sábado, 24 de janeiro de 2009

Sete Anos

A pasta dental espremida
à toa desfigurada
revela a verdadeira
infância.

Acompanhe-me de olhos fechados.
Prometo-lhe que o abismo é raso -
e mesmo que caiamos juntos
ninguém se perderá.

Já falei um dia
que lá embaixo
só sente frio
quem na alma
não faz fogueira.

Dê-me as mãos sem medo.
Juro-lhe que sua cabeça
não baterá contra a parede.

Se em mim não confia,
tenha fé no seu guia
e no seu anjinho da guarda.

Já disse um dia
que lá embaixo
tem cascas de tangerina
palitos de picolé
e tampinhas de refrigerante.

Aproveite,
será divertido -
se faltar oxigênio
os meus pulmões lhe empresto.

Coragem,
mergulhemos -
filho de poeta
pelo menos tem de aprender
afogar-se de vez em quando.

Veja,
são eles
os golfinhos brincalhões
destemidos e felizes
prontos para nos salvar.

Um comentário:

  1. Estimulante, pareceu um tratado de amizade.
    Abraços, poeteiro Domingos.

    ResponderExcluir