quarta-feira, 26 de agosto de 2009

VOTANDO NO BRASIL

Já não se pode dizer que os acusados são vítimas e nem que os acusadores sejam inocentes. O que mais confunde a situação e a oposição é, em primeiro lugar, o lugar da oposição e da situação. Ambas se encontram no mesmo pantanal: ou têm um projeto de desenvolvimento nacional, uma proposta de governo popular e democrático além de uma política de produção e distribuição de renda ou não têm.

A dificuldade entre os principais atores na sucessão do Governo Lula é que se misturaram quanto aos métodos de sustentação de acordos políticos para governar e no financiamento de partidos e eleições. A rigor tais métodos do PSDB/DEMO/PMDB com a presidência de FHC e do PT/PMDB com Lula se confundiram muito. Ninguém poderá dizer que o PT de Lula não aprendeu os métodos do PSDB de FHC. O Mensalão é o emblema disso tudo.

Mas se retornando ao primeiro parágrafo e retirando o cinismo natural em toda luta política, o que temos de mais provável. Em relação ao PSDB e ao PT um diferencial que não se resume ao candidato. O PSDB foi a costela esquerda e ética do antigo PMDB. Incorporou a modernidade na administração do Estado, sujeitou-se ao projeto hegemônico dos EUA e Europa e depois aderiu ao “choque de capitalismo” sem incorporar 200 anos de crítica que se fazia a este sistema. No governo FHC adotou a máxima neoliberal, atacou a máquina do Estado, vendeu as Estatais (que eram patrimônio da sociedade brasileira) na bacia das almas e deixou graves problemas na economia e na infra-estrutura, especialmente eletricidade.

O governo Lula adotou uma política econômica conservadora. Manteve o rentismo das elites com juros altíssimos. Se computarmos as despesas do Tesouro Nacional com juros veremos que se gastou muito mais com estas transferências para pessoas ricas do que com programas sociais, com projetos de investimento em desenvolvimento ou aplicação de ciência, tecnologia e forças armadas.

Então para que não me torne propagandista do governo Lula, que, inegavelmente, já agora no sétimo ano se pode afirmar foi muito superior a FHC. Na gestão econômica, em distribuição de renda, em investimento de infra-estrutura entre outros itens. Ultrapassado esta questão fundamental, pois influirá na disputa eleitoral, passo considerar o local da disputa o ano que vem.

O Brasil já é uma das grandes indústrias do mundo, tem território cultivado para ampliar as fronteiras de produção, uma diversidade enorme de minerais, fontes de energia renovável e agora o petróleo do Pré-sal. Além do mais já tem uma enorme quantidade engenheiros, uma população próxima aos 200 milhões de habitantes, a maior parte urbanizada, ensino universitário descentralizado, rede de telecomunicações que cobre todo o território, energia elétrica rural e centros de pesquisa de referência. É o território mais estratégico da América do Sul e com sua costa Leste voltada para o Continente Africano.

O Brasil vive a necessidade de ampliar a renda, o consumo interno e ter um projeto estratégico para o Atlântico sul. Esta é a grande questão nestas eleições. Seria quase uma questão de zelo que um blog como o Cariricult não se resumisse à troca de pedradas com um falso moralismo e uma ética que apenas atapeta o pântano.

Em torno destas questões teremos as propostas eleitorais para o ano que vem. Muita gente irá camuflá-la com o discurso Udenista do roubo, da corrupção ou com a platitude Esquerdista de que temos a honra por que somos honrados por nascença. Quem de fato tem uma visão da realidade, sabe que naquelas questões está o nosso futuro.

Enfim: não atende a estas questões o discurso udenista do liberalismo para nós e o discurso da ingenuidade esquerdista de que somos puros por que temos a causa do povo. Vamos dizer o que desejamos fazer com o Pré-sal, para ampliar a renda dos brasileiros, como inserir a nação no seu destino estratégico, como serão as grandes metas em educação, saúde e tecnologia.

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