segunda-feira, 8 de junho de 2009

Vivas ao Fogo

Sou forte, seu moço.
Meu corpo tem uma liga plasmática
que junta os tendões à alma tristonha
de maneira surpreendente na hora do abismo.

Contemplo com mais nitidez
os ninhos dos pássaros
e as covas dos dragões.

A madrugada sinistra,
o entardecer melancólico
são meus braços e minhas pernas
dentro de um saco de estopa.

A escuridão é verdadeira, seu moço.
Mas quem tem sobrando querosene
basta acender uma palavra no pavio.

E cresce a labareda
e aumenta a chama.

Me encolho todo,
rasgo-me o ventre -

feliz da vida,
contente da morte.

2 comentários:

  1. Domingos: gostei muito. Um dos seus poemas especiais e leio todos que aqui passam.

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  2. Eu, lendo, gostando, e falando... pouco.

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