sábado, 11 de abril de 2009

Aurora (fino tinto seco)

Nem todos os meus poemas pancada
mas alguns me deixam na lona.

Sou de fato um pardo cínico
com os olhos infantis e a libido no ventre.

Não dou um passo atrás da minha sombra
tampouco me interessa o final da trilha.

Todos que vivam bem
com seus pesares e os seus arroubos.

Que plantem árvores.

Que façam filhos.

Que escrevam versos.

Eu já passei pela fossa
florida de jasmins.

Sim, já ouvi as vozes
entre si discutindo

qual a melhor maneira
do meu glorioso fim.

Balbúrdia metafísica -
não chegaram a uma conclusão.

Então sumiram.
Deixaram-me só com uma taça de vinho.

2 comentários:

  1. Vim brindar com você, está numa grande fase. Vai ver seu deus não anda mais com tanto sono(lembra aquela sua poesia? me impressionou muito apesar de eu não tê-la comentado).
    Aprecio seus textos, encrenco só com as lagartixas(rsrs)...lembra aquela sem cabeça? Ótima fase aquela minha,tua, de todos, acho que agora ando meio dispersa...tudo bem, valendo.

    Um beijão.

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  2. Marta F., saiba que tenho uma vontade imensa (incomensurável)
    de conhecê-la.

    Seus sonhos dilacerantes,
    sua intensa e verdadeira alma de poeta, causam-me um contentamento sem fim.

    Menina, mulher, senhora -
    poucos são os entes femininos
    com tanta virulência poética.

    Recebo seu beijo,
    e dou-lhe outro com eterno
    carinho.

    (Cecília, Clarice Lispector, Elizabeth Bishop e Adélia Prado mandam-lhe lembranças.)

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