Num mundo de comunicação global, intensa e instantânea (TV, rádio, internet, celular, jornal etc) quem ousa falar da importância do silêncio é logo rotulado de louco ou insano. É verdade – eu sou louco! Mas, a natureza é sábia e sábios foram aqueles que conseguiram penetrar no universo silencioso das camadas profundas da consciência metafísica humana. E segundo KRISNAMURTI (apud MARTIN CLARET, A ESSÊNCIA DO SILÊNCIO, p.94):
“Nós não estamos sós. Estamos aprisionados, isolados. Sois o resultado de tantos séculos de cultura, propaganda, influência, clima, alimentação, traje, o que outros disseram, o que não disseram, etc.; por conseguinte, não estais sós. Sois um resultado. E, para serdes luz de vós mesmos, tendes de estar sós. Uma vez tenhais rejeitado toda a estrutura psicológica da sociedade, do prazer, do conflito – estais sós!"
Estamos presos em nossas raízes culturais. Nunca estamos livres de fato. A liberdade é um estado de consciência positiva e transcendental onde cessa todo o desejo de posse, propriedade, poder de dominação, identidade psicológica e persuasão. Imersos num mundo de símbolos e mensagens de todos os tipos e comandos sonhamos acessar um mundo utópico de paz, felicidade e verdade. Nos preenchemos de ruídos, ideologias, crenças, teorias e lógicas de conquistas. Vivemos para fora e fora de nós mesmos. O que menos conhecemos é a dimensão silenciosa, pacífica e amorosa do Espírito Interior. Vivemos em busca de uma felicidade lógica, projetada e calculada pela razão tagarela. Queremos ser estando o tempo todo no estado acelerado do ter e agir psicológico. O ócio positivo e transcendental é negado a todos que habitam o mundo moderno do trabalho, da produção e do consumo técnico-científico desequilibrado. Esse mundo segue a lógica do negócio (“negação do ócio” segundo Oswald de Andrade), da necessidade do reconhecimento externo da estética, da riqueza e do poder material.
Mas, por detrás desse mundo acelerado, “encantador” e ruidoso existe outro reino calmo de profunda sabedoria acessado por poucos. Pois, “o caminho é estreito e a porta é pequena”. Por isso, Albert Einstein afirmou: “ Penso 99 vezes e nada descubro. Mergulho em profundo silêncio [interior]. E eis que a Verdade me é revelada”. E segundo Stephen Halpern, Ph.D (apud MARTIN CLARET, A ESSÊNCIA DO SILÊNCIO, p.60-61):
“O silêncio é o grande revelador”, diz Lao Tse. Para receber a revelação do silêncio, você precisa primeiro mergulhar nele. O silêncio não é simplesmente a ausência do ruído ou do som; ele é um estado positivo e específico de consciência. Não é fácil conseguir o estado de silêncio, como nos fazem lembrar os mestres espirituais. Contudo, para quase todos nós, o silêncio parece um pré-requisito necessário para as formas mais elevadas de prece e meditação. Em nossa cultura barulhenta, parece impossível fechar os ouvidos externos, aquietar a agitação constante da mente, abrandar o torvelinho incessante do coração. O silêncio não é uma meta em nossos dias”.
O silêncio interior é, portanto, o Verbo que se fez carne. É a Verdade que liberta. É a Verdade que revela definitivamente quem somos, de onde viemos e para onde vamos na longa estrada da evolução cósmica. É o EU Superior querendo um contato íntimo e transformador com o Eu humano desorientado e inferior.
Prof. Bernardo Melgaço da Silva – bernardomelgaco@hotmail.com
Às vezes, o silêncio vale por milhões de palavras e/ou imagens. Calemo-nos, pois, respeitosamente, diante da Verdade.
ResponderExcluirRaros são os seres humanos espiritualizados que encontramos, acho que existem...há muitos tentando se recriar,reencontrar, isso motiva os que estão ao redor. Alguns demoram, protelam, embora sabedores da necessidade de alquimia, aí...
ResponderExcluirAcho que às vezes a vida perde a paciência conosco.
Obrigada pela leitura agradável.