Onze e vinte e três
Aquele homem
Que atravessa a faixa de pedestre
Tem um espelho fixado na alma
Ele atravessa o tempo
Sondando o que permanece
E se consterna com a não existência
Os carros resfolegam
Repousando a compactação dos ferros
Sobre a ambigüidade do asfalto
Dos seus bolsos caem
Todas as letras do alfabeto e outras
Inventadas ainda na grande noite
Como rastros elas
Procriam esfinges que procriam
Enigmas que procriam disjunções
Ele vai descer a São Pedro
Vai subir a São Francisco e pegar a
Todos os Santos e vai chegar aos céus
Lá ele dirá que
O seu maior pecado foi sentir prazer
Vendo sua mulher em sodomia com outro
Lá ele receberá
Como fardo ordenhar as locomotivas
E decifrar a profecia dos trilhos
Eis que ele passa
Carregado de reflexos e fuligens
Arando a sua prematura inocência
Marcos, que prazer ler tua poesia tão burilada.
ResponderExcluirCom afeto,marta.
"ordenhar as locomotivas
ResponderExcluirE decifrar a profecia dos trilhos"
Meu camarada e meu irmão,
um forte abraço.
Lindos versos Marcos. O tempo que passa sem pisar por aqui evoca um silêncio de tua personalidade poética, que por sinal nos faz tanta falta.
ResponderExcluirAbraços poeta!
Valeu, Marta,
ResponderExcluiragradeço o comentário ao mesmo tempo que sinto mais forte para a próxima.
abraços
Domingos,grande poeta,
ResponderExcluira poesia é responsável por muitas coisas em nossas vidas, meu irmão.
abraços
Sávio, poeta da intimidade,
ResponderExcluiragradeço muito a sua generosidade, estamos no front sempre.
abraços