sociais em todo o ocidente. E agora que os Estados têm que salvar as empresas, como fica a questão do trabalho e das sociedades? Será muito pouco improvável que uma crise social não surja deste cenário. Uma crise social que tenderá a rever todo o rebaixamento da vida dos trabalhadores. Não é possível que após a farra das empresas um novo arranjo não se faça. Uma das coisas que mais chocou nos fatos da agonia do Leahman Brothers não foi apenas a sua quebra, mas essencialmente reconhecer-se que o banco operava com produtos fora da regulamentação, "inovadores" e o pior de todos os pecados, não contabilizados.
Uma contabilidade mentirosa, que não revele a verdadeira situação das empresas, é um dano irreparável ao capitalismo. Especialmente ao que resta de vida nele que são os chamados "agentes racionais" pois como este poderão tomar atitudes racionais se as informações não se ajustam à realidade? E vejamos que isso é um grande problema nos EUA, todas as famosas agências de risco erraram feio em sua previsão. Todas estão no furacão da crise, prestes a quebrar ou serem vendidas. A racionalidade esteve a serviço do irracional.
Que prazer ler tua sabedoria implícita, colocada a dispor generosamente. A última frase chega a ser redundante depois de traçado tão perfeito entre boca e ouvido, abaixo a cabeça em reverência, estou entre doutores.
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