quarta-feira, 15 de outubro de 2008

TACITURNO


Nada há mais que nestes dias que possa eu pensar
Nada na brisa que leva este silêncio a nenhum lugar
Nada no movimento intenso dos carros, nos gestos nobres e bravos
Nada além do velho hábito de me cansar

Cansa o prelúdio, cessou o adágio
Nem vestígios das gotas sonoras de um pianíssimo...
Nada nos versos vorazes dos jovens,
Que movem este tempo rapidíssimo.

Estacionam as águas, congela-se a poeira no ar
Emudecem as notas que antes estavam a bradar
Agrilhoam-se os passos da dança...
A agora cantam e dançam as mazelas em forte brado sem cessar

Fotografia: Luís Gonzaga Batista
Endereço: http://olhares.aeiou.pt/sem_titulo/foto2085412.html

5 comentários:

  1. Se tudo em você , dependendo da hora , sabe dançar , está harmonizado com a dança do mundo : a vida !


    Beijos , menino grande !

    ResponderExcluir
  2. take um:
    um violoncelo toca notas graves e lentas.
    take dois:
    uma senhora com uma sombrinha tira o xale do rosto, enxuga os olhos e recita taciturno.
    muito bonito meu brother.

    ResponderExcluir
  3. Grande poema Sávio.
    Estávamos merecendo essa redenção poética. De vem em quando esse blog sofre uma síndrome de blog do crato, ainda bem que existem os poetas pra confundir essa porra toda.

    ResponderExcluir
  4. Agradeço a todos pelo comentário.
    Socorro, esses dias apareço novamente por aí, desta vez para um almoço.
    Lupeu meu caro agrdeço a imagem que projetou com o comentário. Uma ótima sugestão para o recital que quero montar um dia.
    Marcos razpaz, estava pensando aqui. Você mora tão perto e até hoje não lhe conheço pessoalmente. Qualquer dia desses apareço por aí com meu amigo Hermano para lhe perturbar. Obrigado pelo comentário e parabéns a todos pela poética de cada um. O senhores estão sendo estudados por meus alunos a um bom tempo e talvez role um recital no final do ano com suas respectivas poesias (caso permitido).
    Um abraço

    ResponderExcluir
  5. O Sávio é um poeta que vem destilando um líquido ácido de um conteúdo fermentado ao ritmo do contradítório da vida. Mas o destilado nos provoca um redenção otimista uma vez revelado os "nada por..", o cansaço ou a mudez que poeta como um ser do Araripe.

    ResponderExcluir