segunda-feira, 24 de novembro de 2008

CANZONISSIMA

A canção italiana não poderia deixar de ter muita importância no século XX. Primeiro pela sua herança desde o renascimento, depois o barroco, o clássico, o romântico, inclusive por ser o povo que praticamente estrutura a ópera. Segundo pelo enorme êxodo do seu povo em direção das jovens e importantes nações das Américas: EUA, Brasil e Argentina. Onde foi um italiano foi com ele uma canção de saudade como a napolitana, foi a canção do amor, da paixão pelo futuro, foi a poesia e o fraseado musical com enorme potencial de arrebatar os espíritos. Seja por engano ao outro como vociferava Nietzsche contra Wagner, seja por puro espírito de novamente se achar italiano.

Uma canção de Domenico Modugno que praticamente justifica o século italiano: Penso che un sogno così non ritorni mai più/ Mi dipingevo le mani e la faccia di blu /Poi d'improvviso venivo dal vento rapito/E incominciavo a volare nel cielo infinito (Penso que um sonho assim não retorna jamais/ Pinto-me as mãos e a face de azul/ Pois de repente vinha um vento rápido/ E começava a voar no céu infinito). Isso já é pura indústria fonográfica multinacional e um bem sucedido programa de divulgação e formação de público: os festivais, especialmente San Remo.

Nesta altura o cinema americano do pós guerra se enamorara da Itália, seu povo, suas paisagens turísticas, a cozinha e os sonho de uma boa vida à American Way of Life. Assim é que veio o Candelabro Italiano com um restaurante de enamorados ouvindo Emilio Pericoli: Al di là delle cose più belle. / Al di là delle stelle, ci sei tu./ Al di là, ci sei tu per me, per me, soltanto per me. Antes, na década de cinqüenta, o melodrama Three Coins in the Fountain com uma canção tipicamente americana em volta das moedas em promessa na Fontana de Trevi. Mas nos anos 60 o Come September, conhecido por Quando Setembro Vier, encontrou Gina Lollobrigida na garupa da lambreta de Rock Hudson (aquele homem que arrebatava os corações das meninas da Siqueira Campos e depois foi uma das primeiras vítimas da transmissão homossexual do HIV).

Uma lista do vasto mundo do cancioneiro italiano do século XX: além dos citados, havia Gianni Morandi, Bobby Solo, Claudio Villa, Nico Fidenco, Pino Donaggio, Pepino de Capri, Sergio Endrigo, Luigi Tenco e a lista vai muito além desta página. E as mulheres como Mina, Ornella Vanoni, Rita Pavone, Gigiola Cinquetti, Rossana Fratello e segue por outras mais mulheres de voz popular.

E a Itália viajou com a música pop com suas bandas, de estilo progressivo ou não, fazendo sucesso além da península. Fez música de protesto, a crítica social soberana como na composição de Lucio Dalla e esta linda canções que Chico Buarque traduziu com maestria: Dice che era un bell'uomo/ e veniva, veniva dal mare.../ parlava un'altra lingua... /però sapeva amare; e quel giorno lui prese mia madre/ sopra un bel prato.. l'ora più dolce/ prima di essere ammazzato. /Così lei restò sola nella stanza, / la stanza sul porto, / con l'unico vestito /ogni giorno più corto,....

2 comentários:

  1. Creio que não podia haver uma maneira mais própria de mostrar a música italiana que "acometeu" nossa geração de emoções novas.
    Eu mesma tentei aprender italiano com Padre Mario Cinciripini, numa sala da Urca, quando esta ainda funcionava nas dependências do Colégio Madre Ana Couto. Consegui eufórica a letra da música "Al di la" e colei-a com durex na parede do box (banheiro) para cantá-la na hora do banho e, assim, memorizá-la... Acabei aprendendo, assim como outras músicas que estavam no auge. - Se piange, se ridi, Io piango con te" - e vai por aí...
    Sua apresentação da época foi realmente abrangente e de muitas forma me trouxe muita saudade.


    Abraço,
    Claude

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  2. Leia acima, "de muitas formas" com S no final

    Merci

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