terça-feira, 30 de junho de 2009

O ciúme no ponto negro de Caetano

Dorme o sol à flor do Chico, meio-dia
Tudo esbarra embriagado de seu lume
Dorme ponte, Pernambuco, Rio, Bahia
Só vigia um ponto negro: o meu ciúme


Existem canções, ou poesias, ou imagens que são paradoxais: explodem no coração tão universais como se todos compreendessem igual, ao mesmo tempo que trazem experiências pessoais que nem o compositor imaginou. Feito desde a primeira vez em que ouvi a música “O Ciúme” de Caetano Velloso. Seguramente a Bahia litorânea de Caetano não era a minha, mas Juazeiro e Petrolina eram, mesmo sendo esta pernambucana. Como os amores que atordoaram minha incompletude em plena Ilha do Fogo. Ou na Praça da Matriz, na Rua da Apolo, um acarajé no fim de tarde.

O ciúme lançou sua flecha preta
E acertou no meio exato da garganta
Quem nem alegre nem triste nem poeta
Entre Petrolina e Juazeiro canta
Velho Chico vens de Minas

E a primeira vez que a ouvi ou pelo menos prestei atenção na sua letra foi pela voz de Maria Bethania em disco não tão remoto no tempo. Mas o ciúme veio de longe, pelo leito do São Francisco desde as alterosas do sudeste, no planalto da Serra da Canastra.

De onde o oculto do mistério se escondeu
Sei que o levas todo em ti, não me ensinas
E eu sou só, eu só, eu só, eu
Juazeiro, nem te lembras dessa tarde
Petrolina, nem chegaste a perceber
Mas, na voz que canta tudo ainda arde

O ciúme, gêiser inesperado de águas geladas, cortantes como navalha de congelador. Misterioso como as serras de Minas, ensimesmadas numa cadeia de centenas de quilômetros, tão volumosas como o próprio oculto do ciúme. Tão exuberantes como o espontâneo do amor.

Tudo é perda, tudo quer buscar, cadê
Tanta gente canta, tanta gente cala
Tantas almas esticadas no curtume
Sobre toda estrada, sobre toda sala
Paira, monstruosa, a sombra do ciúme

E Juazeiro me era um contínuo desde o curtume até a loja de couros. Camurças, solas, solados. Esticada película de um mundo em transformação, tão corrente como as águas do rio, mas tão permanentes como a ponte que ainda hoje é.

Luzes serenas - Por Claude Bloc

Foto: por Claude Bloc


Sabe-se que a vida é teia
Além dos vórtices do tempo
Limbo das quimeras: lida, luz, esteio
Ao alcance do destino.
Timbre insólito na voz
Indomada e bela
Efígie, esboço, traço
Libertação da alma.


Luzes serenas, como sereno é o olhar, o riso, o instante. A arte no som da voz, a voz na tez da noite. Ar festivo, copos e comeres, ruído e risadas. Espaço pleno da alegria vibrante. Nas vozes o cristal, em tons bemois, infindos solfejos em pleno azul.
"... eu não sabia que você existia..."

Por Claude Bloc

Arraiá do Lula - outra visão.

Charge de Elvis para o Correio Amazonense

PENSAMENTO PARA O DIA – 30/06/2009



Não-violência (Ahimsa) significa não causar mal a pessoa alguma, o que não quer dizer simplesmente abster-se de causar danos aos outros com os membros do corpo ou com armas. A não-violência também precisa ser praticada com a pureza da mente, da língua e do corpo. Não deveria haver sentimentos ruins, pois isso também é uma forma de violência. Causar dano corporal ao outro é violência, mas falar de forma áspera também é violência. Sua fala deveria ser doce, agradável e benéfica. Todas suas ações deveriam ser úteis aos outros.
SATHYA SAI BABA

Baseado em Fato Verídico

Vanderlei tem uma careca luzidia.
Os olhos faiscantes.
O sorriso malandro.

Trabalhava no Sesi
quando caiu sobre sua cabeça
uma majestosa peruca de touro.

Pegou na cama a sua amada
com um negão pé tamanho 46.

Coitado do Vanderlei.
Passou enlouquecidamente
a chorar e a gargalhar e a repetir baixinho:
"tenho outra, ora, eu já tenho outra..."

Certo dia,
um colega seu de trabalho
percebendo atrás da moita
um entusiasmado esconde-esconde
passo ante passo deslumbrou o chapa
dando grau em uma jumentinha.

Digamos,
uma jumentinha olhar ressacado de Capitu
e as ancas levemente arrebitadas
de ninfeta do Rio.

Vanderlei sussurrava aos ouvidos da jumentinha
que ninguém lhe roubaria do coração
tampouco da alma tal eterno amor.

E beijava-lhe a crina
e lhe acarinhava o dorso.

A jumentinha com os olhos ressacados
arrebitava ainda mais as ancas douradas.

O colega de Vanderlei não se conteve.

Às gargalhadas e aos brados
jogando pedras, pedregulhos, gravetos
assustou o idílio carnal dos olhos ressacados
da jumentinha.

A mesma, morrendo de vergonha,
fechou a grutinha, apertou as ancas
e aos saltitantes galopes
arrastou o seu amado Vanderlei
do brejo até o estacionamento do Sesi.

O dono da jumentinha à polícia.
Deu queixa.
Vanderlei demitido por justa causa.

Pouco tempo após o despudorado evento
a jumentinha sumiu do terreno baldio
onde outrora um ninho de paixão.

Quinze anos passaram-se.
E ainda dizem as más línguas
que Vanderlei hoje um crente temente
cuida da sua jumentinha com decência e zelo.

Bem, agora uma senhora de idade.
Os olhos remelentos. As ancas arriadas.

Renovação

Não sou de rastejar por muito tempo
cheirando mofo de sofá antigo.

Diga adeus ao monge de olhar lacrimejante.
O riso agora é de mulato -
largo e cortante.

O céu azul do último dia de junho
os andaimes levitando.

Solto a pipa do meu peito
sempre guardada com o rabo florido
para instantes de ventania e renascimento.

Diga adeus ao barroco rabugento -
o silêncio agora é de leveza
e contentamento.

Já comprei a cama box solteiro
pouco a pouco conquisto as paredes.

As formigas ainda se resguardam
do meu perfume desconhecido.

Não demora muito,
uma migalha de bolacha -
zapt!

Blog da Petrobrás

Charge de Bessinha para A Charge Online

Necropsia

Deixe-me ser santo,
um sujeito bacana.

Renovo minha alma
no deserto da colina.

Não preciso cavar com as próprias unhas
um poço profundo para que brote da fonte
água pura e benta.

Deixe-me ser santo
asinhas meio caídas
arrastando-se pelo pântano.

A Verdade arde,
o fogo transparente.

Começo hoje a plantar um novo jardim
na varanda de jarros tristes.

Não espalho sementes.
Espero a boa vontade dos pássaros -
Os férteis bicos de longas jornadas.

Deixe-me ser santo,
a testa larga e os olhos míopes.

A saudade do outro suporta-se -
mas a ausência da estranha cumplicidade
conquistada com os objetos domésticos
amedronta e enlouquece.

Quanta falta me rasga o peito
das paredes silenciosas,
dos cantos lúgubres das salas,
quartos, atrás da geladeira.

Onde diabos se meteu
minha pequena lagartixa.

Morreu de fome,
de tristeza.

Saudade de gente passa -
mas criar laços
com a tímida surdez
dos copos, taças, pratos
de outra casa
é infernal.

Deixe-me ser santo,
admirar o dedo quase decepado
debaixo de uma tampa de cisterna.

Alguém há de beber do meu sangue.
As lágrimas já perderam o sal
e o rumo do mar.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Deixem o Parque em Paz - por Jurandy Temóteo

Entre as novas exigências do Ministério da Educação, para que a URCA seja renovada sua autorização de funcionamento como universidade, é preciso que ela tenha, em plena atividade, até a próxima inspeção do MEC: um curso de doutorado e três de mestrado.Do contrário, a URCA regride; retrocede de universidade para instituto.

Causou espanto e apreensão a divulgação pelo secretário Camilo Santana, no noticiário de maior audiência da Rádio Educadora, da pretensa mudança pelo governo Cid Gomes, do Parque Permanente de Exposições Agropecuárias do Crato.
Alegar que aqueles hectares com milhões de reais investidos em sua infra-estrutura seriam destinados à ampliar o Campus do Pimenta, da URCA, e de que o Parque de Exposições tem de sair da cidade, indo para uma área - que não tem nada - anexa ao Juazeiro, são desculpas inconsistentes e inconvenientes aos interesses do Crato.Contrários a mudança já se pronunciam o prefeito Samuel Araripe, a Câmara Municipal do Crato, a Associação Comercial do Crato, o CDL - Clube de Dirigentes Lojistas do Crato, o advogado e agropecuarista Raimundo de Oliveira Borges, a revista A Província, o cronista Pedro Esmeraldo.
Em Uberaba (MG), onde acontece há mais de 60 anos, a maior feira de exposições de Zebu do mundo, o parque é dentro da cidade e só tem causado benefícios para aquela população urbana; nem se cogita em mudá-lo.
Como é que se pretende relegar patrimônio tão grande - o do Parque Permanente de Exposições Agropecuárias do Crato, no Pimenta -, que vem se consolidando por mais de meio século, e é hoje a maior festa popular, no gênero, do interior do Nordeste e a quinta, em importância, do Brasil, para vê-la, a contra-gosto, anexada, impositivamente, ao Juazeiro?
A quase totalidade dos cratenses que não está comprometida com interesses mesquinhos, em detrimento da nossa comunidade, posiciona-se contra esta nociva pretensão.Respaldar-se nesta falsa premissa de ”beneficiar” a URCA é esconder o problema maior desta universidade. Aliás, ela já tem, dentro do parque, um pavilhão cedido, há mais de seis anos, mal aproveitado, passando a maior parte do ano fechado.
O prefeito Samuel Alencar Araripe ofertou para a URCA alguns hectares, no Muriti, em terreno contíguo onde estão construindo o Centro de Convenções, a Faculdade Católica e o Campus do Crato, da UFC. Por que o desinteresse em receber esta doação?
Respaldar-se numa falsa premissa de ”beneficiar” a URCA anexando o Parque Permanente de Exposições é desviar o foco do problema maior - este sim, angustiante - da Universidade Regional do Cariri.
Que a nossa população agora saiba, sem se esconder a Verdade: o problemão da URCA é o da própria sobrevivência.
Entre as novas exigências do Ministério da Educação, para que a URCA seja renovada sua autorização de funcionamento como universidade, é preciso que ela tenha, em plena atividade, até a próxima inspeção do MEC: um curso de doutorado e três de mestrado.

Mas . . . só existe um de mestrado e nenhum de doutorado. Com o agravante de que, há cada semestre, ela vem perdendo seus mestres e, principalmente, seus doutores, inviabilizando projetos de pesquisas indispensáveis para captação de recursos, credenciamento, credibilidade e sobrevivência desta nossa instituição de ensino superior.

Do contrário, a URCA regride; retrocede de universidade para instituto.A hora agora é de salvar a URCA e deixar o Parque Permanente de Exposições Agropecuárias do Crato em paz.

Assembléia do Coletivo Camaradas será no Gesso

O Coletivo Camaradas promove a Assembléia Geral tendo como pauta principal a discussão e aprovação de estatutos. O grupo discute arte, marxismo, ativismo, cultura, intervenções urbanas e políticas públicas.

Com o intuito de se aproximar e conhecer realidade social, o Coletivo Camaradas realizará Assembléia Geral neste sábado, dia 04 de julho, na sede do Projeto Nova Vida, na Comunidade do Gesso, no Crato, a partir das 14 horas. O intuito da Assembléia é garantir os procedimentos legais para inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ.

A Comunidade do Gesso é um local simbólico para o Coletivo Camaradas, tendo em vista que foi nesta comunidade que esse grupo conseguiu fazer um trabalho consistente que possibilitou realização de oficinas, intervenções, registro fotográfico, produção de documentário, cartões postais, livretos e de uma exposição no Centro Cultural do Banco do Nordeste – CCBNB Cariri.

Para a cantora Maria Gomes, integrante do Coletivo, a intenção é favorecer o dialogo com o grande público. Ela destaca que a escolha do local para a Assembléia do Coletivo visa fortalecer essa integração com a comunidade.

Rebecca Sedrim, também integrante do Coletivo e acadêmica de Psicologia ressalta que o coletivo visa construir um novo conceito de arte juntamente com a sociedade. Ela destaca que é preciso consolidar o coletivo e formar novas pessoas que acreditam no poder transformador da cultura. Rebecca frisa que a arte não precisa estar relacionada as elites e que deve estar próxima do grande público.

Documentário "Cabaré" será exibido na comunidade
Logo após a Assembléia, a partir das 18h30, será exibido ao ar livre, o documentário: “Cabaré – Memórias de uma vida”. O documentário faz um resgate histórico da Comunidade do Gesso, antiga zona de prostituição que por décadas foi excluída das políticas públicas do Município. Para Alexandre Lucas que dirigiu o documentário apresentar-lo à comunidade é possibilitar que as pessoas se sintam parte do processo deste registro. Ele frisa que o grupo está interessado em fazer arte com o povo e para o povo. “Não queremos fazer uma arte para os artistas, mas para as pessoas que não tem acesso ao processo de fruição da arte”, conclui.


Um pouco da História
O Coletivo foi criado no final de 2007, com o objetivo de discutir arte numa perspectiva marxista. Neste curto período realizou e participou de diversas atividades, tanto na região do Cariri, como nacionalmente. Destacando-se a realização da Mostra desUSA de Artes Visuais, a luta contra exclusão dos artistas na Expocrato, a Exposição Ninho com trabalhos de presidiários da Cadeia Pública do Crato, a participação na Mostra Baiana Arte e Guerrilha, no Encontro Nacional dos Pontos de Cultura em Brasília, integrou a programação da Bienal da UNE em Salvador, participou do Movimento da Parada Gay em Juazeiro do Norte e da Semana da Mulher no Crato e realizou trabalho registro audiovisual e fotográfico na comunidade do Gesso, antiga zona de prostituição da cidade do Crato que resultou na produção do documentário e da exposição no Centro Cultural do Banco do Nordeste “Cabaré – Memórias de uma vida” e atualmente trabalha na produção de um novo documentário que tratará sobre “A festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio” e elabora o Projeto “Coletivo na Periferia”. O Coletivo também mantém o blog: http://www.coletivocamaradas.blogspot.com/ que funciona como espaço aberto para divulgação de textos,eventos e trabalhos ligadas a arte e a cultura, pessoas que não são do grupo podem ser colaboradores do blog.

Brasília é uma festa: "Arraiá do Torto" recebe ministros e barra penetra

Nunca verás um São João como este
Até a ministra Dilma Rousseff, que finalizou a parte do tratamento contra o câncer há poucos dias, compareceu à festa. Um casal que não constava na lista de convidados foi barrado. O homem identificou-se como "deputado João Marques"

De chapéu de palha, camisa xadrez e gravata borboleta vermelha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu convidados na fria noite do último sábado para o Arraiá do Torto, festa junina na residência oficial da Presidência.
Organizada pela primeira-dama Marisa Letícia, a festa começou por volta das 20h30 e recebeu convidados devidamente trajados a caráter. Os ministros compareceram em peso. Apareceu até a chefe da Casa Civil e pré-candidata do PT à sucessão presidencial em 2010, Dilma Rousseff, que não era esperada, pois havia encerrado a primeira etapa do tratamento contra o câncer na quinta-feira.
Seguindo os anfitriões, homens optaram pelas camisas xadrez e as mulheres, por vestidos coloridos. Chapéus de palha foram usados por quase todos. Por volta das 21h30, uma procissão pela área interna da Granja foi liderada por Lula e primeira-dama. O presidente segurava um estandarte com as imagens dos santos de junho e todos rezavam o Pai Nosso. Depois, foi feita uma queima de fogos de artifício de mais de cinco minutos.
(Fonte: jornal O POVO, 29-07-2009)

A manutenção, intensidade e continuidade da modernidade.

Estimulado por um ensaio de Idelber Avelar (O pensamento da violência em Walter Benjamin e Jacques Derrida) e uma resenha feita pelo Marcos Leonel de um livro de Peter Gay sobre o Modernismo, retorno a este tema que me é caro e que tanto trabalho me deu ao escrever o livro Paracuru.

Toda ocasião em que a modernidade seja tema, tema em si mesmo, torna-se um paradoxo de dualidade, pois vivemos sua era (mesmo que uma pós ou uma desconstrução desta) e assim torna-se mais difícil vê-la de fora. De qualquer modo a modernidade, ou os tempos históricos que vivemos tem sido o mais estimulante para os poderosos recursos que a humanidade possui ao olhar para si. Onde se encontraria o lugar deste desafio paradoxal do pensamento, da cultura e do progresso humano desde o Renascimento, passando pela Reforma, pelo Iluminismo (a Ilustração) e a Revolução Burguesa? Encontra-se na própria natureza da REVOLUÇÃO.

Mesmo que formas abrandadas da análise da contradição tenham surgido no pensamento humano, o certo é que a dialética tem sido poderosa para os tempos revolucionários. E são tempos revolucionários pelo enorme poder dispersor mundial que as formas e as idéias que alicerçam a modernidade possuem inclusive pelos instrumentos institucionais (como Estados Nacionais, a sistematização das finanças mundiais e as corporações produtivas espalhadas como multinacionais e todos aliados a um comércio mundial quase orgânico).

Se retornarmos aos tempos das sucessivas revoluções francesas, incluindo o tempo imperial e a de 1848, o certo é que as classes sociais que se uniram para superar o feudalismo já traziam promessas diferentes para cada classe no novo que se estabelecia. Ao sedimentar-se como a classe do poder, a burguesia ao tentar conservar as regras vitoriosas dos diversos momentos revolucionários, tornou-se violenta por natureza. A partir daí temos a violência da burguesia como aquela preservadora do direito e a dos operários com a fundadora de outros direitos.

Igual como resenha o Leonel em Peter Gay, a estética da modernidade como a superação dos cânones existentes (a era Vitoriana já era pós-revolução inglesa e de ascensão do poder da burguesia) e de alguma forma a adição do “estar” à velha regra da filosofia idealista do “ser”. Isso revela ou iria em oposição ao desejo da burguesia de “conservar” a ordem por ela conduzida e como se fez em todas as eras da história, alcunhando a “impossibilidade” do mundo ser de outra forma.

Acontece que a luta de classe não foi nem uma ideologia (ou diretriz política) ou uma arma de ação, a modernidade como conceito em arte, estilo de vida e na cultura se encontra na matriz dialética de “um outro mundo é possível”. E esta “possibilidade” (Marx poderia ter tido uma “visão” da história influenciada apenas pelas enormes lutas para fundar o novo) se tornou o movimento contínuo da humanidade.

A intensidade do movimento e sua continuidade sustentam-se na consolidação de novos direitos como os trabalhistas, humanos e sociais na velha ordem burguesa e como “novidade” (uma “possibilidade” pré-revolucionária) nas culturas e economias dos demais continentes. Por isso mesmo a modernidade é um fenômeno mundial, igual jamais tenha talvez se encontrado na história, que feito um bumerangue se volta continuamente para o corpo europeu que a fundou.