Em 2007 o ministro da Defesa japonês, Fumio Kyuma, disse que era “inevitável” que os Estados Unidos lançassem duas bombas atômicas sobre o Japão durante a Segunda Grande Guerra Mundial. Isso teria evitado que a União Soviética entrasse também na batalha do Pacífico. Mas o que é isso, sr. Kyuma? Pelo amor de Buda!
O cara com seus olhinhos miúdos e raciocínio idem, considera que as bombas sobre Hiroshima e Nagasaki conseguiram “acelerar o fim da guerra”. Essas declarações absurdas repercutiram muito mal entre os sobreviventes e seus descendentes, claro, e incomodaram o primeiro-ministro, Shinzo Abe.
Há exatos 64 anos, às 8h15 do dia 6 agosto de 1945, a bomba "Little boy" foi lançada sobre a cidade de Hiroshima, matando instantaneamente cem mil pessoas. O local de 350 mil habitantes tinha um porto militar insignificante. Não havia necessidade para o ato. O Japão já estava derrotado, sem condições para a continuidade da guerra, com fábricas militares destruídas. E o sr. Kyuma vem com um papo desse!
Do outro lado, onde o império sempre atira primeiro e pergunta depois - quando pergunta -, as justificativas são igualmente doentias. Ao longo dessas seis décadas do lançamento das duas bombas pelo governo dos EUA, é cada vez mais repudiante a conversa dos americanos para esse genocídio.
Theodore "Dutch" J.Van Kirk, era major-aviador do avião Enola Gay, bombardeiro B-29 que lançou a coisa. Não tenho certeza se já morreu. Se não, deve estar com mais de oitenta anos. Do alto da sua senilidade arrogante, sempre que era entrevistado, "Dutch" manifestava não se arrepender do que fez, e dizia que passou um bom tempo se preparando para o momento, e que "foi uma das missões mais fáceis" da sua vida. Esse senhor do voo da morte, vivia, ou ainda vive, em um luxuoso asilo na Geórgia, lustrando as 15 Medalhas Aéreas que ganhou após a "missão". Deve receber sempre a visita do tal ministro japonês para um chazinho verde com cookies...
O bombardeio sobre o Japão foi o maior ataque terrorista da história. No mínimo 50 vezes mais letífero que o 11 de setembro de 2001. Muitas imagens dos efeitos do cogumelo de fogo ficaram na lembrança de todos. Imagens como essa do garotinho chorando entre os destroços. Garotinho, que ironicamente é a tradução literal do nome da bomba.
Vinicius de Moraes traduziu bem o que resultou da estupidez humana em seu poema "Rosa de Hiroshima", que Gerson Conrad, do grupo Secos e Molhados, musicou em 1973:
Pensem nas crianças
mudas telepáticas
pensem nas meninas
cegas inexatas
pensem nas mulheres
rotas alteradas
pensem nas feridas
como rosas cálidas
mas oh não se esqueçam
da rosa da rosa
da rosa de Hiroshima
a rosa hereditária
a rosa radioativa
estúpida e inválida
a rosa com cirrose
a anti-rosa atômica
sem cor sem perfume
sem rosa sem nada.
Grande Nirton Venâncio, fotógrafo, cineasta, que ainda não conheço pessoalmente, mas que já tinha ouvido falar sobre desde o tempo do jornal Nação Cariri.
ResponderExcluirBem-vindo, Venâncio ao "Covil", como costuma dizer o escritor e membro deste blog, Zé Flávio.
Muito bem lembrado. Alguns colonizados daqui se esquecem do maior ato terrorista da História.
ResponderExcluirCaro Rafael, obrigado pela boa recepção neste maravilhoso "covil".
ResponderExcluirQualquer dia desses a gente encontra!
Um grande abraço!
Darlan, é preciso está sempre lembrando a História.
ResponderExcluirUm abraço!