No teu pedido um poema
perdido no véu granulado da estrada
em que a esperança avança rumo ao nada
Que mais tu queres?
A última fagulha ultrapassou o peito
e apagou-se no porto
de onde partiria a voz
longe de ser alvissareira,
tampouco atroz
Existem torres recheadas de angústia,
vitrines com promessas,
ocultas rachaduras por onde a vida foge,
e o dia fica exaurido de suas forças
Algo escorre por entre os dedos,
mas não é sangue,
suor não é
Que mais tu queres?
Eis a cidade, suas notícias,
por que não abres os olhos,
vê tu mesmo as muitas delícias
que se atribuem a suas mulheres?
Talvez a vida seja o poema
turbado por estas cifras,
poema inigualável,
que tu não decifras
O poeta...
O poeta é o quê?
São Paulo, dez 2007.
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