sábado, 21 de março de 2009

O Sol

Não tentes o suicídio silencioso.
As palavras amam o descaramento.

Que eu saiba até agora
tua verdade não passou
de bexigas de aniversário
espocadas a critério do vento.

Todo aquele oxigênio desprendido
em atropelos e vibrações inúteis
acabou nos retalhos da borracha murcha.

Nem serve o elástico para baladeira.
Aliás nem pássaros voam sobre tua cabeça.

Pretensões exaustivas.
Sonhos tediantes.

Não é uma boa ideia o suicídio silencioso.
Sempre se esconde uma sombra dentro do sapato.

As pedras costumamos jogar fora
antes que a unha encravada trinque a língua.

Levanta-te então deste marasmo
que não salva andorinhas de ninho pegando fogo.

Sinceramente,
as andorinhas quando caem
já se precipitam sentindo todo o gozo.

É uma viagem maravilhosa
o mergulho sem volta

batendo nos galhos
rasgando-se nos gravetos

até o último suspiro
na mão de uma alma caridosa.

O suicídio silencioso não faz bem
para uma alma tagarela -
Urra, moço.

Nem que seja um urro abafado
desses que se vomita em saco plástico.

2 comentários:

  1. "Pretensões exaustivas, sonhos tediantes"...pra mim você arrasou no texto, sem arrasar com ninguém, levantando-se nas próprias metas de erguer-se acima de si mesmo.

    Gostei muito, arrojado, preciso.
    Um abraço.

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  2. Domingos, ainda queria dizer que entre os afetados com a sua palavra dirigida, não me imiscuo, saiba, serve de reflexão para também erguer-me acima de mim mesma.

    Pra que uma baladeira sem os alvos como você disse, remete à idéia de guardá-la no armário definitivamente e endossar um movimento pacifista.
    É, talvez o erguer seja nesse sentido...

    Obrigada por tantas faíscas vistas saindo desse seu texto-fogo.

    Forte meu abraço.

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