sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Sábado de Aedes

Por favor, não me convide.
Nem sei que lua é hoje.
Comi salgadinhos,
bebi refrigerante.
Não me sinto seguro.
A cirurgia é tão delicada.
Um garfo enfiado na glândula pineal.
Dedos meus não tremam.
Cílios meus não caiam na palma da minha mão.
Sou do tempo que assoprava e fazia um pedido.
Peço-lhe, não me convide.
Muitas caixas d'água ainda gorjeiam.
Muitos telhados para destelhar e retelhar direitinho.
Ou deixar goteiras.
Por favor, não me convide.
Nem sei que brisa é essa que me arrepiou as canelas.
Sou do tempo que fugia amedrontado.
Talvez fantasma do tio.
É. Vou dormir cedo.
Vestir meu bermudão surrado.
Sonhar com larvas da minha Aedes.
Ela é tão egoísta.

Um comentário:

  1. Aperte os cílios nos dedos, e revele o seu desejo!


    Menino do céu , um detalhe esquecido como outros , que agora lembro.

    Quando víamos uma mudança , gestualmente , fazíamos o aprisionamento no peito , e garantíamos uma boa surpresa ;
    Um padre ...O gesto era repetido ...prometia o encontro com a pessoa amada.
    Pessoa amada ...depois passava. São tão raros os grandes amores. Só vive esse sentimento quem tem paciência de esperar que o tédio venha , e um dia passe !
    Depois da crise , aí sim, o amor se aquieta e vira um edifício inabalável!
    Eu já passei da idade ...
    Antes , eu não tinha idade...
    Quando a idade eu tive
    brinquei de amar,
    e amei tão seriamente
    que o amor
    morreu de exaustão.
    Por que teu poema despregou minha língua ?
    Desamarrou um nó na goela ...
    - Me fará dormir , placidamente !

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