Reajo ao primeiro toque de algo novo. Coisa sem nome. Troço que reverbera em minha cabeça.
A dor...
Que tem várias formas. Que surge do nada, numa virada de sexta, numa noite úmida, de luzes néons, pressa, a mesma cara de antes no espelho gigante do quarto 111. Fazia calor, fazia frio – na alma, ao menos naquele momento crucial, de poucas cores, de incertezas, ou a certeza do fim; fazia frio na porra da alma, de outra pessoa.
A minha, entrava em ebulição. Quase explodia. Mas eu sabia, entendia o velho ditado: quem planta vento, colhe tempestades – e eu, do olho do maldito furacão, cantarolava uma balada do Neil Young, que tava valendo como prece, fim de algo, dor aguda no peito, vontade de descer a ladeira sinuosa e vazia, em passos de chumbo e esquecer o próprio nome.
E fui me desvencilhando das causas, sentindo na pele a conseqüência. Da vida, das turbulências. Segui a avenida invejando a beleza dos pés do Fred Astaire, que dançava no caos Technicolor dos meus sonhos - anotar na agenda: aprender a dançar por cima das lápides, uma com meu nome gravado, algum dia.
Meus dias merecem gritos alucinados, berros, desvãos, cigarros apressados, olhares de soslaio para a morte. Mas nada de flertar com o que é inevitável.
Outra coisa para colocar na agenda.
Do outro lado da esquina, amigos fumavam e versavam absurdos. Ameaçava chuva. Eu, de minha parte, como sempre calado, fui com eles atravessar a madrugada.
Dormi quase nada. A vida pede pressa. Tenho algumas cartas na manga para o próximo momento de dor sincera. Aprendi a rir das próprias desgraças.
dormir? o caos pede pressa. fred pede pressa. young pede pressa. quem de nós, quer menos que isso? fudido cumpadi.
ResponderExcluirbueno retorno.