domingo, 28 de junho de 2009

No reino da informática

Emerson Monteiro

No filme 2001: Uma odisséia no espaço, o computador de bordo (protótipo de máquina inteligente (Hal 9000, abreviatura de Hardware Abstract Layer, ou Camada de Abstração de Hardware) de uma nave especial resolve, de iniciativa própria, confrontar seus operadores, no que, ao ser descoberto e desligado, antes elimina um dos dois tripulantes.

A propósito dessa película famosa de Stanley Kubrick, em face do acidente momentoso do voo 447, da Air France, percurso Rio de Janeiro - Paris, ao custo de mais duas centenas de vidas, a humanidade presencia hipótese semelhante, de máquina que quebra a linha do resultado previsto, porquanto uma possível pane dos computadores de bordo da aeronave, precedente dos mais perigosos, acha-se no meio das conjecturas que deram causa à ocorrência.

No caso, a possibilidade de falha humana não se descarta, contudo a falha mecânica, ou eletroeletrônica, merece urgente consideração. Enquanto isto, milhares de aviões, a todo instante, alimentados pelos dados e circuitos de tais preciosidades da técnica, circulam o alto dos céus, dentro de condições idênticas às do fatídico voo.

E como abordar esse personagem indispensável do cenário contemporâneo, computador, a onisciência da informática, que tomou o lugar das limitações humanas? Aonde chega o antigo projeto da liberdade, demanda dos sonhos inúmeros da multidão laboriosa?
Isso traz à baila alguma abordagem quanto ao domínio da máquina sobre o ser humano, recorrência da ficção científica desde as primeiras horas da cibernética.

Os comuns adoradores da oitava maravilha tecnológica bem que reconhecem, as melhores máquinas tendem a desobedecer (não por maldade, num juízo de valor) às leis da robótica e, frias, sofisticadas, imperam no mundo percentual dos riscos mínimos inesperados, haja vista série de fatores, porquanto perfeição absoluta ainda inexiste, nas variáveis da ciência e da técnica.
Por refinadas que se proponham peças e equipamentos, margem inelutável de erro persiste, no horizonte do provável.

Os chamados paus das máquinas vez por outra impõeem graves danos às corporações, mais dia, menos dia, conclusão salutar, devido à exaustão dos materiais, às condições atmosféricas, ao inesperado seqüencial do desenvolvimento dos sistemas, dentre outros, e à ação do homem, seu genial criador.

Visto quando na terra, vá lá que se possam reparar os impasses. Contudo nas alturas ou nas profundezas oceânicas, implicariam noutras interpretações e sequelas por vezes drásticas. De tanto ceder território a esse império das máquinas, a história demonstra assim o grau da dependência extrema da civilização a geringonças, no altar do fetichismo, o que reduz as margens da segurança de todo o esforço de geração à cômoda opção de rendição total à inconsciência. A submissão de tais pressupostos conduzirá a sociedade a um comando central (ao Grande Irmão, de George Orwell), ou significará o início da jornada coletiva em prol da consciência clara do que se fará da fabulosa produção capitalista dos objetos industriais.

Um comentário: