quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Cartão vermelho de Suplicy causa bate-boca com Fortes


Marina Mello
Direto de Brasília


A atitude do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) de mostrar um cartão vermelho na tribuna pedindo a renúncia do presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), causou um bate-boca com o colega Heráclito Fortes (DEM-PI) no Plenário.

O senador democrata afirmou que a atitude de Suplicy não era "sincera" porque ele e outros senadores do PT não assinaram as representações apresentadas pela oposição ao Conselho de Ética.

"Por que vossa excelência não assinou o recurso que Nery assinou (de recorrer ao Plenário pelo desarquivamento das ações contra Sarney no Conselho), se é tão sincera essa postura de agora? Por que não assinou para ter legitimidade agora?", questionou. Além disso, Heráclito afirmou que Suplicy deveria ter a coragem de mostrar o cartão ao presidente Lula que, segundo ele, foi quem provocou a crise no Senado ao se interferir nas relações do Legislativo.

"Vossa excelência deveria guardar esse cartão vermelho para apontar ao presidente Lula que foi quem invadiu o campo aqui. Para o presidente Lula, já que foi ele que deu cartão amarelo para o líder do seu partido (Aloizio Mercadante). Vossa excelência não tem coragem de dar cartão vermelho a Lula", disse.

Visivelmente nervoso, Suplicy começou a gritar e a negar que não tinha sido sincero. Ele se justificou dizendo que apresentou o cartão vermelho porque não concorda com algumas das posturas de Sarney que, na visão dele, não correspondem ao ideal ético.

"Para voltarmos à normalidade, o melhor caminho é que sua excelência renuncie ao cargo no Senado. Se há forma do povo brasileiro compreender bem o que isso significa, é falarmos a linguagem do esporte mais popular do Brasil. (...) Mas, em virtude do presidente Sarney não ter aceito a sugestão de explicar tudo, o que faz o juiz nos campos de futebol do Brasil para que todos entendam: apresenta o cartão vermelho", disse Suplicy.

Como Heráclito insistiu nas críticas, Suplicy então mostrou o cartão vermelho para o democrata, que reagiu.

"O cidadão brasileiro espera que vossa excelência venha aqui falar sobre um escândalo que envolve seu governo e a Receita Federal. Não queira ser juiz de futebol, queira ser senador da República. Use o argumento e não o gesto, esse gesto te diminui, esse gesto envergonha São Paulo. Recebo esse cartão vermelho do senhor como um troféu", afirmou.

Sarney é acusado de cometer irregularidades como edição dos chamados atos secretos, desvio de recursos de um patrocínio feito pela Petrobras à fundação que leva seu nome, além da prática de tráfico de influência em favor do namorado de uma neta sua. No Conselho de Ética, as 11 ações contra o presidente do Senado foram arquivadas. Sarney nega as acusações.

Redação Terra

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