As droguitas são o motivo da vadiagem
No fim da noite ninguém teme a calamidade
E quando o faz, já está feita
Ninguém a procura, ela chega
enroladinha no meio dos plásticos, sonsa
Arremessa contra as putas de fim de noite
o gôzo estéril que agrada as vacas
A calamidade passa a impressão de que é criadora
Levanta do caos os versos
cospe em Shakespeare
E assassina de novo Ghandi
O corpo aliviado
O auto-abuso lembrado
A risada do louco é maior ali
E no terror da morte
É cada um por si chorando às flores
A noite é uma pescaria
Os peixes tagarelando embaixo d'agua
E o pescador silencioso
Pega o que não previa
pra alimentar não só a carne
Mulher é feita de partes
Mãos pra cuidar um mundo
Os cabelos pra cheirar sem espirros
Um buraco pra se entreter nos riscos
E um pescoço sem coleira
Que não são privadas, são públicas as suas emoções
E sempre dão descarga por educação
Quando jogamos coisas velhas fora
depois de uns dias não lembramos o que fôra
Desvencilhamos das sobras
só a essência explica
se o que transborda não faltase
o que perfura cicatriza ou abre valas
em qualquer madrugada.
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