Por André do Blog - Consciência Política
Quem pensa que FHC está morto, está enganado, ele só precisa de oportunidades para relembrar como governou o nosso país. DEMISSÕES FOI A MARCA DO SEU GOVERNO !
Por causa de reações negativas a entrevista concedida ao Estado, o maestro John Neschling foi demitido ontem da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) por e-mail. A decisão, assinada pelo presidente do Conselho de Administração da Fundação Osesp, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), foi unânime. Por meio de assessor, Neschling, que está na Grécia, afirmou que recebeu a carta por e-mail ontem à tarde, que vai conversar com algumas pessoas para entender melhor a situação e que não vai se pronunciar sobre a demissão até seu retorno, no final da próxima semana.
Neschling já havia comunicado, em 13 de junho do ano passado, que só permaneceria à frente da orquestra até 31 de outubro de 2010. Mas, diz a carta de FHC, como as declarações do maestro ao Estado, em entrevista publicada no dia 9 de dezembro, repercutiram negativamente entre os músicos, o conselho reuniu-se para analisar a entrevista e "estimar seu efeito" nas condições em que a sucessão no comando da orquestra se daria "nos quase dois anos ainda por decorrer até a expiração do atual contrato".
"À luz da gravidade dos termos daquela entrevista, que coroa uma série de manifestações na mesma direção, o Conselho de Administração, com pesar, mas no cumprimento de seu dever estatutário (...), decidiu, por unanimidade, pela ruptura contratual imediata", afirma o texto. "A manifestação pública de Vossa Senhoria deixa poucas dúvidas quanto à possibilidade - como era nossa intenção - de uma convivência harmoniosa, no processo de sucessão, evidenciando conduta indesejável e inconciliável com o desempenho das atribuições contratuais", prossegue a carta.
''PROJETO MEU''
Na entrevista, Neschling criticou ter sido marginalizado do processo sucessório. "Estou preocupado com a maneira como a sucessão está sendo feita. E magoado por ter sido excluído do processo", disse. Ele também declarou que há 12 anos a Osesp "era inexistente, existia mal e porcamente, estava acabando" e que, sob seu comando, "uma orquestra que não existia fez de São Paulo um centro sinfônico".
Ele afirmou ter proposto uma transição "mais lenta" e "pacífica". "Pedi mais dois anos de contrato ao longo dos quais eu regeria menos e ajudaria a procurar um substituto. Não obtive resposta", declarou.
Neschling afirmou também estar preocupado com o futuro. "A Osesp é um projeto meu, não deles. Mas, agora, é deles, daqueles que não me quiseram mais na orquestra, a responsabilidade de levá-la adiante. O perigo é imenso. A possibilidade de dar errado é grande porque não há um projeto claro.
"Na carta de demissão, Fernando Henrique Cardoso lamenta que "o passo natural de renovação" não tenha sido "percorrido de melhor maneira" e encerra com "justas homenagens pelo admirável trabalho realizado".
Saudações Geopolíticas
João Ludgero
Meu caro João Ludgero,
ResponderExcluirPelo respeito que tenho por sua pessoa e por ser leitor habitual dos seus escritos, permita-me transcrever abaixo uma nota publicada pelo jornalista James Akel (jamesakel@estadao.com.br)sobre a demissão do maestro:
“A demissão do maestro John Neschling do comando geral da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo já era pra ter acontecido faz tempo.
Quem segurou o maestro tanto tempo foi Fernando Henrique Cardoso e sua mulher, Ruth.
A morte de Ruth derrubou o principal pilar de sustentação do maestro.
Fernando Henrique, presidente da Fundação OSESP, sozinho, não teve forças pra manter John no cargo e teve que escrever a carta de demissão do maestro, logo depois de uma conversa séria, a três, entre Fernando Henrique, João Sayad e Serra.
Foi mostrado a Fernando que era insustentável manter o maestro depois das entrevistas agressivas contra João Sayad e o governador José Serra.
Serra e Sayad estão com total razão.
É inaceitável sob qualquer hipótese, qualquer maestro ou membro da OSESP fazer declarações públicas contra um secretário de Cultura do Estado ou um governador.
Antes de dar a entrevista, demita-se”.
(Fonte: revista VEJA de 27.jan.2009):
ResponderExcluirPolêmica
Concerto encerrado
John Neschling foi demitido da Osesp, a maior
orquestra brasileira. O maestro francês Yan Tortelier
deverá substituí-lo pelos próximos dois anos
Sérgio Martins
Depois de doze anos de trabalho, o ciclo do maestro John Neschling à frente da principal orquestra brasileira, a Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), chegou ao fim. Na quarta-feira passada, ele foi demitido pelo conselho que administra a instituição. Seu substituto para as temporadas de 2009 e 2010 deverá ser o francês Yan Pascal Tortelier, que esteve à frente da Filarmônica da BBC, na Inglaterra, e causou excelente impressão entre os músicos da Osesp no ano passado, ao conduzi-los numa série de concertos. Estuda-se a contratação de um regente brasileiro para dividir as datas com Tortelier. Um novo diretor artístico – cargo que Neschling acumulava – só deverá ser empossado em 2011. Um comitê formado por músicos, conselheiros da orquestra e dois consultores internacionais foi criado para chegar ao nome.
O contrato de Neschling com a Osesp terminaria em 2010. Em junho do ano passado ele anunciou que, naquela data, deixaria de fato a orquestra. Foi uma cartada política – uma tentativa de angariar apoios que o levassem a um "dia do fico". A administração da orquestra, contudo, começou realmente a programar sua saída. Concluiu que, depois de uma gestão brilhante, Neschling estava desgastado politicamente e, mesmo no âmbito do trabalho artístico, já não contava com o apoio incondicional dos músicos. A gota-d’água para que o demitissem foi uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na qual o maestro criticou o conselho da orquestra e o plano para substituí-lo. As declarações o deixaram isolado. Sua demissão foi assinada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que encabeça o conselho da Osesp e foi, por muito tempo, seu principal apoiador. "Estou em conferência com meus advogados para decidir o que faremos em seguida", disse Neschling a VEJA na semana passada.
O processo de reestruturação da Osesp é ambicioso, a começar pela escolha dos consultores internacionais. Henry Fogel, ex-presidente da Liga das Orquestras Americanas, e Timothy Walker, diretor artístico da Filarmônica de Londres, gozam de grande respeito no mundo erudito. O diagnóstico inicial da dupla foi que a Osesp, no atual estágio de seu desenvolvimento, deveria trocar de diretor artístico a cada quatro anos, em média. A rotatividade faria com que o grupo ganhasse versatilidade. Os músicos também procuram influir no processo de renovação. Produziram uma lista de maestros-visitantes que, em anos recentes, brilharam à frente da Osesp. Entre os nomes brasileiros, destaca-se apenas o de Fabio Mechetti, atual diretor musical da Filarmônica de Minas Gerais. Mechetti, hoje com 51 anos, estava cotado para assumir a Osesp em 1996 – quando o cargo foi entregue a Neschling.