terça-feira, 4 de novembro de 2008

Parto natural

A rãzinha teve filhotes.
Dezenas.
Agora meu banheiro é um berçário
cheio de rãzinhas miúdas, marrons, delicadas e friorentas.
Jóia pro meu filho de sete anos
que já se prepara ao ritual:
álcool, algodão, alfinetes.

4 comentários:

  1. Domingos que junta os produtos à estrutura do órgão, também junta o resultado humano à sua (dele: o humano) contradição. Este poema que revela uma "maldade" final, é bem humano. E tudo que for humano não nos é indiferente. A respeito lembro de uma pequena história. Uma menininha da melhor estampa (cabelos louros cacheados, olhos azuis, branca como a neve), com seu ar inocente, ganhou uns pintinhos de presente. Dois dias com toda placidez que Deus lhe deu chega para a mãe com os pintinhos mortos sobre as mãos. A mãe arregala os tambéns azuis dos olhos. A filhinha de deus se explica: mãe eu peguei no pescoço dele e apertei assim e eles "erg"....e ficaram assim.

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  2. A Maldade é natural do homem. O que posso desejar aos malvados ? Se não fosse filho do nosso querido Domingos, eu desejaria que esse malvado se furasse com o alfinete e o álcool estivesse estragado.

    Porque a maldade pode muito bem ser controlada pelos pais, que devem ensinar o amor aos animais e à Natureza. É dever dos pais, como educadores, ensinar o caminho da retidão aos filhos, e se temos um mundo cheio de perversos hoje, que não respeitam lei alguma, é somente culpa dos pais, pois esses demônios começam na infância, em lares desordenados, sem lei e sem ordem, e assim, o mal só pode proliferar de geração a geração.

    Mas isso é apenas um "Como se fosse"...reflexões sobre a maldade na poesia, cá com meus botões, que ninguém precisa saber...

    Dihelson Mendonça

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  3. grande poeta

    essa sua veia irônica, profundamente cínica e existencial
    provoca o que mais aprecio em um poema: estranhamento.

    Como diz José do Vale: tudo o que for humano não nos é indiferente.

    abraços

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  4. A palavra é essa:

    ESTRANHAMENTO.

    Um dia vi um homem caminhando nas ruas com uma melancia pendurada no pescoço e me causou um profundo estranhamento.

    Abraços,

    Dihelson Mendonça

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