A casa era antiga. Um clima soturno pairava em cada recanto daquele mundo melancolicamente doce. Janelas entreabertas embebidas de luz traziam-me de volta à lucidez. Era uma tarde de julho.
Houvera divagado por um breve momento, mas fora despertada ao impacto de vozes entrando pela porta estreita. Eram sons (in)esperados pousando sobra as coisas, desdobrando-se em palavras. Sussurros flutuando por essa grandeza esplêndida que guardara do/no passado. Pus-me, então, a defrontar o vazio num penoso exercício, como a depurar cenas havidas, marcadas nessa sensibilidade avessa que me (co)move.
Voltar ali era como voltar a uma vida secreta. Fragmentar-me em estilhaços ardentes e buscar respostas insustentáveis. Senti-me retornar ao hábito da terra, ao equívoco, à tentação de montar histórias novas com a cor do diálogo. Vagar por entre sombras soluçantes, diáfanas memórias devidamente filtradas pelo tempo.
Um estalo no chão de táboas corridas suspendeu meus pensamentos. Eram meus passos confundindo-se com os de outras épocas. Percorri febrilmente a sala atraída pelo velho espelho. Um leve arrepio tocou-me a nuca com a suavidade de um beijo. Que imagem me mostraria?
Estava a um passo desse ser anônimo que eu poderia vir a ser quando me expusesse ao reflexo daquela lâmina empoeirada. Contive a ansiedade. Minha mente era um labirinto em que sonhos se embaralhavam. Eu era silêncio e emoção.
Ali estava o inventário completo de minhas alegrias e dores. Tudo mensurado numa balança ociosa que o tempo se encarregara de anotar.
O espelho me instigava. Eu observava as velhas ranhuras, os veios de um dourado esmaecido... Não ousava encarar os olhos atônitos que me observavam lá de dentro. Não era eu. Não era a minha imagem. Eram meus os gestos, as mesmas atitudes, mas aquele rosto jovial que de início me pareceu familiar, não poderia explicar todo aquele torvelinho de sentimentos que eu detinha. Isto tudo não perece estar entre minhas habilidades. Não sou mais que uma sonhadora...
A casa era antiga. Janelas, portas se abriam num abraço. No espelho, saudade.
Houvera divagado por um breve momento, mas fora despertada ao impacto de vozes entrando pela porta estreita. Eram sons (in)esperados pousando sobra as coisas, desdobrando-se em palavras. Sussurros flutuando por essa grandeza esplêndida que guardara do/no passado. Pus-me, então, a defrontar o vazio num penoso exercício, como a depurar cenas havidas, marcadas nessa sensibilidade avessa que me (co)move.
Voltar ali era como voltar a uma vida secreta. Fragmentar-me em estilhaços ardentes e buscar respostas insustentáveis. Senti-me retornar ao hábito da terra, ao equívoco, à tentação de montar histórias novas com a cor do diálogo. Vagar por entre sombras soluçantes, diáfanas memórias devidamente filtradas pelo tempo.
Um estalo no chão de táboas corridas suspendeu meus pensamentos. Eram meus passos confundindo-se com os de outras épocas. Percorri febrilmente a sala atraída pelo velho espelho. Um leve arrepio tocou-me a nuca com a suavidade de um beijo. Que imagem me mostraria?
Estava a um passo desse ser anônimo que eu poderia vir a ser quando me expusesse ao reflexo daquela lâmina empoeirada. Contive a ansiedade. Minha mente era um labirinto em que sonhos se embaralhavam. Eu era silêncio e emoção.
Ali estava o inventário completo de minhas alegrias e dores. Tudo mensurado numa balança ociosa que o tempo se encarregara de anotar.
O espelho me instigava. Eu observava as velhas ranhuras, os veios de um dourado esmaecido... Não ousava encarar os olhos atônitos que me observavam lá de dentro. Não era eu. Não era a minha imagem. Eram meus os gestos, as mesmas atitudes, mas aquele rosto jovial que de início me pareceu familiar, não poderia explicar todo aquele torvelinho de sentimentos que eu detinha. Isto tudo não perece estar entre minhas habilidades. Não sou mais que uma sonhadora...
A casa era antiga. Janelas, portas se abriam num abraço. No espelho, saudade.
Texto por: Claude Bloc
Vi pelo espelho o ensaio da nossa valsa.
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