Foto por Claude Bloc
.......................................
Decidi levantar-me mais cedo. A noite fora longa e de sono inquieto. Não me adiantavam os exercícios insensatos da imaginação. De nada me serviriam. Tentei em vão domar um sentimento de ansiedade e entender, em meio ao vendaval que me desassossegava, essa minha relação com o tempo, para aceitá-lo como elo invisível de/na minha história...
Um torpor intenso ainda me afetava e me deixava presa à exterioridade do instante e ao devir das coisas inexatas. O sono ainda me obscurecia o raciocínio. Sentia-me lassa. Sustentava-me, nessa hora, de começos e tropeços imanentes sem a consciência precisa do que se passava comigo. O tempo refluía e vinha-me a quase absoluta certeza de que, naquela hora, o sentimento latente tinha apenas o poder de inaugurar os sonhos sem jamais poder consumá-los.
A ausência passava a se fazer presente ostensivamente e esse traço deixado pela saudade batia em retirada. Perguntas emergiam do meu íntimo: silêncios que nunca consegui entender. Desfilavam ali todos os sonhos expondo suas fraturas, diluindo suas fronteiras...
Todos os sonhos! – essa fonte de anseios que permanecia pulsando até a consumação de minha alma e que paradoxalmente, num pequeno lapso, se enfraquecia , desaparecia salientando as rupturas. Os sonhos representando o desejo pleno de fotografar o instante, a fantasia, a tessitura das emoções, a vontade impalpável, mas efetiva e ao mesmo tempo indomável de poder realizá-los, a possibilidade mesma do alento nesses caminhos deixados em aberto...
Sonhar nesse momento seria querer deter o tempo nas frações dos minutos e vencer o desânimo, o sono, o cansaço e seus sucessivos deslocamentos. Vencer as querelas da noite mal dormida. Extenuar-me de tanto sentimento, nessa emergência difusa de um desejo. Deixar o olhar se perder nas sendas da vida. Ter consciência de que o sonho é mais visível no alvorecer do sentimento. Sonhar e poder despertar sem sofrer.
.......................................
Texto de Claude Bloc
Que ritmo maravilhoso,
ResponderExcluirtoda alma, toda alma...
Boa noite, abraços.
O ritmo, o sonho embala.
ResponderExcluirAbraço,
Claude
Dihelson sempre comenta sobre os meus horários de postagens.Percebo qua não sou a única a estar aqui a esta hora. Agradeço pelas palavras de incentivo.
Só que você se vai embora mais cedo. Às vezes eu começo a postar depois das 3... rs rs
ResponderExcluirAbraços,
DM
Dihelson,
ResponderExcluirCá estou de novo...
Sou dura na queda.
Leu meu texto? Teve um tempinho?
Abraços,
Claude
Claude esgrima com o tempo. Numa elegância de odor floral e olhar de revelação. Então os parágrafos vão como um canto, que logo encanta, sintetizando indistintas partes pois é como um lago cujas margem podem aumentar ou diminuir (a depender das águas do tempo) mas, independente disso, todos reconhecemos o lago. Qual parágrafo é representativo do todo, é difícil perceber-se. Pois deste tipo de escrita o Domingos, o Dihelson e a própria Claude entenderam tudo: falaram do tempo que perpassa a madrugada.
ResponderExcluirAposto que estas duas margaridas , enfeitam a franja do teu cabelo.
ResponderExcluirZé do Vale fez uma colocação tão linda , que o jeito é esperar a próxima poesia , que vive no caminho da Claude.
José do Vale e Socorro,
ResponderExcluirNem sei dentre vocês quem mais se parece com a própria poesia... Dentre tantos encantamentos, mais me encanta lê-los. Sabê-los lendo o que escrevo e sentindo comigo esse poder que as palavras têm de remexer com os sentimentos e consumi-los num instante.
Abraços aos dois
Claude
O Surgimento de Claude Bloc na "blogosfera caririense" é um fenômeno poético em todos os sentidos. Não me animo dessa forma desde que vi os poemas de Socorro Moreira, de igual consistência.
ResponderExcluirAbraços,
Dihelson Mendonça